Esquina
da Madre Maria Villac com a Hypólito Gregório Pereira, Canasvieiras.
Sorveteria
Napoli com seus inigualáveis sorvetes de fabricação caseira.
Final de tarde.
Calor insuportável. Sorveteria ao ar livre cheia.
Amigos de
sempre reunidos. Jogando conversa fora.
Balancete do
dia. Comentários sobre os passantes.
Foi quando ela
chegou. Passos mansos. Voz imperceptível.
Magrinha. Dez
anos no máximo. Mulatinha bem vestida. Roupas modestas.
Trazia umas
balas de goma nas mãos. Que vende para ajudar a mãe.
Ninguém da mesa
lhe ouviu. Nem ao menos respondeu.
Foi quando seus
olhos bateram no fundo dos meus.
E ela sussurrou
: "Me paga um sorvete, tio ?"
Um dos amigos,
argentino de permanente mau humor, me disse que não pagasse nada.
O outro, cínico
e insensível, falou que eu era do "tipo Papai Noel" e que pagaria.
O terceiro
amigo ficou quieto.
Chamei o
Vorlei, gerente da Sorveteria Napoli àquela época. E autorizei a despesa.
A menina magra
de olhos tristes serviu-se de duas fartas bolas de sorvete.
E sorriu para
mim. Sorriso de agradecimento. E de felicidade.
Lembrei de
Mateus, capítulo 25 : "Tudo que fizeres ao mais humilde dos pequeninos, é
a Mim que o fazeis".
Engraçado...a
gente pode cumprir preceitos bíblicos até na hora do sorvete.
É fácil ser
generoso. Repartir. Cultivar a sensibilidade.
Para não ficar
com o coração frio. Feito sorvete.
Mas aqueles
meus amigos não sabiam disso.
Meus amigos não
sabiam da necessidade premente de se acreditar no sonho.
É preciso sonhar.
Sempre. E jamais perder a capacidade da misericórdia. Da caridade.
Insistir. Persistir. Jamais desistir.
Mesmo que ardam os olhos.
Que as retinas fiquem embaçadas.
Olhos esfumaçados pela catarata.
É preciso sonhar. E ver com a alma.
Mesmo que os ouvidos percam sua percepção.
Que o som fique distante. Conturbado.
É preciso sonhar. E ouvir com o coração.
Mesmo que as pernas fiquem cansadas.
Os passos claudicantes. E os tropeços iminentes.
É preciso sonhar. Prosseguir andando. Com a musculatura da fé.
É preciso sonhar. Quem perdeu a capacidade do sonho está morto.
Está podre. Fede.
E atrapalha a Vida.
É impossível sobreviver sem sonhar.
Insistir. Persistir. Jamais desistir.
Mesmo que ardam os olhos.
Que as retinas fiquem embaçadas.
Olhos esfumaçados pela catarata.
É preciso sonhar. E ver com a alma.
Mesmo que os ouvidos percam sua percepção.
Que o som fique distante. Conturbado.
É preciso sonhar. E ouvir com o coração.
Mesmo que as pernas fiquem cansadas.
Os passos claudicantes. E os tropeços iminentes.
É preciso sonhar. Prosseguir andando. Com a musculatura da fé.
É preciso sonhar. Quem perdeu a capacidade do sonho está morto.
Está podre. Fede.
E atrapalha a Vida.
É impossível sobreviver sem sonhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário