segunda-feira, 25 de março de 2019

MUITO OBRIGADO, MESTRES ADORÁVEIS ! - JAMES PIZARRO (pág 4, DIÁRIO de S. MARIA, edição de 26.03.2019)

Nos bancos do MANECO tive a sorte de ter sido preparado, nos anos 60, por um conjunto de notáveis professores que transformaram aquela escola – à época - no estabelecimento escolar padrão do Rio Grande do Sul. Relembro hoje, com carinho, de alguns deles.
O Dr. Paulo Lauda foi meu fabuloso professor de Química Orgânica ! Médico, formado na Universidade Federal do Paraná (a primeira Universidade brasileira, fundada em 1912), clinicava em Santa Maria e tinha grande militância política. Foi eleito Prefeito Municipal pela sigla do antigo PTB. Foi professor de Dermatologia do Curso de Medicina da UFSM, onde foi - por várias vezes - escolhido paraninfo e homenageado das turmas de formandos, tal a admiração que os alunos nutriam por ele. Ela dava sempre aula no último período, que terminava às 12:30h. Muitas vezes ele me ofereceu carona até minha casa, em seu carro DKW vermelho e branco. Tempos depois, durante muitos anos foi presidente do ATC-Avenida Tênis Clube. Na época de verão, depois de assinar a papelada na secretaria do ATC, sentava-se numa mesa ao lado da piscina para tomar seu whisky. Já casado, formado, muitas vezes lhe fiz companhia nessa mesa para papos intermináveis e grandes recordações.
O mestre Constantino Reis foi professor de Física do Maneco, recém-transferido da cidade de Cruz Alta por perseguição política devido à altercação mantida com um aluno, filho do Delegado de Polícia daquela cidade. Uma vez em Santa Maria, Constantino Reis também fez o curso de Engenharia Civil na UFSM. Fundou, deu aulas e dirigiu até o Curso Pré-vestibular Constantino Reis, situado à rua dos Andradas, logo abaixo da avenida Rio Branco. Com notáveis recursos didáticos, foi notável professor de Física. O professor Constantino notabilizou-se pelo uso que didático que fazia do quadro-negro, com caprichosos gráficos e elucidativos cálculos demonstrados em minúcias. Nunca vi outro professor fazê-lo igual.
O mestre Edgar Libino Koekner talvez tenha sido um dos mestres que mais influência teve na minha formação, pois sempre nutri verdadeira admiração por sua cultura e inteligência. Fui seu aluno de Francês durante três anos. Ficava fascinado por sua extraordinária memória e sua cultura geral. É de sua autoria essa frase que sempre repeti aos meus alunos : "A memória é esta incrível faculdade que só possui uma propriedade : a de esquecer as coisas que aprendeu". E o Edgar nos ensinava então que, "para não esquecer, só há um método : a técnica da repetição". Uma figura inesquecível !
O professor Adelmo Simas Genro foi meu professor de Português e de Francês. Talvez tenha sido o professor com o qual mais intimidade tive pelo fato de conviver quase diariamente com toda a sua família. Carlos Horácio Hertz Genro, seu filho médico, radiologista, foi meu colega nas quatro séries do Primeiro Grau e nas três séries do Segundo Grau, isto é, durante sete anos sentamos lado a lado, na primeira fila de carteiras da sala, pois as carteiras eram para dois alunos. Adelmo morreu quando se recuperava de uma cirurgia feita em Porto Alegre e deixou muita saudade. Seu nome é lembrado pela Câmara de Vereadores numa de suas dependências. E também o estúdio principal da então Rádio CDN, hoje Rádio Antena UM, dirigida pelo amigo Paulinho Ceccin recebeu o nome do Adelmo.
A professora Tereza Grassioli foi a melhor professora de Botânica que tive em toda a minha vida e uma das responsáveis por ter feito vestibular para Agronomia e ter me transformado em professor de Biologia. Dava toda a matéria, desde Citologia e Histologia, passando pela Fisiologia, Organologia e indo até à Sistemática ou Taxonomia Vegetal. Sabia, como ninguém, fazer fantásticos e maravilhosos desenhos de Angiospermas e Gimnospermas no quadro-negro. A partir de 1967, já formado e dando aulas na UFSM, fui seu colega no Departamento de Biologia da UFSM, onde ela exerceu a chefia, sucedendo aos professores Dr. Romeu Beltrão (médico) e Dr. Armando Adão Ribas (Engenheiro Agrônomo). Notável professora !
A professora Maria Antunes Bernardes morava com a mãe e irmãs numa antiga casa, situada entre a avenida Rio Branco e rua André Marques, quase ao lado da residência de Dom Luiz Victor Sartori, bispo diocesano à época. Foi minha professora de Português e Literatura Brasileira. Ministrava encantadoras aulas sobre o Barroco, Realismo, Romantismo, Modernismo, etc...Seu irmão, Sérgio Carvalho Bernardes, foi professor de Geografia e Pró-reitor de Graduação da UFSM. "Mariazinha", como era carinhosamente chamada por todos, casou-se com Nevaldo Sanger, plantador de arroz em Uruguaiana. Ambos morreram, com apenas uma semana de diferença.
Infelizmente, não posso escrever sobre todos os queridos professores que – qual cachoeira – brotam e explodem sem parar da minha memória. Meu carinho é imenso por todos eles. Tiveram influência tremenda na formação da minha personalidade e da minha cidadania. Influenciaram nos rumos da minha vocação.
Sou eternamente grato a todos eles !

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