quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Projeto Canção Nua: A Lista, de Oswaldo Montenegro

O ENSINO NA BANANOLÂNDIA - James PIZARRO

  Artigo publicado em 05/03/2015, na coluna "Opinião", página 2, jornal A RAZÃO, Santa Maria, RS.
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                                    Há muitos anos, quando pais eram chamados na escola por problemas disciplinares  ou falta de aproveitamento escolar de um filho, ocorria uma espécie de hecatombe familiar causada pela vergonha que o fato causava aos pais. Os pais davam total razão ao professor e direção da escola. O filho levava um castigo exemplar.  E ninguém ficava com trauma psicológico.
                                   Hoje,  nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, é proibido reprovar o aluno que – desta forma – chega analfabeto e sem saber as quatro operações à quinta série.  Numerosos  alunos  são consumidores de drogas, às vezes dentro da própria escola. E alunos  consomem bebidas alcoólicas nos bares das proximidades do colégio. Dezenas de professores são ameaçados e agredidos por alunos pré-adolescentes. Meninas brigam entre si na frente da escola e tudo é filmado e colocado nas redes sociais.
                                   Quando uma mãe é chamada hoje na escola, na maioria das vezes ela se posiciona frontalmente contra a professora e não raro exige a sua demissão ou substituição. O hábito é sair em defesa do filho infrator, que vai se sentir “protegido” por quem lhe devia impor sanções e limites. A professora, intimidada e humilhada pelos baixos salários, muitas vezes necessitando do emprego, se rende. Ou entra em licença para tratamento médico. Ou pede demissão  e troca de atividade.
                                   Há muitos anos, nos meses finais do então chamado Segundo Grau (Científico ou Clássico), os professores e alunos se reuniam para churrascos, jantares, excursões que marcavam a despedida próxima. Jogos, sessões de fotos, amigos secretos. Os alunos das décadas de 60 e 70 possuem dezenas de fotos de suas turmas, colegas e professores em seus álbuns, muitas delas reproduzidas nas redes sociais de hoje. No último dia de aula endereços eram trocados. Os alunos choravam diante da escola pois sabiam que ali jamais voltariam como alunos.
                                  Hoje, falam mal da escola na qual estudaram. Picham seus muros e banheiros. Atiram ovos podres e bexigas de urina na porta de entrada.  
                                  Certamente eles sofreram influência de um importante político que adora dizer que não precisou estudar. Diz nas entrevistas que detesta ler. E que tem orgulho da mãe analfabeta. 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

HUMILDADE DE QUARESMA - Pe. Haroldo

HUMILDADE DE QUARESMA
Sobre humildade extrema (ou amor completo) dos livros de Inácio de Loyola, só posso escrever. Mas não posso praticar. Tenho amigos que praticam este tipo de amor e humildade.
Humildade ou amor é o mais perfeito de todas as virtudes. Consiste em escolher, sendo igual louvor e serviço de Deus, antes pobreza com Cristo pobre do que riqueza, opróbrios com Cristo desprezado do que honra; desejar mais ser tido por louco com Cristo, que primeiro foi tido como tal, do que ser tido por sábio; e isso para imitar mais de perto a Cristo Nosso Senhor e mais se assemelhar a Ele.
Recordemos as palavras de Jesus Cristo quando nos chamava para a sua Bandeira de Amor, assegurando-nos a certeza da vitória. Esta, com efeito, é segura por meio desse amor que nos põe fora do perigo constante das riquezas, as honras e tudo o que afaga a nossa natureza. Além disso, somos também elevados a todas as virtudes até o heroísmo, numa vida de abnegação e de sacrifício contínuo, numa vida de pobreza e humilhação, supondo igual glória e serviço a Deus.
O homem que chega a humildade verdadeira tem a cruz no coração e abraça todo o que é cruz sem demora, com ardor e alegria. Goza nos trabalhos e dores que Deus lhe envia, e renuncia sem titubear a tudo que pode ser prazenteiro à natureza. Se a conveniência ou dever do seu estado quiser que use das criaturas agradáveis à natureza, usará delas, só porque Deus o quer, e não para satisfazer suas naturais inclinações. Ester, vivendo no palácio, dizia a Deus: “Vós sabeis, Senhor, que vossa serva não tem tido prazer algum nesta pompa real”.
São João da Cruz conhecia muito bem a doutrina de humildade, pois, como recompensa de seus trabalhos, pedia a Deus nosso Senhor o sofrimento e a humildade.
Ouçamos esse sublime contemplativo em sua Subida ao Carmelo, em que consiste a prática da humildade: “Que a alma procure sempre, não o mais fácil, mas o mais difícil, não o mais saboroso, mas o mais amargo; não o que agrada, mas o que desagrada; não o repouso, mas o trabalho; não desejar o mais, mas o menos; não querer alguma coisa, mas não querer nada; não procurar o melhor em todas as coisas, mas o pior, desejando entrar pelo amor de Jesus Cristo num total desprendimento, numa perfeita pobreza de espírito e numa renúncia absoluta com respeito a tudo o que há no mundo. Cumpre abraçar estas práticas com toda a energia possível, e sujeitar a elas a vontade.”
Apesar do que escrevi, a atitude mais perfeita não é, necessariamente, a mais difícil, mas a que mais plenamente coincide com a “Vontade Divina”.

Jesus é tudo o que Deus nos queria dizer. Todo o Antigo Testamento prepara a encarnação do Filho de Deus. Todas as promessas de Deus encontram em Jesus o seu cumprimento. Ser cristão significa unir-se cada vez mais profundamente à vida de Cristo. Para isso é preciso ler e viver os evangelhos. Madeleine Delbrêl diz: “Através da Sua Palavra Jesus, Deus no Espírito diz-nos quem Ele é, e o que quer. Quando temos o nosso Evangelho nas mãos, devemos considerar que aí habita a Palavra que Se tornou Carne para nós e nos quer atingir para recomeçarmos a Sua vida num novo lugar, num novo tempo, num novo ambiente humano”. Quer dizer em nós!
LEMA
“Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”. (Mt 6, 10)