quarta-feira, 29 de maio de 2013

PROVÉRBIOS LATINOS


1. Abusus non tollit usum: O abuso não impede o uso. Princípio segundo o qual se pode usar de uma coisa boa em si, mesmo quando outros usam dela abusivamente.
2. Ad maiorem Dei gloriam: Para maior glória de Deus. Lema da Companhia de Jesus, usado pelos jesuítas pelas iniciais A. M. D. G.
3. Age quod agis: Faze o que fazes. Presta atenção no que fazes; concentra-te no teu trabalho.
4. Alea iacta est: A sorte foi lançada. Palavras atribuídas a César, quando passou o Rio Rubicão, contrariando as ordens do Senado Romano.
5. Amicus certus in re incerta cernitur: O amigo certo se manifesta na ocasião incerta.
6. Aquila non capit muscas: A águia não apanha moscas. Uma pessoa de espírito superior não se preocupa com ninharias.
7. Arcus nimis intensus rumpitur: O arco muito retesado parte-se. O rigor excessivo conduz a resultados desastrosos.
8. Asinus asinum fricat: Um burro coça outro burro. Diz-se de pessoas sem merecimento que se elogiam mutuamente e com exagero.
9. Audaces fortuna iuvat: A fortuna ajuda os audazes. O bom êxito depende de deliberações arriscadas.
10. Carpe diem: Aproveita o dia. (Aviso para que não desperdicemos o tempo). Horácio dirigia este conselho aos epicuristas e gozadores.
11. Consuetudo consuetudine vincitur: Um costume é vencido por outro costume. Princípio de Tomás de Kempis segundo o qual os maus hábitos podem ser eficazmente combatidos por outros que lhes sejam contrários.
12. Consuetudo est altera natura: O hábito é uma segunda natureza. Aforismo de Aristóteles.
13. Credo quia absurdum: Creio por ser absurdo. Expressão de Santo Agostinho para determinar o objeto material da fé constituído pelas verdades reveladas, que a razão humana não compreende.
14. Dare nemo potest quod non habet, neque plus quam habet: Ninguém pode dar o que não possui, nem mais do que possui.
15. De gustibus et coloribus non est disputandum: Não se deve discutir sobre gostos e cores. Cada qual tem suas preferências. (Provérbio medieval).
16. Dominus dedit, Dominus abstulit, sit nomen Domini benedictum: O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor. Palavras de Jó, quando atingido pela perda de todos os seus bens. São citadas para lembrar, nos infortúnios, a resignação cristã.
17. Do ut des: Dir Dou para que tu dês. Norma de contrato oneroso bilateral.
18. Dura lex sed lex: A lei é dura, mas é a lei. Apesar de exigir sacrifícios, a lei deve ser cumprida.
19. Ecce iterum Crispinus: Eis aqui novamente o Crispim. Frase de Juvenal, falando de um importuno.
20. Errare humanum est: Errar é humano. Desculpa que se apresenta a fim de atenuar um erro ou engano.
21. Esto brevis et placebis: Sê breve e agradarás. Conselho escolástico aplicado à eloqüência.
22. Ex ore parvulorum veritas: A verdade (está) na boca das crianças. As crianças não mentem.
23. Fama volat: A fama voa; a notícia se espalha rapidamente. (Virgílio, Eneida III, 121).
24. Felix culpa: Feliz culpa. Expressão de Santo Agostinho referindo-se ao pecado de Adão, que nos mereceu tão grande redentor.
25. Finis coronat opus: O fim coroa a obra. A obra está completa, de acordo com o seu planejamento.
26. Fugit irreparabile tempus: Foge o tempo irreparável. Virgílio lembra-nos que o tempo passa rapidamente e que não devemos desperdiçá-lo.
27. Hodie mihi, cras tibi: Hoje para mim, amanhã para ti. Usada nas inscrições tumulares e quando se deseja o mesmo mal a quem o causou.
28. Honos alit artes: A honra alimenta as artes. Máxima de Cícero que explica a necessidade de aplausos como incentivo aos artistas.
29. In dubio pro reo: Na dúvida, pelo réu. A incerteza sobre a prática de um delito ou sobre alguma circunstância relativa a ele deve favorecer o réu.
30. Inops, potentem dum vult imitare, perit: O pobre, quando quer imitar o poderoso, perece.
31. Libertas quae sera tamen: Liberdade ainda que tardia. Palavras de Virgílio, tomadas como lema pelos chefes da Inconfidência Mineira e que figuram na bandeira daquele Estado.
32. Medice, cura te ipsum: Médico, cura a ti próprio. Provérbio citado por Cristo e diz respeito àqueles que, esquecidos dos próprios defeitos, desejam corrigir os alheios.
33. Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris: Lembra-te, homem, que és pó e em pó te tornarás. Palavras pronunciadas pelo sacerdote enquanto impõe cinza na cabeça de cada fiel, na quarta-feira de cinzas.
34. Mens sana in corpore sano: Espírito sadio em corpo são. Frase de Juvenal, utilizada para demonstrar a necessidade de corpo sadio para serviços de ideais elevados.
35. Nascuntur poetae, fiunt oratores: Os poetas nascem, os oradores fazem-se.
36. Natura non facit saltus: A natureza não dá saltos. Leibniz quis com este aforismo mostrar que não existem gêneros ou espécies completamente isolados, mas são todos interligados.
37. Non nova, sed nove: Não coisas novas, mas (tratadas) de (modo) novo.
38. Non omne quod fulget aurum est: Nem tudo que brilha é ouro. Cuidado com as aparências.
39. Primum vivere, deinde philosophari: Primeiro viver, depois filosofar. Aplicado àqueles que, por especulações abstratas, deixam de conseguir o necessário para a subsistência.
40. Qualis vita, finis ita: Tal vida, tal morte. Não pode morrer bem aquele que viveu mal, é o princípio aceito pelos mestres da vida espiritual.
41. Quia nominor leo: Porque me chamo leão. Trecho de Fedro usado para estigmatizar aqueles que abusam de sua posição ou força, para oprimir os fracos.
42. Qui potest capere, capiat: Quem é apto para o admitir, admita. Palavras com que Cristo conclui sua exortação à prática da castidade perfeita (Mateus, 19, 12).
43. Quot capita, tot sensus: Quantas cabeças, tantas sentenças.
44. Quo vadis?: Aonde vais? Pergunta que, segundo a tradição, teria feito Cristo a Pedro na Via Ápia, quando o apóstolo fugia da perseguição de Nero.
45. Similia similibus curantur: Os semelhantes curam-se pelos semelhantes. Med Lema da homeopatia que se opõe à alopatia cujo princípio é: contraria contrariis curantur.
46. Si vis pacem, para bellum: Se queres a paz, prepara a guerra. Aforismo ainda hoje seguido pelas nações, que procuram fortalecer-se a fim de evitar uma eventual agressão.
47. Tabula rasa: Tábua raspada. Expressão muito empregada em linguagem filosófica de origem aristotélica. Aristóteles admitia que o espírito humano era, antes de qualquer experiência, inteiramente vazio como as tabuinhas cobertas de cera em que nada fora escrito.
48. Tempus est optimus judex rerum omnium: O tempo é o melhor juiz de todas as coisas.
49. Timeo hominem unius libri: Temo o homem de um só livro. Santo Tomás de Aquino empregou esta expressão para dizer que temia aquele que não tinha uma cultura vasta, mas era adversário temível quando se aprofundava no estudo de uma especialidade.
50. Tua res agitur: Trata-se de coisa tua. É de teu interesse (Horácio, Epístola I, 18, 84).
51. Tulit alter honores: Outro teve as honras. Queixa de Virgílio por ver outros colherem os frutos do seu trabalho.
52. Tu quoque fili!: Tu também, filho! Exclamação de César ao ver Bruto, considerado seu filho, entre os conspiradores.
53. Ubi Petrus, ibi Ecclesia: Onde (está) Pedro aí (está) a Igreja. Provérbio muito citado pelos apologistas católicos que só consideravam verdadeira a igreja que estivesse em comunhão com o pontífice romano.
54. Vae soli!: lat Ai do solitário! Expressão com que o Eclesiastes (IV, 10) lamenta a fraqueza do homem abandonado à própria sorte.
55. Veni, vidi, vici: Vim, vi, venci. Palavras com que César anunciou, ao Senado Romano, sua vitória sobre Farnaces, rei do Ponto, no ano 47 a. C. São citadas como alusão a um êxito seguro e rápido em qualquer empreendimento.
56. Verba volant, scripta manent: As palavras voam, os escritos permanecem. Provérbio de grande atualidade que aconselha prudência em pronunciamentos comprometedores e na assinatura de contratos bilaterais.
57. Vincit omnia veritas: A verdade vence todas as coisas.
58. Volenti nihil difficile: Nada é difícil a quem quer; querer é poder.
59. Vox populi, vox Dei: Voz do povo, voz de Deus. O assentimento de um povo pode ser o critério de verdade.
60. Vulnerant omnes, ultima necat: Todas ferem, a última mata. Inscrição filosófica em mostradores de relógios. Cada hora fere a nossa vida até que a derradeira a roube.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Pérolas aos porcos ? - James Pizarro

 
"MOLITE MITTERE MARGARITAS ANTE PORCOS"

 Tradução : "Não atireis pérolas aos porcos".

 No Evangelho de São Matheus ele pronuncia exatamente estas palavras. E elas têm aplicação quando falamos coisas interessantes, sérias, de profundidade diante de alguém que é incapaz de aprecia-las.
Portanto, é bom a gente não gastar tempo e neurônios com pessoas que não têm condições intelectuais de dar o justo valor e importância ao que dizemos.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

TIO É FOGO ! - James Pizarro

Dia desses estava eu na cafeteria lendo um jornal. E sem querer ouvi parte da conversa de um cidadão...

Ele estava se queixando da vida:

"- Tou velho, não tenho mulher nem filhos...a solidão é fogo ! "

Mas antes de dizer isso eu ouvi ele falar, em tom de orgulho,que tinha namorado dezenas de mulheres...tinha ficado noivo não sei quantas vezes...se juntado com não sei quantas...

Estava visivelmente deprimido. Ele contava ao amigo que - pela primeira vez - ao tentar se aproximar duma jovem de 20 anos, a guria lascou na cara dele :

"- Ah, tio...vai procurar a tua turma...quem gosta de velho é reumatismo."

O amigo, num rasgo de sabedoria popular disse a ele :

"- Estás colhendo o que semeaste...pedra que muito rola não cria limo..."

Paguei meu cafezinho. E sai da cafeteria calmamente.

Feliz por ter endereço para voltar. E por ter a companhia de uma grande mulher.

terça-feira, 21 de maio de 2013

FLORIANÓPOLIS : TROFÉU TAINHA - 2013 - James Pizarro

Metuselã Fernandes, popularmente conhecido por "Neném", 56 anos, nascido no balneário do Estreito, em Florianópolis, é figura comprometida com a cultura da ilha. Eu o conheci na Tabacaria/Cafeteria "Vícios e Virtudes", em Canasvieiras, de propriedade dos irmãos advogados Dol Barcelos e Emerson Barcelos. E ficamos amigos, companheiros de cafezinho e ele se transformou em mais um das minhas dezenas de professores da cultura da açoriana e das coisas da ilha.

A família de "Neném" mora ainda no Estreito, na mesma casa há cerca de 70 anos, perto da igreja mais conhecida do balneário, consagrada à Nossa Senhora de Fátima. "Neném", no entanto, mora ao lado de Canasvieiras, na praia Ponta das Canas.

Em Ponta das Canas, "Neném" faz parte de uma grande comunidade de pescadores que cultiva a cultura local, junto com Litinha, Marquinhos, Jucélio, Marcelo, Sandro, "Pescoço" e outros.

"Neném" é integrante de um projeto social em Ponta das Canas, envolvendo os adolescentes do local na prática do futebol. Fazem parte do projeto jogadores do passado, tais como Abenair (que foi jogador do Grêmio, de Porto Alegre), Pinga (ex-jogador do Figueirense) e Roberto (ex-Figueirense e ex-Avaí).

Todos sabem da importãncia e da força do futebol no Brasil, principalmente no meio dos adolescentes. "Neném" me contou : "quando um pescador que fica na beira da praia de olheiro apita e avisa que um cardume de tainhas chegou, a meninada toda abandona o jogo de futebol e vai cuidar de puxar rede, auxiliar na pesca e gritar com a emoção da chegada da tainha".

Diante dessa prioridade da pesca e da cultura ao mar e à tainha, sobrepujando mesmo ao interesse pelo futebol, "Neném" concebeu, trabalhou a idéia e criou em 2009 o "Troféu Tainha", que passou a ser entregue todos os anos para a comunidade que tiver pescado o maior número de tainhas. O troféu é sempre entregue na última semana do mês de julho.

Os pescadores de todas as comunidades se mobilizam durante o período que vai de 15 de maio a 31 de julho, conhecido como "safra da tainha". O Troféu Tainha visa resgatar a cultura açoriana, homenagear a praia que mais pescou tainhas e, a cada ano, homenagear uma figura comprometida com a cultura da ilha. Assim é que já foram homenageados Seixas Neto (2009), Cacau Menezes (2010), prof. Nereu do Vale Pereira (2011) e o proprietário do famoso Bar do Arante, na praia do Pântano do Sul, "Seo"Arante José Monteiro, foi o homenageado em 2012. Em 2013 é homenageado o manezinho mais ilustre da ilha, Gustavo "GUGA" Kurten.

As praias ganhoras do Troféu Tainha foram :

a)- 2009 : Praia dos Ingleses, com 96.430 tainhas.
b)- 2010 : Praia da Lagoinha, com 36.800 tainhas.
c)- 2011 : Praia da Lagoinha, com 40.920 tainhas.
d)- 2012 : Praia do Santinho, com 6575 tainhas.

O Troféu Tainha é uma criação da LUDWIG FUNDIÇÃO, tradicional fundição situada no Bairro Bela Vista, onde a família de artesãos mora num castelo de pedra. O troféu é fabricado com alumínio fundido e polido. Cada praia ganhadora fica com o troféu em definitivo, o que leva a fundição a fabricar todo ano mais uma peça.

"Neném" é uma figura especial, educado, sereno, sempre falando sobre as coisas da ilha, distribuindo camisetas concernentes à cultura da cidade. Eu mesmo já ganhei uma camiseta sobre pesca da tainha e outra camiseta do "Berbigão do Boca", um dos mais tradicionais blocos do tradicional carnaval de Florianópolis.

Figuras como "Neném" fazem mais pela cultura da ilha - de maneira voluntária e desprendida - do que muita autoridade engravatada que ganha para fazer e não o faz. Faço este registro sobre este meu querido amigo, pois ele merece ser reconhecido.

Sou um gaúcho que adotou a ilha como sua morada. Amo a ilha. Escrevi já centenas de artigos de divulgação sobre a ilha. E sei reconhecer seus grandes valores humanos.

Parabéns, "Neném" ! Tu és um grande valor da cultura dessa terra !

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A VISITA - James Pizarro

O Prado Veppo (pai) era médico psiquiatra, poeta, intelectual, vasta cultura geral. Era meu padrinho de casamento e meu grande amigo. Companheiro de papos quase diários durante quase 40 anos.

Eu vivia importunando ele pra conhecer o hospital psiquiátrico por dentro. Um dia, ele me disse :

- É hoje a tua visita. Vens comigo. Não pergunta nada, apenas me acompanha e faz tuas observações.

Pela primeira vez adentrei ao HP da UFSM. Fiquei sabendo da divisão em duas alas. A ala do SERDEQUIM, onde ficam os dependentes químicos. E a ala Paulo Guedes, onde ficam internados os pacientes que tem transtornos psiquiátricos.

À medida que os guardas íam fechando as portas e a gente avançava nos corredores, confesso que fiquei preocupado e meio arrependido da minha curiosidade. Chegamos numa sala de estar, onde ficava uma espécie de balcão da Ala Paulo Guedes e o Veppo me disse :

- Ficas aqui,enquanto eu atendo meus pacientes.

Fiquei olhando, através das das janelas com grades, a paisagem do campus que ficava para o lado da Base Aérea. Era uma manhã nublada, cinzenta, melancólica. Estava perdido em minhas elocubrações, quando uma mão me toca o ombro direito e me faz levar um susto. Viro rapidamente e dou de cara com um velho professor meu, abraçado a um grosso livro de capa dura e vermelha, cujo autor li de relance : Eça de Queiroz.

Muito sizudo de olhar fixo,o velho professor me indagou :

- O senhor também está internado por aqui ?

Sem saber o que dizer e para ser solidário, meio puxando conversa, respondi candidamente :

- Ainda não !

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O RETORNO - James Pizarro

Fui à Santa Maria no dia 22 de abril. Viajei por várias razões. Burocráticas.Legais. Familiares. Sentimentais. Cemiteriais. Médicas. E por aí se vai...

Tinha a idéia de ficar até dia 30 e retornar dia primeiro de maio. Ledo engano ! Mais uma vez tive de me dobrar à força da burocracia brasileira. E à instituição mais nacional que existe : a fila. Fila no médico. No cartório. No elevador. No trânsito. No orelhão. Fiquei estupefato com o trânsito da cidade, sem "onda verde" nos semáforos. Isto é, o taxi para em todas as sinaleiras.

E retornei somente hoje, dia 17 de maio (por sinal, dia do aniversário de Santa Maria). Isto é : 25 dias de demora. E retornei sem conseguir tudo que queria.

Claro que tive enormes alegrias. Revi minha mãe. Meu filho. Dois dos cinco netos. No calçadão reencontrei centenas de amigos e ex-alunos,além de colegas da UFSM. Fui a dois médicos amigos para revisar o motor. Tirei centenas de fotografias. Rezei na catedral.

Fiz excelente viagem de retorno através do ônibus executivo da Viação Santa Cruz, cujo profissionalismo e talento dos funcionários tem de ser elogiado publicamente. E no caminho vim pensando que não estou mais habituado ao ruído excessivo,a subir e descer ruas, aos bate-bocas e travadas nas madrugadas da rua Silva Jardim, de trânsito diuturnamente intenso.

Vou fazer 71 anos e me habituei a uma praia de 9000 almas de população fixa durante 10 meses do ano. Não há ruídos. Moro na quadra de rua que desemboca no mar. Logo, não há trânsito. Nosso edificio está praticamente vazio. E agora mesmo - 20,30h do dia 17 de maio - enquanto escrevo, além do ruído das teclas do computador, apenas o barulho das ondas do mar.

O mar que vai embalar meu sono. E me trazer uma noite feliz de completo descanso.

Obrigado, mar ! Amanhã,estarei diante de ti, fazendo minha oração e falando contigo. Como faço há cinco anos.

E seguirei fazendo, enquanto Deus me permitir.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O CHEIRO DA MORTE - James Pizarro

No dia 15 de maio de 2013, às 7,30h, estavamos eu e minha mulher no Cemitério Municipal de Santa Maria. Tínhamos a missão de tirar os ossos da minha saudosa sogra - Edith Grau Souza - e colocar os mesmos no túmulo do meu sogro, Braulio Araujo Souza.  Era um desejo manifestado em vida pela minha sogra e uma promessa assumida pela minha mulher. Não havíamos feito antes porque não haviam passado os cinco anos previstos em lei para estes casos.

Quando o funcionário colocou os ossos de minha sogra no saco de plástico negro, eu estranhei o pequeno volume. E para puxar conversa, comentei isso com ele. Ele foi sintético e, distraído, disse:

- São poucos ossos...

Depois de cumprida a tarefa por 3 funcionários do cemitério e das taxas pagas, rezamos pela alma de ambos e resolvemos dar uma volta pelo cemitério. Registro aqui a gentileza e carinho dos funcionários municipais da secretaria do cemitério, fato surpreendente nos dias que correm nas repartições públicas brasileiras. Foi surpreendente o número de túmulos encontrados de pessoas que não sabíamos que haviam morrido, uma vez que moramos em Florianópolis já há mais de cinco anos. Fotografei grande número de túmulos por possuirem obras de arte em mármore e bronze. Fazem parte da chamada "arte cemiterial", pouca divulgada.

Mas o que mais me espantou foi um estranho cheiro que pairava no ar em certa zona do cemitério. Indaguei um dos funcionários que varria o local sobre a procedência daquele odor. Ele, candidamente, me respondeu :

- É o cheiro da morte.

Olhei para minha mulher e sem compreender direito, pedi informações a ele.  Deu detalhes que, para não ferir suscetibilidades, deixo de registrar. Apenas resumo tudo afirmando numa só frase a explicação dele :

- Transladaram um corpo que ainda estava em putrefação.

O dia estava sombrio. Prenúncio de chuva. Saí de lá pensando muita coisa sobre a natureza humana. Vaidade dos homens. Traições para subir na vida. Brigas por heranças. Busca desesperada por cargos e poder. Avarentos que amealham. Ricos que concentram capital e vivem uma vida de pobre. Tudo para se ficar reduzido a "poucos ossos". E depois a pó...

Abracei minha mulher, que estava visivelmente emocionada. Saímos do cemitério.

Mais uma vez firmei minha convicção antiga : quero ser cremado.  Não gostaria de ter túmulo. Se morrer em Santa Maria, gostaria de ter as cinzas esparramadas pelos morros, onde tantas vezes subi quando escoteiro. Se morrer em Florianópolis, gostaria de ter as cinzas largadas diretamente no tranquilo mar de Canasvieiras.

Para a alegria das tainhas e anchovas.

terça-feira, 14 de maio de 2013

É BOM ENTENDER ISSO...- James Pizarro

"Paus e pedras podem ferir meu corpo, mas palavras não me atingem." Esta sentença é de autoria de Pedro Pimentel Barretto.

Mas existe uma variante, de autoria desconhecida, muito usada nos grupos de mútua ajuda :

" Paus e pedras podem me agredir. Palavras ? Só se eu permitir ! "

De qualquer forma, absorver o REAL significado dessas frases e colocar em prática o que elas ensinam, vai nos poupar de muito incômodo, dor, inimizades e perda de energia e tempo.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

OBRIGADO, MEU DEUS !!! - James Pizarro

Hoje, meu Deus, te agradeço demais pela generosidade em atender meu pedido.
Foi, talvez, um dia dos mais importantes da minha vida nos últimos anos.
Não contarei publicamente a graça que me concedeste. Apenas meu agradecimento será público.
Agradeço a Ti, Senhor, para que todos saibam quão Poderoso e Bondoso és !!!
Obrigado !!!

domingo, 12 de maio de 2013

PARA PESSOAS INTELIGENTES - Rubem Alves, colunista da "Folha de São Paulo"

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche.


É o meu caso.

Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo.

Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega:

"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".

Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem.

Vou dizer aquilo sobre o que me calei:

"O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo.

Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica.

Nada mais distante dos textos bíblicos.

Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.

Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se integrasse à adoração de um bezerro de ouro.

Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!

Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!

Mas ela tinha outras ideias. Amava a prostituição. Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão.

Até que ela o abandonou.

Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre.".

Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.

O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.

As mentiras são doces; a verdade é amarga.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo.

No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões.

E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!

As coisas mudaram.

Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.

O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.

As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.

Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que

os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais.

Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.

Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis.

Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.

Indivíduos são seres morais.

Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade.

É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.

Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado.

O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão.

Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.

Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras.

O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam.

Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade.

Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.

Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.

Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.

Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.

O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer.

O povo, unido, jamais será vencido!

Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos. Mas, que posso fazer?

Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol.

Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.

Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:

"Caminhando e cantando e seguindo a canção.".

Isso é tarefa para os artistas e educadores.

O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.

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AUTOR : Rubem Alves, colunista da FOLHA DE SÃO PAULO

quarta-feira, 8 de maio de 2013

VISITA CEMITERIAL... - James Pizarro

Ontem (6/maio/2013) fui ao Cemitério Municipal de Santa Maria, RS, visitar o túmulo de parentes e alguns amigos. Fiz minhas orações, juntamente com minha mulher, nos túmulos da minha sogra e sogro, meu pai e avós maternos e paternos, muitos tios meus e da minha esposa, vários amigos.

O cemitério está passando por reformas, segundo out-door que vi anunciando uma espécie de plano diretor para o mesmo.  Vi alguns funcionários que estavam trabalhando, fazendo novas sepulturas ao lado da avenida central. Como de hábito, tirei muitas fotos, pois existem obras de arte enfeitando os túmulos das famílias mais abastadas, trabalhos em bronze e mármore. Modernamente, chamam isso de "arte cemiterial". Em Buenos Aires, por exemplo, existem roteiros turísticos que incluem visitas a cemitérios para fotos dessas obras e visitas a túmulos de pessoas famosas.

Pode parecer uma coisa mórbida, principalmente aos olhos dos mais jovens, dos mais medrosos, dos que temem a morte. Foi uma visita agradável, pois estava um lindo sol, embora friozinho. Pude visitar demoradamente os túmulos dos meus mortos, os chamados "entes queridos". Orar por eles. E me desculpar pelas atitudes ou agressões verbais que tive com muitos deles.

Podem me chamar de beato, otário, carola, trouxa. Não me importo. Saí de lá confortado. Com certeza de um dever cumprido. Uma coisa respeitosa. Um momento cristão.

Embora uma suave melancolia tenha me invadido, uma saudade tenha me brotado, saí feliz.

E na esperança de que meus mortos tenham gostado.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Meus lemas prediletos - James Pizarro

Eu sou aquilo que penso ser.

Não posso mandar na boca dos outros, não tou nem aí se falam mal de mim.

Não sofrer por antecipação.

Não criar expectativas a respeito de NINGUÉM !!!

Pedradas e pauladas podem me ferir. Palavras ?...só se eu permitir !

Surdez seletiva é importante : eu ouço apenas o que me interessa.

Quando me largam indiretas, eu faço cara de paisagem...

A paz está na ordem : se eu não tiver disciplina na minha vida, jamais estarei tranquilo.

Confio cegamente no meu cachorro porque ele não conhece dinheiro.

Orar é falar com Deus...meditar é ouvir o que Deus me diz.