Você sabia que até 1941 existiam apenas
48 quilômetros de estradas pavimentadas no Rio Grande do Sul ? E que, até 1930,
só existiam 30 pontes em todo nosso Estado ?
Uma porção de curiosidades como estas,
entremeadas de gostosíssimas histórias, além de dados estatísticos e
considerações sobre a evolução dos costumes, são encontrados no livro “50 ANOS
DE VIAGEM (trabalhos, peripécias e alegrias)”, de autoria de Francisco da Rocha
Timm, mais conhecido pelo apelido de “Chicotim”.
O autor, nascido e 24 de julho de 1893,
em São Pedro do Sul, é filho de Jorge H. Timm e Amélia Angélica Timm e casado
com D. Alda Borges. Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro – eis
os desejos de um homem – como diz o adágio popular. Pois o Chicotim
plantou muitas árvores. Tem três filhos : Jorge, cirurgião-dentista; João
Renato, advogado e Juarez, bioquímico.
E aos 79 anos de idade, Chicotim escreveu
um livro, um alentado volume de 300 páginas : “50 ANOS DE VIAGENS”. No qual
retrata toda uma época através das viagens feitas pelo próprio autor.
Mário Napoleão, ao prefaciar o livro ,
escreveu :
“Apresentar Chicotim – meio século de
viagens como caixeiro-viajante cruzando coxilhas e serras do pago gaúcho,
deixando por onde passava marcada sua presença insinuante por gratas
recordações que o faziam benquisto dos colegas, amigo conceituado dos seus
fregueses, pelo correção dos seus atos e critério nas transações de seu
comércio – julgo desnecessário escrever, pois ele é vastamente conhecido e
considerado, um legítimo representante da classe”.
O livro é ilustrado por algumas
fotografias antológicas. Pois não mostra o avião, o trem, o automóvel último
tipo. Foi duro ser viajante naquela época como Chicotim foi. Viajando de
carreta. Ou de Ford de bigode. Comendo arroz de carreteiro na beira da estrada.
E inclusive correndo o risco de ser emboscado e assaltado em qualquer curva
mais escura da “estrada”.
Infelizmente, nunca cheguei a conhecer
pessoalmente o Chicotim, mas apenas seus parentes. Mas lhes afirmo
que este livro – publicado em 1972 pela editora A Nação – talvez tenha sido uma
iniciativa inédita na literatura cá dos pagos pois não me recordo que
(pelo menos até 1972) algum caixeiro-viajante tenha escrito um livro de
memórias.
Como encontrei este livro em 1972 ? Nas
livrarias ? Não. Ele me foi presenteado pelo Dr. Luiz Osvaldo Coelho, médico e
professor aposentado da UFSM, onde foi diretor da Faculdade de Medicina, que é
tio dos meus filhos e foi pediatra dos mesmos. O Luiz Oswaldo, que é
parente do Chicotim, disse que eu gostaria do livro pois sabia que gostava de
livro de memórias. Logo depois de devorar o livro, escrevi uma crônica sobre o
mesmo que foi publicada no jornal A RAZÃO na edição do dia 22.12.1972. Chicotim
enviou amável carta agradecendo a minha publicação.
O livro pode ser encontrado nas
bibliotecas. E segundo pesquisei na internet, existem exemplares à venda nos
sebos do país, como na Estante Virtual e SeboBis, para os interessados.
Sempre nutri verdadeira admiração pela
classe dos caixeiros-viajantes. Pelo singular e difícil trabalho que exerceram.
Roubavam precioso tempo das suas famílias para empreender suas longas viagens.
Algumas delas perigosas. A própria SUCV - Sociedade União dos Caixeiros
Viajantes – com seu lindo prédio à praça Saldanha Marinho lembrada importância
que a classe teve em nosso RS.
Mas o tempo, em sua marcha inexorável,
vai avançando. Mas livros como o de Chicotim nos deixam essas doces lembranças.
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