terça-feira, 24 de setembro de 2024

SANTA DERCY - James Pizarro (crônica para DIÁRIO, edição de 24.9.2024).

Fugitiva de casa ainda adolescente. Artista circense. Humorista. Atriz. Comediante. Teatro rebolado. A única mulher brasileira que se assumiu tal qual era. Sem fazer uma única concessão comportamental ou de linguagem. Enfrentou a família. A escola. Os patrões. Encarou os inimigos. E os pretensos amigos. Jamais aceitou ser sustentada por alguém. Lutou pela sua independência. E pagou caro por isso. Berrando e reagindo às acusações de prostituta. Acusada de desmiolada. Grosseira. Desbocada. Linda, quando moça. Vaidosa, depois de velha. Jamais se deixou fotografar sem a peruca. Implorava trabalho. Pois detestava estar desempregada. Não acumulava tensões. Dizia o que queria. Quando irritada ou humilhada, chamava o interlocutor de FDP. E quando criticada, sempre afirmava estar c... e andando prá crítica. Viveu 101 anos por ser justamente assim. Sem mordaças. E sem falso puritanismo. Dercy, mulher sem censura. Dercy, mulher sem hipocrisia. Já entrou no céu passando a mão nas nádegas de São Pedro. E chamando os anjos de frescos. Viva fosse, o que diria Dercy do Petrolão? Mensalão? Lava Jato? O que diria das autoridades que desviaram dinheiro das creches e das merendas escolares? O que diria dos milhares de viadutos, pontes, escolas, hospitais, rodovias, ferrovias, aeroportos INACABADOS neste país e nos quais foram gastos bilhões de reais? O que diria dos mais de 50.000 assassinatos anuais no país, a grande maioria impune? O que diria das quase 60 mortes que deixam nossa Santa Maria perplexa e famílias destruídas ? Santa Dercy... ROGAI POR NÓS !!!

terça-feira, 27 de agosto de 2024

RUMO À RESSUREIÇÃO, COM D*ALESANDRO ! - James Pizarro (crônica no DIÁRIO, S. Maria - 27.8.2024)

RUMO À RESSUREIÇÃO, COM DALESANDRO ! Sou colorado desde que me conheço por gente. Tive coleções de flâmulas e de bandeiras. De reportagens e de fotos dos grandes craques. Participei, na adolescência, de campeonatos de futebol de botão junto com colegas do MANECO (Paulo Gilberto Coelho, meu amigo “Paco”, do Banco do Brasil, era um deles). Lembro dos nomes dos jogadores do time : La Paz, Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Chinezinho. Conheci o velho estádio dos Eucaliptus. Acompanhei a doação da área de água do Guaíba que o Inter recebeu para que ali pudesse construir seu estádio. Lembro da flauta e da gozação das charges das “bóias cativas”, pois os adversários diziam que iríamos jogar embaixo d’água apenas tendo como espectadores os peixes. Lembro das campanhas de doações de tijolos para construção do estádio. Depois, a grandiosa realização do sonho. Fui a alguns jogos da programação inaugural do Beira-Rio. Dezenas de vezes viajei a Porto Alegre para assistir jogos memoráveis. Fui testemunha da façanha única até hoje jamais conseguida por outro clube: ser campeão brasileiro invicto. Assim, minha família toda cresceu neste ambiente festivamente colorado. Minha mulher, formada em Educação Física, é torcedora fanática e faz álbum de coleções de figurinhas de futebol comigo e com os netos. Enfim, gostamos demais de futebol. Assinamos canais especiais de TV para que não percamos os jogos de nosso time favorito. No ano de 2016, devido a uma série de fatores – já exaustivamente examinados pela crônica especializada – nosso INTER foi pela primeira vez rebaixado para a Série B, local onde já estiveram valorosos coirmãos do futebol nacional. Ficamos chateados. Tristes. Não sou daqueles que ficam desesperados, que esbravejam, que ficam à beira de um colapso nervoso ou ficam irritados com a corneta dos adversários. Chegando aos 82 anos, encaro a vida como ela é. EM 2016 fizemos uma péssima campanha e não merecíamos permanecer na Série A. O goleiro do time foi lacônico ao ser perguntado sobre o rebaixamento : “Justíssimo”. O número de sócios começou a aumentar. Quem estava atrasado colocou as mensalidades em dia. A Oposição ganhou as eleições com 95 % dos votos. Lambemos nossas feridas. Fizemos nosso mea-culpa. E ressurgimos das cinzas. Caímos apenas a primeira vez. Estamos no Purgatório. Pois em 2024 a tragédia volta a rondar o Inter. Vamos lutar para não cair de novo. Seria ficar no Inferno. Onde outros já estiveram. Por mais de uma vez. A volta de Dalesandro ao Beira-rio enche de esperança a massa vermelha. E é certeza da nossa ressureição ! Que assim seja !

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

MEU ÓDIO CONTRA MARMELEIROS - James Pizarro (DIÁRIO - 30 de julho de 2024)

Tive a sorte de possuir uma infância com enorme pátio na minha casa. Que se continuava no pátio da casa dos meus avós, que moravam ao lado. As duas casas ficavam nos barrancos da Silva Jardim, em Santa Maria, entre as ruas Dutra Vila e Benjamin Constant. Logo abaixo ficava o arroio Cadena, enorme sanga com água corrente, com vegetação marginal formada por arbustos, ervas, grama, bananeiras, taquareiras e árvores de pequeno porte. Na água a gente ainda encontrava peixinhos. E no terreno que margeava o arroio a gente encontrava sapos. Rãs. Pererecas. Cágados. Insetos. Lesmas. De vez em quando aparecia uma cobra, que causava alvoroço entre a gurizada. Tudo isso hoje desapareceu. O Cadena, cujas nascente se encontram perto da antiga rodoviária - onde hoje existe um grande supermercado - se encontra canalizado. E tudo se transformou no que se chama hoje de "Parque Itaimbé". No pátio da minha casa tinha árvores frutíferas de várias "qualidades", como dizia minha avó. Algumas árvores de grande porte, como jacarandás, cinamomos, laranjeiras. Tinha bergamoteiras, abacateiros, limoeiros, figueiras e - coisa que nunca mais vi - até um pé de marmeleiro. Eu odiava este pé de marmeleiro porque várias surras eu tomei com os galhos arrancados dele, as populares "varas de marmelo". Eram finas, flexíveis e - depois de tiradas as folhas - ficavam saliências que produziam hematomas ardidos nas pernas. Numa enorme laranjeira, alta, frondosa, com dois galhos caprichosamente paralelos eu fiz a minha "casinha do Tarzã". Com tábuas pregadas nos galhos, tinha uma área para que duas pessoas pudessem sentar-se. E lá ficava conversando com meus amigos. Guardava algumas revistas de mulheres nuas, raridade naqueles tempos ingênuos. Trocava confidências. Ficava longe das amigas da minha irmã que costumavam bisbilhotar. Lá ficava deitado olhando nesgas de céu que apareciam por entre os galhos e folhas da laranjeira. E quando a árvore dava frutos, comia lá em cima mesmo as doces laranjas. Passaram-se os anos e vi meus netos brincando com geringonças eletrônicas. Vendo filmes e desenhos animados com monstros, brigas, assassinatos, pauladas, facadas, guerras. Eles nem sabem o que era ver um "filme de mocinho" ou de outros heróis, como Roy Rogers, Hopalong Cassidy, os irmãos Jesse James, Durango Kid, Capitão Marvel, Batman e Robim, o Homem Submarino, o mágico Mandrake. Tarzã já morreu há muitos anos. E eu nem me dei conta disso.

terça-feira, 21 de maio de 2024

MEU SANGUE ESCORRE DENTRO DAQUELAS PAREDES - James Pizarro (edição de 21.5.20224 de DIÁRIO)

O Colégio Santa Terezinha funcionou no prédio onde atualmente, devidamente reformado, funciona o Colégio Estadual Manoel Ribas. O nome foi dado em homenagem a Manoel Ribas, vulgo "Maneco Facão", que foi governador (leia-se "interventor") do Estado do Paraná durante todo o período da ditadura de Getúlio Vargas. Antes, Manoel Ribas havia ocupado o cargo de intendente de Santa Maria, tendo assumido os destinos do município em 3 de outubro de 1928. Em Curitiba - onde morei quase três anos - ao lado do "Passeio Público", tradicional área de lazer daquela cidade, funciona uma respeitável escola, também chamada Escola Estadual Manoel Ribas. Causou espanto para a população santa-mariense da época o gigantismo das instalações daquela escola. Depois de extinto o Colégio Santa Terezinha, naquele mesmo prédio foi criado o Grupo Escolar João Belém, que ali ficou até ser transferido para pavilhões de madeira construídos nas proximidades e, anos depois, definitivamente transferido para amplo prédio de alvenaria onde até hoje se encontra, entre as ruas Comissário Justo e José do Patrocínio. Depois da transferência do João Belém para as novas instalações, fundou-se o Colégio Estadual Manoel Ribas, em 10 de outubro de 1953, até hoje popularmente chamado de "Maneco". Era tal a qualidade de ensino do novo colégio, que o mesmo passou a ser conhecido, em todo o território gaúcho, pelo título de "Colégio Padrão do RS". Minha vida está indelevelmente ligada aquele prédio, pois minha mãe, Maria Silveira Pizarro, sempre chamada de "Dona Iria", foi aluna do Colégio Santa Terezinha onde, inclusive, iniciou-se no aprendizado do violino. Entre o prédio e o muro externo do Maneco, fronteira com a Rua José do Patrocínio, existe um pequeno obelisco de um metro de altura, sem placa e sem inscrição de espécie alguma, o que sempre me despertou curiosidade. Um dia, minha avó materna, Olina Correa da Luz, deu-me a explicação. Uma freira estava limpando a parte externa das vidraças do segundo andar e, desequilibrando-se, caiu de uma altura aproximada de 15 metros, vindo a falecer. O obelisco foi construído "in memoriam" exatamente sobre o local onde ficou, inerte, o corpo da infeliz religiosa. Guri curioso, precoce mesmo em relação a esses assuntos dos mais velhos, surpreendi-me muitas vezes - na hora do recreio - com o nariz esborrachado nas vidraças das janelas das salas de aula a contemplar o obelisco. Lembro que, ao entardecer dos dias nublados, eu olhava rapidamente o obelisco e tratava de sair da janela. Eu sentia apreensão, medo mesmo. Pois, na minha fervilhante e fantasiosa cabeça de guri recém entrado na puberdade, parecia que - a qualquer momento - eu iria enxergar aquela freira voando em minha direção. Sorrindo para mim. Ou me acenando ternamente. Aquele singelo monumento, até hoje anônimo para todos que ali passam, ainda está lá, já apresentando as marcas inexoráveis do tempo, este consumidor implacável de corpos, vaidades, pedras, juventude e lembranças. Voltei ao Maneco em 2017 para uma demorada visita com meu colega Luiz Fernando Bezerra (Life), que mora no RJ. Nossa turma de científico estava fazendo 55 anos de formatura. Sentamos em nossas classes na nossa sala de aula. Tiramos fotografias. Choramos abraçados. E saímos com a certeza de que um pouco do nosso sangue corre por dentro daquelas paredes.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

DR. CLÂNDIO MARQUES DA ROCHA, UMA VIDA EXEMPLAR´- James Pizarro (DIÁRIO, edição de 23.abril.2024)

Em 1963 comecei a cursar Agronomia na UFSM. E fiz meu primeiro exame na esfera federal. Fui aprovado em primeiro lugar entre mais de cem candidatos para o cargo de auxiliar administrativo do SAMDU – Serviço Médico Domiciliar e de Urgência. E lá fiquei até dezembro de 1966, quando me formei. Era chefe do SAMDU, no chamado Porto 04, situado na rua Dr. Wauthier, o Dr. Clândio Marques da Rocha, conhecido ginecologista/obstetra de nossa cidade e professor de Bioquímica da Faculdade de Medicina da UFSM. Também foi Decano do Centro de Ciências Naturais e Exatas. Natural de Santa Maria, onde nasceu em fevereiro de 1934, veio a falecer no dia 13 de abril de 2024 aos 93 anos.. Eu me tornei um grande amigo do Dr. Clândio. Conheci a dona Aury, sua esposa, E tive a oportunidade de ser professor no cursinho pré-vestibular dos seus três filhos : Tarso Marques da Rocha (médico), Tamara Marques da Rocha (Licenciatura em Letras/SMED) e Karla Marques da Rocha (Licenciatura em Educação Física e Geografia/UFSM) Iniciou suas atividades atendendo na enfermaria do Hospital de Caridade onde fez parte do corpo clínico até encerrar suas atividades. Atendeu na Casa de Saúde e também no hospital da Brigada onde foi capitão até ingressar na UFSM. No consultório atendeu 45 anos, até encerrar suas atividades, aos 70 anos. Diiplomado pela Faculdade de Medicina na Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, em 1955. Durante 45 anos, prestou atendimento no consultório na rua Acampamento, Edifício da Clínicas. Aposentou-se em 2002, aos 70 anos. Gostava de estar em contato com a natureza. Fazia acampamentos de trailer com a família toda. Gostava de pescar,, Sempre afável com todos, resolvia os problemas com serenidade e sabedoria, Durante quatro anos trabalhei direto com ele na administração do SAMDU. E durante esse tempo jamais presenciei um atrito, discussão ou voz acima do tom por parte dele. Sabia ouvir e decidir. Sempre dentro de um espírito de justiça e prudência. Quando casei em julho de 1966 (um semestre antes de me formar), o Dr.Clândio encabeçou uma lista – assinada por todos os funcionários do SAMDU – e me deram de presente uma quantidade de dinheiro que equivalia mais ou menos a 4 salários que eu ganhava. Lembro das palavras dele : “ Um recém casado precisa muito mais de dinheiro do que um presente material “. Como a lei facultava naquela época, funcionários federais tinham direito a horário especial para poder frequentar as aulas. O Dr. Clândio fez um horário especial para mim e pude terminar meu curso, trabalhando às vezes de noite e aos sábados e domingos. Sempre gentil, semanalmente me perguntava sobre o andamento dos meus estudos e aulas na Agronomia. Existem na cidade dezenas de homens chamados “Clândio” porque suas mães eram pacientes dele e o quiseram homenagear. Curiosamente, meu neto Tarso (também médico) recebeu este nome porque seu parto foi feito pelo Tarso Marques da Rocha, filho do Dr. Clândio. Como se vê, o EXEMPLO não é mais uma simples forma de educar. É aúnica. Descansa em paz, meu chefe, amigo e exemplo ! Missão cumprida.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

SANTA MARIA SOLIDÁRIA COM O VALE DO TAQUARI - James Pizarro (DIÁRIO - 12.9.2023)

O recente capítulo das enchentes no Vale do Rio Taquari, RS, abalou profundamente a comunidade rio-grandense, a ponto desse episódio estar sendo considerado a maior tragédia ambiental ocorrida em solo gaúcho em todos os tempos. Cidades varridas do mapa. Lojas destruídas. Hospitais e postos de saúde arrastados pelas águas. Milhares de residências totalmente invadidas pela lama e água. Quase meia centena de mortos e dezenas de desaparecidos dão uma ideia da magnitude do fenômeno climático. Milhares de pessoas desempregadas. Centenas de pessoas isoladas e com dificuldade de resgate pelas aeronaves governamentais e particulares. Cenas jamais imaginadas apareceram na televisão, tais como porcos e vacas isolados no telhado das casas. Centenas de cães e gatos famintos à procura de alimento e de seus tutores. O socorro do governo federal , governo estadual e prefeituras somou-se ao trabalho de milhares de anônimos voluntários que acorreram de todas as partes do Rio Grande do Sul com a intenção de trabalhar solidariamente nas zonas atingidas. O governo estadual montou e instalou no local o gabinete do vice-governador para coordenar as providências todas e evitar que o caos se instalasse. O governo federal montou hospitais de campanha. Destinou kits de saúde com medicamentos para os locais atingidos. Prefeituras estão cadastrando os atingidos porque cada familiar atingido vai receber 800 reais de ajuda do governo federal. Segundo a mídia publicou não houve um só pedido dos prefeitos e governador que não houvesse sido atendido. Mais uma vez o gaúcho dá prova de sua solidariedade nos momentos difíceis. De quase todas as cidades gaúchas partiram doações de alimentos, remédios, agasalhos e material de limpeza. Na segunda-feira (ontem) partiu da gare da Viação Férrea de Santa Maria um comboio de quase uma dezena de caminhões levando água potável, agasalhos, alimentos e material de limpeza. Tudo fruto da arrecadação feita por igrejas, clubes de serviço, autoridades e povo em geral. Quando Santa Maria foi abalada pela infeliz tragédia da Boate Kiss, o país inteiro foi solidário com Santa Maria. Com profundo senso de gratidão, generosidade e solidariedade, o povo santa-mariense fez agora o seu papel para ajudar seus irmãos do Vale do Taquari. O povo de nossa cidade está de parabéns !

segunda-feira, 31 de julho de 2023

VAMOS REZAR POR JESUS ? _ James Pizarro (DIÁRIO - 01.08.2023)

No capítulo 11 de João, encontramos o versículo 35, um dos mais curtos de toda a Bíblia: “E Jesus chorou”. Não vou pontuar aqui o momento histórico que suscitou este versículo. Mas, contextualizando para os dias de hoje e num esforço de síntese, poderia resumir dizendo que Jesus chorou - e chora até hoje - por compaixão. Jesus chorou quando, a cada dois ou três dias, uma pessoa foi assassinada nas ruas de Santa Maria com balaços na cara pelos motivos mais torpes e vis. Jesus chorou quando crianças foram abusadas sexualmente dentro de suas próprias casas ou em suas escolas, por pessoas que teoricamente deveriam protegê-las. Jesus chorou quando mulheres fragilizadas e doentes foram abusadas por religiosos em templos onde ingenuamente foram em busca de socorro. Jesus chorou quando uma jovem mulher grávida foi, em plena luz do dia, estuprada no Bairro do Rosário sem que ninguém visse ou pudesse lhe auxiliar. Jesus chorou pelo número de doentes que não puderam ter o atendimento merecido porque aparelhos estavam quebrados e nem leitos suficientes existiam, tendo de sofrer o martírio e a humilhação da espera nas macas dos corredores dos hospitais. Jesus chorou diante de funcionários desesperados que tiveram seus salários há anos sem reajuste, suas contas atrasadas, seu crédito cortado, sua comida racionada e o pior – muitos deles chegaram ao suicídio. Jesus chorou diante do aumento das doenças sexualmente transmissíveis, algumas tidas como controladas, devido ao comportamento descuidado e a falta de respeito das pessoas para com seu próprio corpo. Jesus chorou pelos animais abandonados, torturados, mortos à míngua, explorados, envenenados, agredidos sem que nenhuma autoridade constituída tenha deles a mínima piedade. Jesus chorou pelos trilhões de reais roubados por alguns políticos que só pensam em amealhar dinheiro para si e só têm olhos para seus próprios umbigos. Jesus chorou pelas viúvas que ganham pensões ridículas, aposentados doentes que são submetidos a perícias numerosas para seguir ganhando tostões, doentes que precisam de remédios pagos pelo governo e estes sempre faltam nas farmácias oficiais. Jesus chorou pelos mortos na Ucrânia e pelas milhares de toneladas de grãos que deveriam saciar a fome do mundo e que acabam apodrecendo ou sendo queimados pelas bombas inconsequentes. Jesus chorou pelas crianças atingidas pelas balas perdidas nos morros cariocas e por aqueles que tiveram suas casas desruidaspelas enchentes. Sim, Jesus tem chorado muito. Talvez esteja quase “desidratado” devido à insanidade dos homens. E à insensibilidade dos políticos e autoridades. Jesus chorou pelos hospitais não concluídos, pela falta de leitos, pelos doentes amontoados em macas, pelas mães implorando por creches, pelos mortos em acidentes automobilísticos em estradas cheias de buracos, pela falta de remédios de uso continuado para pacientes carente, pelas crianças atingidas por balas perdidas. Jesus chorou pela fúria comercial e mercantilista em que se transformou a cabeça de muitos “religiosos” que agem em seu santo nome.. E que se empanturram de comida e bebida em demasia. Vamos cair de joelhos, fazer um “mea culpa” e rezar por Jesus antes de dormir ? Ele deve estar triste demais. E precisando do nosso acolhimento. Assim como nós precisamos do Seu perdão.