segunda-feira, 16 de novembro de 2020

JORGE ADAIME

O personagem que relembro com imenso carinho hoje foi amigo dos meus pais e do meu sogros durante mais de meio século, seguramente. Eu mesmo tive o grande prazer de ser amigo pessoal, vizinho e inquilino, quando meus filhos eram pequenos, pois morei cerca de dez anos num apartamento de sua propriedade à rua dos Andradas. Estou me referindo a Jorge Adaime, filho de Elias Adaime e Amaly Bered Adaime, imigrantes libaneses. Uma curiosidade : apesar de terem morado na mesma rua em Beirute, Elias e Amaly – pais de Jorge Adaime - se conheceram apenas em Santa Maria, onde vieram a casar. Além de Jorge Adaime, o casal teve mais três filhos : José, Emil e Linda Adaime, todos já falecidos. Jorge Adaime nasceu eu 12 de março de 1926 e morou muitos anos na rua Silva Jardim, com seus pais e irmãos, onde o pai Elias tinha depósito de bananas. Estudou no colégio São Luis e Marista Santa Maria, onde formou se contador (técnico em contabilidade) pois sempre teve muita facilidade na lida com números. Ainda jovem lecionava matemática financeira em aulas particulares na sua casa, para interessados em prestar concursos. UMA VIDA DEDICADA AO BANCO Foi funcionário graduado no Banco do estado do Rio Grande do Sul, onde era representante de Letras de Câmbio (títulos ao portador) . Isso o fazia transitar por toda a cidade entregando os títulos vendidos e, com isso, conhecendo muitas pessoas e as ruas de Santa Maria como ninguém, à época. Foi um dos fundadores da sociedade Recreativa Banrisul, em Itaara, lugar aprazível que possui uma cascata e hoje serve de espaço de lazer a todos os associados bancários do Banrisul. FAMÍLIA Jorge Adaime casou-se com Lecy Maria Bohrer Adaime em 1954 e teve quatro filhos: Roberto Bohrer Adaime (falecido em 2012) , veterinário do Serviço de Inspeção Federal; Vera Regina Bohrer Adaime, professora de matemática do município de Santa Maria, aposentada; Jorge Adaime Filho, advogado, vinculado à Advogacia Geral da União, prestando serviços na UFSM e Martha Bohrer Adaime, professora do departamento de Química da UFSM, no momento atuando como Pró- Reitora de Graduação. Teve 8 netos, dois quais 5 residem em Santa Maria e os demais fora da cidade, todos profissionais atuando em suas áreas. VIDA COMUNITÁRIA Amante de uma boa leitura, discutia economia e política em todos os espaços que frequentava, além de conhecer muito bem a história de Santa Maria. Apaixonado pelas rodas de conversa com amigos no calçadão Salvador Isaia ou em frente ao Clube Caixeral, onde os assuntos principais eram economia, política e o mercado imobiliário na cidade. Tinha paixão por aquisição de imóveis de baixo valor, os quais reformava e locava ou usava os terrenos para construção de pequenos residenciais. Foi tesoureiro do Internacional de Santa Maria na década de 1950, na gestão do Dr. Sfredo. Exerceu o cargo de Secretário de Finanças do Município de Santa Maria na gestão do prefeito Heitor Campos, de 1952 a 1955. Gostava de viajar à Buenos Aires e Montevideo, mas tinha a prioridade de proporcionar o veraneio da família em Capão da Canoa, todos os anos e eventualmente passeios na serra gaúcha , Porto Alegre e Uruguaiana, para compras em Passo de los Libres. UM HOMEM DE BEM Tive a oportunidade de conviver com todos os membros da família Adaime. Muitas vezes, inclusive, frequentei a casa do Jorge para almoços e aniversários, onde tive o prazer de saborear pratos árabes. A saudosa D. Lecy sempre cumulou de gentilezas minha mulher e meus filhos quando pequeninos. As filhas Martha e Vera Adaime foram alunas de piano da minha sogra Edith Grau Souza, filha do maestro e compositor Oscar Grau. Quando decidi escrever sobre meu amigo Jorge Adaime, patriarca da família toda, falei muito com a Marthinha e ela, entre outra coisas, muito emocionada assim se referiu a seu pai : “ Meu sentimento como filha caçula é de que meu pai era zeloso da família, preocupado com o futuro e escolhas profissionais dos filhos e filhas, extremamente trabalhador e honesto. Se dizia ateu, mas praticava a melhor religião de todas, fazer o bem e estender a mão a quem precisava.” Meu amigo Jorge Adaime, um homem de bem, faleceu em 31 de agosto de 2000, devido a complicações cardíacas que lhe geravam edemas pulmonares sequenciais.

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