sábado, 9 de janeiro de 2021

WILSON AITA, UMA VIDA DEDICADA À COMUNIDADE E A SERVIR AO OUTRO ! - JAMES PIZARRO (DIÁRIO, edição de 9.1.2021, Seção MEMÓRIA do CADERNO MIX).

Wilson Aita, depois de ter se formado em Engenharia em Porto Alegre, veio morar e trabalhar em Santa Maria. Mas antes esteve em Joinvile, SC, para casar com Cleonice Sada Aita. Fui aluno de ambos no Colégio Estadual Manoel Ribas , onde o Wilson deu aulas de Desenho Técnico e a Cleonice foi professora de História. Wilson e Cleonice tiveram cinco filhos : Carlos Aloísio, Maria Eunice, Maria Regina, Maria Lúcia e Maria Cristina. E cinco netos, dos quais lembro os nomes de quatro : Daniela (médica), Cláudia (advogada), Cleusa (arquiteta) e Marcelo (piloto). Fui amigo do professor Wilson Aita durante décadas (meu pai era enfermeiro particular de toda a família dele) e achava admirável seu jeito calmo de falar, sua capacidade de chamar os alunos e dar conselhos quando notava que estavam com problemas comportamentais. Desempenhou dezenas de atividades durante a vida. Foi engenheiro do DAER (Departamento Estadual de Estradas de Rodagem), onde chegou a fundar uma cooperativa entre os funcionários, importando através de Porto Lucena farinha argentina, café solúvel e outros produtos. Em 1949, em Santa Maria, Wilson Aita fundou uma empresa de construção civil, pois ele havia se especializado em “cálculo estrutural”. Pouca gente sabe ou lembra, mas a primeira estrutura de concreto armado em edifício em nossa cidade foi de autoria dele : trata-se do edifício Pisani, situado na esquina das ruas Venâncio Aires e Floriano Peixoto. Calculou e construiu a estrutura de outros edifícios , tais como o “Rio da Prata” e o edifício que fica em frente à catedral, na avenida Rio Branco, onde funcionou por décadas o famoso Posto Esso e onde hoje funciona a loja CIMACO. Adepto do radioamadorismo, Wilson Aita fez curso de Código Morse a fim de poder registro de telecomunicador. Construiu dezenas de radiotransmissores, fazendo também a manutenção dos radiotransmissores estrangeiros que existiam na cidade. O engenheiro Luiz Bollick, então diretor da Rádio Imembuí, convidou-o para ser engenheiro da emissora, onde trabalhou consertando válvulas com Quintino Prolla, técnico por demais conhecido na cidade. Ganhou ações na Rádio Imembuí em troca do trabalho, atuando lá por nove anos, chegando a ser vice-presidente da empresa. Também teve importante atuação na criação da Rádio Universidade, na UFSM, pois viajou ao Rio de Janeiro para tratar do projeto da mesma junto ao CONTEL – Conselho Nacional de Telecomunicações, atual DENTEL. O projeto veio do RJ com erros, detectados e sanados pelo engenheiro Fábio Baldissera, pois a torre da rádio foi inicialmente construída no distrito de Boca do Monte, providência desnecessária, anos depois sanada com a transferência da torre para a sede campestre da ABS – Associação dos Servidores da UFSM, perto da Estância do Minuano. Transcorridos mais alguns anos, a torre foi definitivamente construída no campus da própria UFSM. Wilson Aita também foi piloto particular, naquela época denominado “piloto privado”. O aeroclube de Santa Maria ficava na área oeste da cidade, na localidade chamada chamada Boi Morto, onde ficava localizado o Terceiro Regimento de Aviação já que naquela época a aviação pertencia ao Exército Brasileiro. Wilson Aita também exerceu por décadas a função de professor em vários cursos e várias disciplinas. No Colégio Santa Maria, dos Irmãos Maristas, lecionou Matemática e Física. No Curso de Economia da UFSM, lecionou Estatística Mercadológica. No Curso de Filosofia, deu aulas de Mecânica Celeste. E no MANECO, onde fui seu aluno por dois anos, ministrou aulas de Desenho Técnico para o Segundo Grau, hoje chamado Ensino Médio. Nas últimas décadas de vida, o professor Wilson Aita dedicou o melhor dos seus esforços ao Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, exercendo com total dedicação a função de Provedor. A todos atendia coma mesma urbanidade e distinção, tanto ao numeroso e competente corpo médico da instituição, como todos os funcionários e clientes que o procuravam. Durante esse período o hospital iniciou uma fase de notáveis modificações, com novas construções, ampliação de serviços e número de leitos. Nessa época, por mais de uma vez estive hospitalizado para cirurgia e diariamente recebia a visita em meu quarto do querido e saudoso professor Wilson Aita, que queria saber da minha saúde, se estava precisando de algo. São gestos de carinho inesquecíveis e raríssimos no mundo atribulado de hoje. Por isso, escrevo com emoção essa MEMÓRIA de hoje. Para resgatar a história de vida desse homem bom. E para parabenizar à direção do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo que, num momento de grande inspiração e justiça, imortalizou o nome do seu grande provedor : POLICLÍNICA WILSON AITA !

Um comentário:

Gigi disse...

Mais uma boa crônica de James Pzarro, dizendo muito sobre esse grande santa-mariense que foi o prof. Wilson Aita. E eu pensava que o conhecia, mas a atuação dele foi bem ampla do que eu sabia. As crônicas de James ajudarão muito os historiadores da cidade.