terça-feira, 12 de janeiro de 2021

RECADO DO EDUARDO, O OCEANÓGRAFO DE APARECIDA - JAMES PIZARRO (DIÁRIO, crônica de 12.01.2021)

Graças ao milagre da internet e das redes sociais, nestes tempos duros de pandemia, conseguimos enfrentar o isolamento social, a distância , a solidão, as carências do contato físico. E também reencontramos pessoas das quais não tínhamos notícias há décadas. Reestabelecemos contato com pessoas que foram importantes amigos de adolescência, colegas de bancos escolares, familiares perdidos. No meu caso, que dei aulas nos cursinhos, colégios e UFSM durante 44 anos, reencontro quase que diariamente dezenas de ex-alunos, muitos deles já aposentados, pais, avós ! Que me escrevem coisas de suas vidas, anseios, projetos, realizações. Recordam coisas que eu dizia em aula e que lhes serviu na vida. Recebi um longo e emocionante e-mail de um ex-aluno muito especial, chamado Eduardo Nascimento Radwanski, oceanógrafo e diretor-proprietário do AQUÁRIO DE APARECIDA, situado na avenida Getúlio Vargas, Centro de Apoio ao Romeiro (Asa Oeste), Santa Rita, Aparecida, São Paulo. Ele era meu aluno no Curso de Ciências Biológicas na UFSM, mas só me falava em coisas do mar e logo notei que estava no lugar errado. Um trecho do e-mail : “Você sempre foi o meu professor mais querido e brilhante cujas aulas instigantes de Ecologia na UFSM me despertaram para a minha profissão de Oceanógrafo. Até hoje me lembro com todos os detalhes da conversa franca e amiga que tivemos em 1982 sobre a minha ideia de abandonar o curso que estava fazendo e cursar Oceanografia n FURG, em Rio Grande : sua reação positiva e imediata foi o empurrão que faltava para eu embarcar em minha odisséia, que hoje me faz residir em Aparecida onde construí, opero e gerencio o Aquário de Aparecida desde julho de 1999.” Diz ele : “ A vida em Aparecida é simples, mas não nos falta nada. Meus dois filhos – Isabella e Yuri – já estão formados. Minhas esposa Paloma me ajuda na administração do aquário e é leitora da Bíblia nas missas no Santuário Nacional. Moramos numa casa espaçosa, jogamos tênis num clube de campo em Guatinguetá. Lembra que eu jogava com o senhor nas quadras do ATC ? Eu aprendi a jogar com meu tio Ivo Pitanguy, já falecido, de quem meu irmão médico foi aluno. Tenho uma irmã mais moça que está gerenciando um projeto de ecoturismo radical na Patagônia chilena.” Pois o Eduardo ficou sabendo que minha filha Cristina mora em Itajubá, sul de Minas Gerais, bem perto de Aparecida. E no final do seu carinhoso e emocionante e-mail diz : “Teria imenso prazer em recebe-lo aqui em Aparecida com sua esposa, professor Pizarro. ! Vamos combinar ! Eu te guardo no coração para sempre, com a esperança de receber a tua visita. Envio meu forte abraço para toda a sua querida família, com amor e carinho.” Sei que pode parecer uma bobagem para muitos. Que casos pessoais não trazem sabor às crônicas. Mas se trata de ilustrar – através de uma singela história verdadeira – de como vale a pena dar importância e atenção ao aluno, orientá-lo, dar um “empurrão” para o futuro. A gente pode estar – assim agindo – encaminhando um jovem para sua plena realização. Existe algo mais comovedor do que receber, anos depois, a gratidão de um ex-aluno ?

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