Quando
terminei o então chamado Curso Ginasial no MANECO, no final da década de 50,
sete colegas meus de turma foram para Porto Alegre prestar exames no CFO da
Brigada Militar, pois naquela época cursavam o então Científico na própria
academia de BM junto com todas as demais disciplinas militares. Assim é que,
através de cartas, relatos orais quando das férias, visitas minhas aos antigos
colegas no Curso de Formação de Oficiais (CFO) em Porto Alegre, tornei-me um
grande admirador da Brigada Militar. Poderia citar o nome de todos eles,
coronéis aposentados, amigos que somos até hoje.
Vereador
na legislatura de 1988/1991 sempre usei a tribuna para lembrar datas especiais
à história da briosa Brigada Militar e, muito principalmente, para defender
brigadianos quando julguei – por razões que não quero lembrar para não ferir
suscetibilidades – injustamente atacados e até caluniados. Sempre fui sensível
ao tipo de trabalho viril e corajoso de combate ao crime desenvolvido pela
corporação (entre outras atividades) e a falta de quem lhes defendesse em
situações de crise.
Durante
quase duas décadas atuei como voluntário da PACTO-Pastoral de Auxílio ao
Toxicômano e FSJ-Fazenda do Senhor Jesus e por muitas vezes, familiares de
dependentes químicos tiveram de se socorrer dos préstimos da Brigada Militar
para poder conter um dependente para evitar agressões físicas aos parentes
idosos, demolição dos móveis da casa e até mesmo situações que beiravam risco
de vida de parentes ou do próprio usuário. Nestas horas dramáticas, quando
chamados, a BM com toda cautela e preparo soube tratar o usuário realmente como
um doente, sem agressões, e ajudar a família a interna-lo. Este trabalho
raramente chega ao conhecimento da comunidade.
Durante o
governo Alceu Collares, a pedido do governador eu fui cedido com ônus total
para a UFSM para exercer o cargo de dirigente da FZB – Fundação Zoobotânica do
Rio Grande do Sul. Fui para Porto Alegre numa missão de sacrifício, pois “ônus
total para a UFSM” significa que fui ganhando apenas meu salário de professor
da UFSM, que me ofereceu apenas um apartamento no Hotel de Trânsito dos
Oficiais da Brigada Militar, situado dentro do Clube Farrapos, ao lado do
Jardim Botânico, onde ficava a administração da FZB-RS. Detalhe : eu pagava
pelo apartamento do meu salário. Contei este detalhe apenas para relatar que
neste período em que morei sozinho neste hotel tive a oportunidade de conhecer,
conviver e me tornar amigo de quase todos os oficiais da Brigada Militar do RS.
Por isso me sinto tão próximo a esta categoria.
Jamais
escrevo sobre política, futebol e religião. Apesar de ancião, gozo de boa
memória. !E por isso tenho feito memorialística no jornal, procurando registrar
coisas da cidade, fazer justiça a certas pessoas, entidades e reviver
episódios. Ou então, vez por outra, exercer o devaneio de um lirismo
desenfreado quando a emoção toma conta de mim. Mas nos últimos dias, tenho
ficado chocado com a sucessão de morte de homens da Brigada Militar.
Cheguei às
lágrimas há poucos dias quando vi e ouvi na TV a notícia de um soldado da BM de
apenas 26 anos que foi metralhado por bandidos. Toda semana escorre o sangue
brigadiano pelas avenidas e ruas do solo gaúcho. E eles continuam a fazer seu
trabalho com garra, determinação, coragem, destemor. Apesar do salário não
condizente com o tipo de trabalho de tamanha periculosidade. Por isso resolvi
sair dos meus temas prediletos e escrever hoje sobre a Brigada Militar. É
preciso que alguém diga, fale, grite que vocês são importantes, sim ! Que vocês
são heróis, sim ! Que vocês merecem o respeito de todos ! Infelizmente, não
tenho poder algum para lhes recompensar, mas já ensinei meus descendentes a ter
o maior respeito por vocês ! A Brigada Militar talvez seja a entidade mais
gloriosa e séria do RS ! E como tal deve ser respeitada !
Que Deus
proteja a vida de todos vocês !
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