segunda-feira, 26 de maio de 2008

"IRONMAN" : A SUPERAÇÃO HUMANA !!! - James Pizarro


A competição mundial, denominada "IRONMAN BRASIL 2008, realizada no mar de Canasvieiras e nas estradas e ruas de Florianópolis, é a única seletiva da América Latina para o Mundial que é realizado no Havaí. A competição consta de três provas consecutivas de 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,1 km de corrida (maratona).
Foi realizada na manhã de 25 de maio (domingo) e contou com a presença de 1800 atletas de todo o mundo. Os hotéis e pousadas de Canasvieiras e Jurerê Internacional ficaram lotados, o que deixou cerca de um milhão de dólares dos atletas e turistas nos cofres catarinenses.
A brasileira Fernanda Keller, triatleta de 44 anos, garantiu sua terceira vitória consecutiva, enquanto o argentino Eduardo Sturla foi o vencedor masculino, repetindo sua façanha de 2001, quando também venceu a prova.
Tive a oportunidade de assistir a maratona, pois parte dela passou pela rua Madre Madre Maria Villac, em Canasvieiras, onde resido. Atletas com pernas mecânicas, atletas obesos, um atleta de 72 anos, etc...foram alguns dos exemplos que me emocionaram muito. Nos dias anteriores à prova convivi por momentos com alguns deles, que tomavam banho de sol e nadavam na praia de Canasvieras, em frente ao Hotel Lexus, onde eles estavam hospedados. Um deles, venezuelano, com o qual conversei muito tirou o lugar número 23 (infelizmente, não guardei seu nome); um francês, chamado Sanson Benjamin, tirou segundo lugar. Travei contato, bati fotos e conversei muito foi com a delegação do Peru, composta de mais de 20 atletas. Eles ficaram muito curiosos e surpresos quando, ao me apresentar, disse que meu nome era Pizarro...pois Francisco Pizarro é nome nacional na sua pátria, pois foi o conquistador do Peru, estando enterrado na catedral de Lima.
Enfim, foi um domingo diferente, que levou o nome de Florianópolis para todo o noticiário esportivo mundial.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ENQUANTO A TAINHA NÃO VEM, EU APRENDO COM O "BILICO"...- James Pizarro



Tenho ouvido muito os pescadores enquanto esperam a chegada da tainha. Tenho conversado muito com os motoristas, cobradores e funcionários dos terminais de ônibus de Canasvieiras. Tenho falado e ouvido ainda mais os homens de rua...o gari, o bicheiro, o cambista, o motorista que faz remix (contrata corridas), o motorista que faz "rent a car" (aluga seu carro para o turista)...Tenho falado e ouvido muito os profissionais da praia...os vendedores de "choripan" (pedaços de carne dentro de um pão com temperos), os vendedores do "churrasco grego" (uma verdadeira montanha de bifes enfiados num eixo e que vão sendo cortados de fora para dentro, enquanto são assados por chama a gás), os vendedores de camarão à milaneza no espetinho, os vendedores de cocadas e rapaduras, as vendedoras de roupas femininas, os vendedores de redes e toalhas, os vendedores de picolés/cervejas/refrigerantes, os entregadores de panfletos, as mocinhas que agenciam passeios de escunas...
Enfim...toda uma megaestrutura de profissões alternativas, adeptos da economia informal, que sobrevivem graças ao turismo e aos turistas desfila diariamente diante de meus olhos. E o que me agrada é que, com o tempo, já me tornei um "igual"...um amigo...um "gaúncho" que se enamorou da ilha...não sou mais considerado um estranho.
Já aprendi centenas e centenas de expressões e palavras novas. Tratei de memorizá-las, pois tenho de me deixar aculturar. Tenho de aprender os falares desta ilha mágica, que enfeitiça mesmo quem se deixa submeter a seus encantos.
Dia destes, ouvi uma dissertação do "Bilico", um velho pescador que ficou meu amigo, sobre as diferenças entre "canoa de voga", "canoa bordada" e "canoa borda lisa". Quanta sabedoria prática ! Quanta cultura popular ! E cada dia vou recebendo de todos eles, como bom noviço, uma aula sobre a vida catarina, tão ricamente impregnada de mar. Fiquei até a pensar se um estudante universitário de Oceanografia, com seus mestrados e doutorados, saberia entender o que eles falam...
E enquanto ouvia o "Bilico" falar, fiquei e me lembrar de uma frase pinçada de um artigo do velho poeta Manoel Bandeira, constante no "Dicionário da Ilha" escolhida pelos autores do mesmo (Fernando Alexandre e Andrea Macedo) :
" A vida não me chega pelos jornais nem pelos livros, vinha da boca do povo, língua certa do povo porque ele é que fala gostoso o português do Brasil "
Como eu gostaria de proporcionar um estágio a alguns santa-marienses letrados e seus "esses" e "erres" pernósticos, para que eles conhecessem bem o que é povo...E como o povo é simples, feliz, sincero....sem afetações, sem vaidades, sem onipotências...
Graças à generosidade de Deus, estou conseguindo me deixar entranhar cada vez mais de simplicidade...da pureza dessa gente. Só agora consegui entender uma coisa óbvia, que em 65 anos de vida eu não tinha entendido : o porquê de Jesus Cristo não ter escolhido nenhum fariseu rico, nenhum filósofo, nenhum religioso letrado para apóstolo ! A maioria dos apóstolos ele foi buscar entre esta gente do mar.
Se Jesus Cristo hoje descesse aqui na praia e me pedisse alguma indicação para apóstolo, sem pestanejar eu indicaria o meu amigo pescador "Bilico".
"Bilico" ainda não perdeu o dom do mistério...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

MERCADO PÚBLICO MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS - James Pizarro

Quem visita Floripa tem a obrigação de conhecer o Mercado Público Municipal, uma jóia de arquitetura e de importância histórica. Já o conhecia apressadamente, de outras viagens. Mas agora, com mais vagar, na condição de morador daqui, me sinto à vontade para investigar cada pedaço, saber de suas histórias, de seus habitantes lendários, de suas bancas famosas, de seus frequentadores assíduos. Pode-se fazer todo tipo de compras lá. Existem 122 boxes que vendem roupas,utensílios,cerâmica, artesanato,trabalhos em palha e em vime. Também se pode comer qualquer tipo de fruto do mar. Mexilhões, ostras, camarões, tainhas,etc...há de tudo e para todos os gostos. É obrigatória a visita à "Banca 34", famosa mundialmente, pois todas as figuras famosas (artistas, cantores, músicos, políticos) que frequentam a cidade são levadas nessa banca para tomar sua bebida e provar da culinária típica da ilha.
O atual mercado foi construído em duas etapas : a primeira, em 1889, que contava com apenas uma ala; a segunda, em 1915, quando se construiu a segunda ala em cima de um aterro,assim como as torres e as pontes que as interligam e o vão central.
Por volta das 8:30h do dia 19 de agosto de 2005, um violento incêndio destruiu toda a área interna da ala norte do Mercado Público. A ala foi reconstruída e hoje a prefeitura municipal quer fazer licitação para que os novos boxes possam ser ocupados, enquanto os antigos ocupantes (de antes do incêndio) lutam na justiça pelos seus direitos. A maioria deles têm inclusive os recibos de compra dos boxes.
A comerciante Marlene Mansur, dona do Bazar Mansur, o box mais antigo em funcionamento, mostra para todos o recibo de compra do local feito em 1947, pelo seu pai, Gideão Mansur.
A polêmica promete vários lances na justiça...