segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

SANTA MARIA,RS : TRAGÉDIA !!!!


Luto por Santa Maria, RS
Luto por Santa Maria, RS. Imagem em Web Notícias / Guia Me

Tragédia começou às 2h30 de domingo, 27, quando um músico acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira
O incêndio com mais mortes nos últimos 50 anos no Brasil causou comoção nacional e grande repercussão internacional. Em poucos minutos, 231 pessoas – na maioria jovens – morreram na boate Kiss de Santa Maria – cidade universitária de 261 mil habitantes na região central do Rio Grande do Sul. Outras 127 ficaram feridas. Matéria de Lucas Azevedo, em O Estado de S.Paulo.
A tragédia começou às 2h30 de domingo, 27, quando um músico acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira. No momento, cerca de 2 mil pessoas acompanhavam a festa organizada por estudantes do primeiro ano das faculdades de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Uma fagulha atingiu o sistema de exaustão da casa noturna e o fogo se alastrou rapidamente pelo teto com papelão e material de proteção acústica. A maioria das vítimas, porém, não foi atingida pelas chamas – 90% morreram asfixiadas.
Uma série de erros potencializou a tragédia. Sem porta de emergência nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no escuro não conseguiram achar a única saída existente na boate. Com a fumaça, várias morreram perto do banheiro. Para piorar, seguranças da casa tentaram impedir alguns frequentadores de sair antes de pagar a comanda. Na rua estreita, o escoamento do público foi difícil. Bombeiros e voluntários quebraram as paredes externas da boate para aumentar a passagem. Mas, ao tentarem entrar, tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para chegar às pessoas que ainda estavam agonizando. Muitos celulares tocavam ao mesmo tempo – eram pais e amigos em busca de informações.
Como o Instituto Médico-Legal não comportava, os corpos foram levados a um ginásio da cidade, onde parentes desesperados passaram o dia fazendo reconhecimento. Lá também foi realizado o velório coletivo.
Ao longo do dia, centenas de manifestações de solidariedade lembraram a tragédia em todo o País. Emocionada, a presidente Dilma Rousseff chorou duas vezes ao falar do caso – ainda no Chile, de manhã, onde deixou um encontro com presidentes, e à tarde, ao lado do governador Tarso Genro, já em Santa Maria.
Sem saída de emergência e sinalização, 90% das vítimas morreram asfixiadas
Uma única porta, saída não sinalizada, escuridão, fumaça, falta de orientação e pânico aumentaram a tragédia na boate Kiss. Os bloqueios no caminho fizeram com que 90% das 231 vítimas fossem mortas por asfixia enquanto tentavam escapar, segundo bombeiros. Poucos corpos foram tirados da casa noturna queimados, mas muitos estavam cobertos de fuligem.
O desastre aconteceu com a casa cheia. Por volta das 2h30, a banda Gurizada Fandangueira tocava no palco, durante a festa Agromerados. O evento, organizado por alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) reunia cerca de 2 mil pessoas, a maioria no primeiro ano de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio ou Pedagogia.
Segundo testemunhas, em determinado momento do show, a banda usou um tipo de fogo de artifício conhecido como “sputnik” ou “chuva de prata”: faíscas prateadas saíram de um pequeno morteiro instalado no palco. Uma fagulha entrou no sistema de exaustão e o fogo atingiu o teto do salão, baixo e feito de papelão e material de proteção acústica.
As chamas se espalharam rapidamente pela estrutura. Testemunhas contam que o vocalista da banda, Marcelo de Jesus dos Santos, tentou apagar o incêndio com um extintor, mas o equipamento não funcionou.
Fuga. Em pouco tempo, o público concentrado no salão onde fica o palco percebeu o fogo e começou a correr. Mas um curto-circuito apagou a luz. No escuro e sem indicações de saída, muitos se perderam no caminho. Alguns foram parar no banheiro.
O Plano de Prevenção de Combate a Incêndio da boate Kiss estava vencido desde agosto de 2012, segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo. A casa também não tinha saída de emergência: só havia um local de acesso, que funcionava como entrada e saída.
Durante o incêndio, as primeiras pessoas que chegaram a essa única porta não conseguiram sair. Isso porque os seguranças impediram a saída de algumas pessoas (leia mais ao lado). Mesmo depois que a porta foi aberta, só havia uma saída, que não era suficiente para escoar todo o público. Bombeiros e voluntários quebraram as paredes externas da boate, voltadas para a Rua dos Andradas, para aumentar a passagem.
Resgate. A via é estreita e os carros estacionados atrapalharam o resgate. Além disso, ao tentarem entrar no local, os bombeiros se depararam com uma barreira de corpos logo na porta – eram as vítimas que tentaram sair. “Os soldados tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando”, descreve o comandante-geral Guido Pedroso de Melo. Muitos celulares tocavam ao mesmo tempo – eram parentes e amigos em busca de informações.
Pela mesma porta, bombeiros e voluntários entravam para combater as chamas. Aos poucos, os corpos foram sendo removidos e colocados na calçada na frente da boate. Até o fim da manhã, todas as vítimas já haviam sido levadas ao Centro Desportivo Municipal (CDM). Lá, foram organizadas por agentes do governo estadual e colocados à disposição dos parentes que foram fazer o reconhecimento das vítimas.
EcoDebate, 28/01/2013

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

UMA CENA INSÓLITA - James Pizarro

Esta crônica foi publicada no jornal
"A RAZÃO", de Santa Maria, RS, à página
4 da edição do dia 9/setembro/2010.

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Santa Maria teve três grandes cinemas. Cine-teatro Imperial. Cine Independência. Cinema Glória.

O Cine Independência virou um shopping popular, abrigando os camelôs que estavam pelas ruas da cidade. Ao invés do Gordo e o Magro, Hopalong Cassidy, Jesse James, Batman e Robim...mercadorias piratas do Paraguai.

O Cinema Glória virou uma filial da Universal de Deus e depois uma boate. Ao invés dos grandes musicais com Doris Day, Gene Kelly, Fred Astaire, Pat Boone e Elvis Presley...sermões, dízimos e milagres de veracidade duvidosa.

O Cine-teatro Imperial,na segunda quadra da rua Dr. Bozano, transformou-se numa filial da tradicional Casa Eny. Ao invés das grandes peças que o Edmundo Cardoso apresentava com sua Escola de Teatro Leopoldo Froes...tênis, sandálias, sapatos e hawaianas.

Foram mudanças boas para uma cidade que se jacta do cognome de "cidade cultura" ? Claro, hoje existem as salas de cinema dos shoppings da cidade, com cerca de 80 lugares cada uma. Nada semelhante aos 1200 lugares que existiam no Cine Independência, por exemplo.

Quem da faixa etária dos 60 ou 70 anos não se lembra do tradicional "matinê da 1,15" como era chamada a sessão dominical das 13,15 horas do Cine-teatro Imperial ? Passava sempre um "filme de mocinho" (nome dado aos filmes de faroeste americano), seguido de um "seriado" (cada domingo passava um capítulo de uma longa história de aventuras, que chegava a durar dois meses). Na frente do cinema, antes das sessões, ocorria o tradicional troca-troca de "gibis" (revistas em quadrinhos dos heróis da época). Ou então, troca de figurinhas do famoso "Álbum das Balas Rute".

O "Seu" Aurélio era o lanterninha do Cine-teatro Imperial, famoso pelo duro que dava na gurizada durante as sessões. Em sua homenagem existe hoje o "Cine-clube Lanterninha Aurélio". Certa vez fiz uma aposta com os meus colegas da rua Silva Jardim. Apostei que entraria no matinê com uma galinha e que o Aurélio não veria. Não só entrei com a galinha dentro do casacão (chamado de "sobretudo" na época) como fiz uma barbaridade. Fui sentar na primeira fila de cadeiras do mezanino (a parte superior da sala de exibição). E na hora mais romântica do filme, quando o mocinho pedia a mão da moça em casamento, eu atirei a galinha lá de cima. A coitada voou como podia e foi se estatelar na cabeça da piazada lá embaixo. O Aurélio interrompeu a sessão, no meio da algazarra da gurizada. Acenderam-se as luzes. E furioso ele foi ao mezanino. E queria saber quem tinha jogado o galináceo. Ninguém me acusou. E eu fiquei gelado de medo.

Mas ganhei a aposta : meia dúzia de Cyrillinhas, o refrigerante mais famoso da época, fabricado em Santa Maria mesmo.

Maconha, cocaína, rachas de automóveis, motos numa só roda, roleta russa, agressão a professores, brigas de gangues juvenis, pichações...Ao ler nos jornais sobre as "brincadeiras" da gurizada de hoje, fico estarrecido.

Perto dessa turma de hoje eu era um santo !

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

MANUAL PARA 2013 - (autor desconhecido)

Saúde:
1. Beba muita água
2. Coma mais o que nasce em árvores e plantas, e menos alimento produzido pelas fábricas;
3. Viva com os 3 E's: Energia, Entusiasmo e Empatia;
4. Arranje tempo para orar;
5. Jogue mais jogos;
6. Leia mais livros do que leu em 2012;
7. Sente-se em silêncio pelo menos 10 minutos por dia;
8. Durma 8 horas por dia;
9. Faça caminhadas de 20-60 minutos por dia, e enquanto caminha sorria.
Personalidade:
11. Não compare a sua vida a dos outros. Ninguém faz ideia de como é a caminhada dos outros;
12. Não tenha pensamentos negativos ou coisas de que não tenha controle;
13. Não se exceda. Mantenha-se nos seus limites;
14. Não se torne demasiadamente sério;
15. Não desperdice a sua energia preciosa em fofocas;
16. Sonhe mais;
17. Inveja é uma perda de tempo. Você tem tudo que necessita....
18. Esqueça questões do passado. Não lembre seu parceiro dos seus erros do passado. Isso destruirá a sua felicidade presente;
19. A vida é curta demais para odiar alguém. Não odeie. Odiar alguém é como tomar veneno e esperar que o outro morra !
20. Faça as pazes com o seu passado para não estragar o seu presente;
21. Ninguém comanda a sua felicidade a não ser você;
22. Tenha consciência que a vida é uma escola e que está nela para aprender. Problemas apenas fazem parte; eles aparecem e se desvanecem como uma aula de álgebra, mas as lições que aprende, perduram uma vida inteira;
23. Sorria e gargalhe mais;
24. Não necessite ganhar todas as discussões. Aceite também a discordância;
Sociedade:
25. Entre mais em contato com sua família;
26. Dê algo de bom aos outros diariamente;
27. Perdoe a todos por tudo;
28. Passe tempo com pessoas acima de 70 anos e abaixo de 6;
29. Tente fazer sorrir pelo menos três pessoas por dia;
30. Não te diz respeito o que os outros pensam de você, é problema deles.
31. O seu trabalho não tomará conta de você quando estiver doente. Os seus amigos o farão. Mantém contato com eles.
A Vida:
32. Faça o que é correto;
33. Desfaça-se do que não é útil, bonito ou alegre;
34. DEUScura tudo;
35. Por muito boa ou má que a situação seja.... Ela mudará... Tudo passa !!
36. Não interessa como se sente, levanta, se arruma e aparece;
37. O melhor ainda está para vir;
38. Quando acordar vivo de manhã, agradeça a DEUS pela graça.
39. Mantenha seu coração sempre feliz.
Por último:
40. Envia para aqueles que você ama ou quer bem e que deseja um 2013 maravilhoso!!!
 
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FONTE : Autor Desconhecido

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O TEMPO FOGE - James Pizarro

Um dos meus primeiros professores de Biologia, no Colégio Estadual Manoel Ribas,em Santa Maria, RS, vivia repetindo que "a gente começa a morrer no dia em que nasce". 

Um coisa óbvia, mas que a nossa meninice custava um pouco a atinar. A cada dia que passa, realmente, nos aproximamos mais da morte e menos tempo nos sobra de vida.
Meu avô dizia a mesma coisa usando um ditado que ninguém mais conhece : "Tempo e hora não se ata com soga".

Anos depois, estudei quatro anos de latim com o querido e saudoso professor Albino Seibel, nos quatro livros seriados : Ludus Primus, Ludus Secundus, Ludus Tertius e Ludus Quartus. E nas aulas de latim aprendi uma célebre frase de Virgílio (Georgicas, livro III, v.284) :

"FUGIT IRREPARABILE TEMPUS"
Tradução : o tempo foge, perdido para sempre.

Virgílio estava a nos avisar o que outros também perceberiam séculos depois : o tempo voa.  Portanto, não devemos desperdiçar o tempo em frivolidades.

Lembro disso quando vou visitar pessoas e elas estão vidradas em novelas da Globo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

QUANDO A MELANCOLIA CHEGA - James Pizarro

Poucas pessoas usam ou usaram o termo "caroável", que significa amável, afetiva, carinhosa.
Só conheço um texto onde aparece esta palavra.
É um poema chamado "Consoada". E seu autor é Manuel Bandeira.
É um texto que trata da morte. Vale a pena reproduzí-lo aqui :

"Consoada

Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar."

Lembrei imediatamente deste poema quando recebi telefonema de Santa Maria avisando que minha mãe está com febre, diarréia, abatida. Desanimada, aos 90 anos.
Espero que tudo evolua para melhor. E que a noite, "com seus sortilégios", seja "caroável".
Já passei pela experiência de várias mortes familiares. Pai. Sogros. Avós. Tios. Sobrinhos.
Sei bem ouvir o farfalhar da serpente no meio da grama.
O ar abafado. O presságio. O pessimismo.
O sentimento é duma melancolia impotente.
Rogo a Deus que seja mais um engano.
Um aviso falso. Uma brincadeira da "indejável das gentes".
Mas meu coração se oprime.
E se enche de estupor.
E medo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

OS NATAIS DE ANTIGAMENTE - James Pizarro

Meu pai sempre deixou bem claro que gostava mais do ano novo do que do Natal. Questão de temperamento ou motivos cristalizados na sua infância, não gostava do Natal. Também não era de frequentar igreja. Minha mãe acompanhava sua opinião. Mas a gente tinha a entrega de presentes e os protocolares cumprimentos. Vez por outra, minha irmã puxava uma reza.
Muitas vezes, devido ao orçamento apertado, ganhei sapatos, roupas e material escolar ao invés dos presentes que realmente eu gostaria de receber. Coisas que eu teria que obrigatoriamente receber. Era uma época dura. Meu pai levou anos a fio para construir a casa. E eu não reclamava. Pois entendia o sacrifício. Mas ficava chateado. Minha avó Olina sempre dava presentes do meu agrado.
Anos depois, quando comecei a namorar quem viria ser minha mulher, passei a ter uma idéia diferente do Natal. Morava junto na casa dela a vó Elvira Grau, com mais de 80 anos. Luterana, como Edith, minha sogra. Minha sogra tocava órgão aos domingos no culto da igreja luterana de Santa Maria,RS, a primeira igreja alemã do Brasil a ter sinos em sua torre. Na noite de Natal, o coral da igreja luterana visitava a casa dos mais idosos da comunidade alemã. E entoava lindas canções em alemão. E faziam orações. Minha sogra partilhava com os visitantes cucas, doces feitos com esmero, habilidosa doceira que era. Eles comiam rapidamente, pois tinham de cantar em muitas casas e a noite era curta.
Vera Maria, inspirada na educação dada pela mãe, sempre cuidou muito da festa de Natal em nossa casa. Muitos dias antes da data ela fazia bolos, doces, cucas. Ficaram famosas as bolachas em forma de estrela com recheio de goiabada, que até hoje ela faz e que tanto sucesso tem no meio de todos. Nossos filhos sempre tiveram pinheirinho, presentes, guirlanda na porta da casa e, quando bem pequenos, até Papai Noel visitava nossa casa.Foram anos felizes.
Não fui um pai perfeito. Fui o pai que eu sabia ser. Mas sempre fui trabalhador. Dava aulas na UFSM. Nos cursinhos. Fazia palestras. Às vezes, falava mais do que 10 horas por dia. As crianças puderam ter sempre alimentação farta. Frequentaram os melhores clubes. Pude lhes dar cursinho pré-vestibular de excelente qualidade. Passaram no vestibular no primeiro exame feito. Entregamos ao mundo uma fonoaudióloga, uma fisioterapeuta e um assistente social. Claro, a virtude da formatura é devida ao talento e esforço deles. Certamente não tivemos ingerência alguma, pois se tivessem nascido em outra casa e com outros pais também teriam alcançado o mesmo êxito.
Tive meus equívocos comportamentais. Quando pai moço. E mesmo como pai já velho. Errei muito. Mas acertei muito também. Vera Maria terminou o curso de Educação Física depois do nascimento dos três filhos. Foi dureza. Foi diretora de uma das maiores escolas públicas da cidade. Mãe dedicada, usava todo seu salário para comprar roupas e presentes para os filhos. Enquanto com meus proventos cuidava de sustentar a casa. Minha mãe e minha sogra ajudaram valiosamente na retaguarda da criação dos nossos filhos quando pequenos, porque eu e Vera Maria trabalhavamos. Isso foi possível porque sempre moramos na mesma cidade. Tivessemos optado por morar distante teríamos mais dificuldades.
Fruto de luta, acertos e erros, encontros e desencontros, fizemos a nossa parte. Lembro das palavras da reitora da UNIFRA, ao me cumprimentar, por ocasião da formatura do nosso filho : "Sua família pertence ao fechado clube brasileiro onde o pai, mãe e todos os filhos têm curso superior".
Os anos passam. As dificuldades financeiras passaram. Lutamos duro para isso. Por generosidade de Deus estamos com saúde e morando na praia, um sonho de décadas.
Alguns familiares estranham nossa decisão de não viajar mais, a não ser em último caso, por doença ou morte. Mas deixamos bem claro aos filhos e aos cinco netos que temos e teremos sempre a imensa alegria de receber a todos aqui na praia, em nosso apartamento.
Temos o direito de descansar. Fazer programas de vida para os últimos anos. Somos idosos. Mas com saúde mental suficiente para traçar nossos destinos.
Nesta noite de Natal de 2009, iremos à missa na matriz de Nossa Senhora de Guadalupe. Como sempre fazemos, vamos apenas agradecer. Não pediremos nada para nós. Mas vamos pedir pela saúde dos nossos filhos e netos. E rezar pelas almas de meu pai, sogros, avós e demais parentes falecidos.
E na santa ceia que faremos recordaremos muito dos natais antigos. E nosso tempo de crianças. Quando, tementes a Deus, honrávamos pai e mãe. Sem jamais erguer a voz para eles. Quanto mais criticá-los.
E certamente - entre foguetes e músicas que entrarão pela janela - lembraremos dos cânticos alemães da vó Elvira. E dos cabelos loiros e olhos azuis da vó Olina.
Era uma época em que a gente era muito feliz.
E não sabia.