sábado, 29 de setembro de 2012

VICENTÃO, O EGIPTÓLOGO - James Pizarro

Na rua do Acampamento, S. Maria, RS, funcionava o Centro de Saúde número 7. Era um órgão da Secretaria de Saúde do Estado do RS. Nas décadas de 50 e 60 ali se faziam as vacinações, consultas, raio-X, latas de leite em pó eram distribuídas.
Anos depois o Centro de Saúde foi para sua definitiva sede, à rua Floriano Peixoto, logo abaixo do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. E o antigo prédio da rua do Acampamento foi devolvido à Sociedade Italiana de Santa Maria, originalmente a dona do prédio.
Eu frequentei muito a antiga sede porque meu pai trabalhou ali durante décadas. Era o enfermeiro responsável pelas vacinações. E conheci todos os funcionários que lá trabalhavam. O sizudo e magérrimo Tolentino, responsável pela portaria. Sua esposa, dona Maria, mulata obesa responsável pelo aparelho de raio-X. O Dr. Izidoro Lima Garcia era o chefe. O Dr. Rubem Valeriano Fabrício - mais conhecido como "Barão da Bossoroca" - era o médico dermatologista e responsável pelo setor de doenças sexualmente transmissíveis (àquela época chamadas de doenças venéreas). A Julinha era a responsável pela limpeza geral do posto de saúde e também pela feitura diária do cafezinho. Julia era famosa na cidade por ser médium espírita e receber grande número de consulentes na sua modesta casa, situada próxima ao Hotel Hamburgo, na rua Sete de Setembro, logo após os trilhos da Viação Férrea.
No subsolo do Centro de Saúde trabalhava o personagem desta minha reminiscência de hoje : Vicente de Oliveira, enorme, alto, gordo, conhecido em toda a cidade pelo nome de Vicentão. Casado com dona Tolola, negra, morava na rua do Acampamento, nas imediações da casa do teatrólogo Edmundo Cardoso, de quem era grande amigo. Vicentão trabalhava no setor de fiscalização de carnes,produtos alimentares, etc...junto com o médico-veterinário Armando Vallandro que, anos depois, foi reitor da UFSM.
Vicentão amava livros. Frequentador diário da Livraria do Globo tinha crediário para comprar livros. Os gerentes Cavalheiro e Vidal Castilhos Dânia (que chegou a ser prefeito de Santa Maria, pelo então PTB) eram amicíssimos do Vicentão, assim como os intelectuais da época que se reuniam na livraria : Amaury Lenz (médico), Romeu Beltrão (médico), Prado Veppo (médico), Lamartine Souza (médico), Edmundo Cardoso (jornalista e funcionário do forum), Fernando do Ó (advogado), Eduardo Trevisan (pintor), Hygino Trevisan (advogado) e tantos outros.
Vicentão comprava livros de todos os tipos. Mas tinha preferência por livros de paleontologia, arqueologia, história. Tinha verdadeiro fascínio pelos livros sobre o Egito. Tinha centenas de livros sobre os egípcios, múmias, pirâmides, faraós...sabia tudo sobre isso. Ele mesmo me dizia : "Eu sou um egiptólogo".
Mas eu estou fazendo este registro por uma razão : Vicentão foi quem me deu de presente de aniversário o primeiro livro que ganhei em minha vida. O livro se chamava "As aventuras de Tibicuera", de autoria de Érico Veríssimo, pai do Luiz Fernando Veríssimo. Encadernado, capa de cor vermelha, o livro contava a história do Brasil narrada por um índio de nome Tibicuera. Este livro foi determinante - além da influência do Vicentão - para que eu me apaixonasse definitivamente pela literatura.
Quase todos os funcionários do Centro de Saúde daquela época já morreram.
Dona Tolola morreu e Vicentão ficou solitário. Eles tinham um filho de criação que fugiu com um circo que passou pela cidade. Vicentão ficou muito doente e, antes de morrer, fez a doação de sua monumental biblioteca para o EC, que também já é falecido.
Por isso, até hoje dou livros de presentes para meus netos. Desde pequeninos. Revistas. Livros didáticos para os netos mais velhos. Livros e polígrafos de cursinhos para os netos vestibulandos.
Na esperança de que adquiram o hábito pela leitura.
Claro, nunca serei um Vicentão.
Mas pelo menos tenho tentado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

FERNÃO "PIZARRO" GAIVOTA !!! - James Pizarro

Agora...contemplando por horas e horas a fio as gaivotas...resolvi reler "FERNÃO CAPELO GAIVOTA", a obra-prima de Richard Bach, hoje com mais de 50 milhões de exemplares vendidos em meia centena de países.
As pessoas que fazem suas próprias regras quando sabem ter razão; as que sentem um prazer especial em fazer as coisas bem feitas, mesmo que só para elas mesmas; as que sabem que a vida é muito mais do que os olhos podem ver... Todas estarão ao lado de Fernão Capelo Gaivota em sua aventura inesquecível. Uma história emocionante sobre a liberdade e os prazeres de voar que inspirou milhões de pessoas em todo o mundo.
Certamente...além de ter inspirado a milhares de adolescentes em todo o mundo...a mensagem deste livro ficou incubada em meu espírito. E foi determinante para que, aos 65 anos, eu tivesse a coragem de cortar todas as amarras com o passado. E me decidisse a vir morar à beira do mar.
Apesar do ambiente paroquiano e conservador onde fui criado, onde vivi a maior parte da minha vida, ainda sobrou uma nesga de coragem.
E voei alto. E velozmente. Tomando as rédeas da minha vida. E mudando radicalmente de direção. Estou voando. Rumo ao sol. Ao sabor de todos os ventos.
Sem medo algum...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ponte de Laguna, Santa Catarina


Já foi iniciada a construção da espetacular ponte sobre a lagoa de Imaruí em Laguna, SC. É uma verdadeira obra de arte da engenharia moderna.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Educação Precisa de Respostas - Grupo RBS


Esta pungente e dolorida peça publicitária deveria cobrir de vergonha a cara safada e deslavada dos nossos políticos !!!

E O HAITI ?? - James Pizarro

Os de boa memória haverão de lembrar que no dia 12 de janeiro de 2010 o Haiti foi praticamente destruído por um violento terremoto. Em apenas 40 segundos e com 7 graus na escala Richter,230 mil pessoas morreram.

Os países se comoveram, auxiliaram com bombeiros, voluntários, doações. E rapidamente se formou um fundo de US$ 9,9 bilhões, isto é, quase 10 bilhões de dólares !!!

Depois disso houve o terremoto do Chile, o vulcão na Irlanda, a mancha de óleo no oceano, convocação da seleção brasileira, etc...

E o Haiti ?

Alguém me dá informações do que fizeram com a fortuna arrecada no tal fundo ?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

PENA DE MORTE À BRASILEIRA - James Pizarro


A pena de morte foi aprovada no Brasil e dois homens condenados à cadeira elétrica foram levados no mesmo dia à sala de execução. O padre lhes deu a extrema unção, o carcereiro fez o discurso formal, e uma prece final foi rezada pelos participantes.
O carrasco, voltando-se ao primeiro homem, perguntou:
- Filho, você tem um último pedido?
- Tenho. Como eu adoro pagode, gostaria de ouvir o CD dos Travessos, Negritude Jr, Karametade, Katinguelê, Os Morenos e o do Belo pela última vez antes de morrer, e se for possível o CD do É o Tchan e Ki-Loucura.
O carrasco virou para o segundo condenado e perguntou:
- E você, qual seu último pedido?
- Posso morrer primeiro???

A CULPA É SEMPRE DO PROFESSOR... - James Pizarro


Quando...
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta às aulas, é um "Caxias".
Precisa faltar, é "turista"
Conversa com outros professores, está "malhando" os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama à atenção, é um grosso.
Não chama à atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances dos alunos.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, "deu mole".

É, o professor está sempre errado mas,
se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

*********************************************************
FONTE : Revista do professor de Matemática 36, 1988

domingo, 23 de setembro de 2012

DR. ROMEU BELTRÃO, MEU PROFESSOR - James Pizarro


O Dr. Romeu Beltrão foi meu mestre de Botânica Sistemática no curso de Agronomia da UFSM. Com ele fiz dezenas de coletas de material nos morros de S. Maria. Batíamos longos papos no calçadão cujos temas eram paleontologia, botânica,figuras ilustres da cidade, memorialística do município. Sempre tive por ele um grande respeito como professor e cientista.
Em 1920, Romeu Beltrão ingressou no Ginásio Santa Maria, hoje Colégio Santa Maria, já alfabetizado. Concluiu o primário em 1923 e, no ano seguinte, ingressou no ginasial, após ter sido aprovado com excelentes notas. Aos 15 anos e oito meses, em 1929, ruma a Porto Alegre, a fim de estudar medicina, na Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Na capital, morou na pensão do douto jesuíta Werner Von und Mühlen. Nessa pensão ocorriam tertúlias literárias, comuns àquela época, as quais Romeu Beltrão sempre esteve entremeado. No dia 14 de dezembro de 1934, recebeu seu diploma de médico, retornando para Santa Maria. Em fins de fevereiro de 1935, mudou-se para São Pedro do Sul para exercer sua atividade médica, em um consultório na rua Ildefonso Pinto. Nesta cidade Romeu Beltrão casou-se (28/09/1935 – com Nilza Álvares Niederauer), iniciou sua vida política, vinculada ao Partido Republicano Liberal, e sua atividade jornalística – no semanário “O Comércio”, no qual escreveu de 1935 até 1937. A partir de 1937 fixou residência em Santa Maria, onde se dedicou a medicina e ao magistério. Em 1938, no dia 10 de fevereiro, foi nomeado e empossado como professor catedrático de Botânica Aplicada à Farmácia, do curso de Farmácia, da Universidade Federal de Santa Maria. Nesse período iniciam suas pesquisas de resgate histórico. Em 1958, edita a Cronologia Histórica de Santa Maria e do Extinto Município de São Martinho, trabalho, hoje, imprescindível aos pesquisadores históricos. Realizou, também, um levantamento de todo o histórico da paleontologia de Santa Maria, co-traduziu um trabalho científico de Von Heune sobre a geologia da região santa-mariense, elaborou um dicionário geográfico de Santa Maria (que não chegou a lançar) e publicou, em artigos seriados no jornal A Razão, a biografia do Cel. João Niederauer Sobrinho, “Vanguardeiro de Itororó”, que foi lançada, sob o incentivo da Câmara de Vereadores de Santa Maria, em 1998.
O meu estimado professor - com quem muito aprendi - merecia um busto no campus da UFSM. Ou a denominação de um anfiteatro com seu nome. Ou uma placa no Departamento de Biologia da UFSM. Ou o nome de uma praça ou rua na cidade.
A comunidade de Santa Maria tem de fazer essa homenagem justa a quem tanto trabalhou por ela na área científica-cultural.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A (DES)EDUCAÇÃO DE HOJE - James Pizarro

Acabo de ver interessante reportagem na televisão (Programa da Ana Maria Braga) sobre a escola mantida pelo Salgueiro, popular escola de samba carioca. É uma academia de samba destinada a crianças e adolescentes que pretendem ser passistas, músicos da bateria, porta-bandeira e mestre-sala quando adultos. É o Salgueiro preocupando-se com a continuidade e o futuro da escola. É uma grande iniciativa porque afasta a gurizada das ruas e das drogas, desenvolvendo neles habilidades artísticas, físicas e musicais, adestrando-os para uma vida social e para o bem comum.

Mas o que achei mais interessante é que para fazer parte das aulas de samba a piazada toda tem de apresentar ao professor o boletim do colégio atestando que foi promovido de série. Isto é, quem rodou não pode fazer parte! Todo mundo sabe que meninos e meninas que desfilam no Salgueiro fazem parte de uma elite cultural estudantil.

Lembrei imediatamente do meu querido Colégio Estadual Manoel Ribas, o "MANECO" de Santa Maria, interior do RS. Na década de 60 o MANECO era uma verdadeira academia de onde saiam todos os primeiros lugares nos vestibulares da UFSM, razão pela qual era considerado o "colégio padrão do Rio Grande do Sul".

A famosa banda marcial do MANECO - ainda hoje em atividade e da qual eu fiz parte durante 5 anos - era constituída na década de 60 por mais de 200 alunos. E o Pe. Rômulo Zanchi, diretor do colégio e temido pela sua austeridade, exigia dos alunos da banda um excelente desempenho escolar de sorte que toda a cidade sabia que ser integrante da banda era sinônimo de ser bom aluno.

O MANECO de meio século atrás e a Escola de Samba Salgueiro da atualidade nisso se igualam : exigem desempenho escolar e bom comportamento para receber a distinção de representar a instituição.

Tal não é a "lucidez" e a "visão" dos responsáveis governamentais pela educação brasileira da atualidade. Mais de meio século depois das exigências do Pe. Rômulo, os pedagogos governamentais editaram uma regra absurda : "até o quarto ano do Ensino Fundamental é PROIBIDO ser reprovado". Isto é, o aluno esforçado, que estuda e nunca falta às aulas, é legalmente igualado ao aluno que - sabedor desta lei - jamais bota as mãos nos livros para estudar.

Até bem pouco tempo, nos manuais do vestibular estava escrito : "nos cursos onde a relação vaga/candidato for negativa, isto é, o número de vagas for maior do que o número de candidatos, BASTA NÃO TIRAR ZERO". Isto é, o aluno virava universitário se não tirasse zero. Em outras universidades ou cursos superiores isolados o aluno pode marcar a data e a hora para fazer seu vestibular particular, chamado-se a esta farsa de "vestibular agendado". Isso sem falar nas aulas virtuais fartamente usadas hoje, onde o aluno recebe título de graduação e de pós-graduação sem nunca ter visto os professores ao vivo e a cores, uma espécie de universidade parapsicológica.Isso que nem vou falar sobre sistema de cotas e alunos que recebem seu lugar na universidade por "doação" e não por merecimento...

Depois de quase meio século dando aula frente aluno (e não escarrapachado em salas confortáveis com poltronas estofadas e ar condicionado) eu sei de uma coisa óbvia : quando mais se facilitar a vida dos jovens, mais incompetentes, desleixados e vadios eles se tornam. Quando mais exigência, cobrança de comportamento e resultados pais, professores e escolas tiverem, mais homens e mulheres de bem o país terá.

Basta perguntar a qualquer adulto quais os professores que mais eles guardaram na lembrança e no coração. Todos eles responderão que lembram e são agradecidos aos professores mais talentosos e mais rígidos na cobrança de desempenho. Porque estes sim, amavam seus alunos e queriam sua felicidade futura. Os professores "bonzinhos" foram solenemente esquecidos.

PORQUE SOU CONTRA AS "COTAS" NA UNIVERSIDADE - James Pizarro

Dei aulas na UFSM de Santa Maria, RS, por quase 4 décadas e me aposentei. Nunca convivi com essa "reserva de mercado" de vagas que se implanta nas universidades brasileiras, eufemisticamente chamada de "cotas".
Se estivesse ainda na ativa, faria campanha contra, pois considero uma medida inconstitucional, discriminatória e que vai abrir oportunidade para que outras etnias e outros grupos sociais pleiteiem igual benefício. Amanhã ou depois os descendentes de árabes, judeus, italianos, alemães,açorianos, etc...poderão, com toda a razão, reinvindicar idêntico "presente".
A universidade é e sempre foi uma academia, onde deverão entrar os MAIS ESTUDIOSOS, os MAIS APTOS e os MAIS DEDICADOS, independentes de cor ou origem étnica. Vide caso do Dr. Joaquim Barbosa, atual relator do processo do "mensalão" no STF, brilhante, talentoso, falando 6 idiomas e vindo de uma família muito pobre.
Acho que as incrições ao vestibular devem ser gratuitas para os candidatos de baixa renda. Acho que o governo federal, via Ministério da Educação, poderia dar bolsas para os alunos pobres (qualquer que seja sua cor) para que os mesmos frequentem os melhores cursinhos pré-vestibulares. Mas a igualdade de ingresso na universidade deve ser idêntica para todos.
Afinal, restarão para os alunos que não se enquadram na política das cotas apenas metade das vagas !!! Isso é moral ? É ético ?
OBSERVAÇÃO : Eu sugiro que os alunos diplomados em Medicina, Farmácia, Odonto, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Direito, etc...tenham obrigatoriamente inscrito no rodapé do seu diploma e de seus classificados profissionais publicados na imprensa, a seguinte inscrição : "Eu me formei porque entrei na universidade pelo sistema de cotas".

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

RIQUEZA NA VELHICE - James Pizarro


Prata nos cabelos.

Ouro nos dentes.

Pedras nos rins.

Açúcar no sangue.

Chumbo nos pés.

Ferro nas articulações.

E uma fonte inesgotável de gás natural.

Nunca se pensou que a partir dos 50 se pudesse ter uma riqueza tão grande !!!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

TÃO PEQUENO E JÁ UM FDP !!! - James Pizarro


A mulher recebe o amante em casa enquanto o marido trabalha.
Seu filho de nove anos chega da escola mais cedo, vê os dois juntos e se
esconde no armário do quarto para espiar.
O marido também volta para casa inesperadamente e a mulher resolve
esconder o amante no armário, sem perceber que o filho já estava lá.

O menininho diz: - Ta escuro aqui...
O amante responde - É... Tá mesmo...
Menino - Eu tenho uma bola de beisebol
Amante - Legal...
Menino - Quer comprar?
Amante - Não, obrigado...
Menino: Meu pai tá lá fora..
Amante - Ok, quanto?
Menino - Duzentos reais...


Algumas semanas depois, lá estão o garoto e o amante presos no armário novamente.
Menino - Tá escuro aqui.
Amante - É... Tá mesmo...
Menino - Eu tenho uma luva de beisebol.
O amante, se lembrando da última vez, pergunta ao garoto: Quanto é?
O Menino - Setecentos reais.
Amante - Feito!


Dias depois, o pai diz ao garoto, pegue a sua luva e a sua bola de
beisebol, vamos lá no quintal para eu te ensinar como se joga.
O menino responde, não posso, vendi a luva e a bola...
O pai pergunta, por quanto você vendeu?'

Novecentos reais, responde o menino.


O pai, horrorizado, diz ao menino que isso não se faz, cobrar tanto de
seus amiguinhos por coisas que custam barato.
E leva o filho à igreja para que confesse para o padre.
Chegando lá, o pai leva o menino ao confessionário e fecha a porta.
O menino diz - Tá escuro aqui...

O padre responde - Nem vem!
Eu não vou comprar mais porra nenhuma!!!

domingo, 16 de setembro de 2012

EFEITO VIAGRA NA PREVIDÊNCIA SOCIAL - James Pizarro

O Ministério da Previdência publicou dados curiosos (para eles, os sabichões de Brasília). Porque aqui embaixo, na planície das vilas, operários e funcionalismo público, a gente já tinha se dado conta disso há muito tempo.
Segundo o INSS, existem 605 viúvas de 15 a 19 anos que estão recebendo pensão por morte do marido. E todo ano são novas 30.000 pensões para viúvas de maridos que eram dez anos mais velhos.
Estas pensões vão durar cerca de quarenta anos (e não quinze, como se estimava), sem contar que no Brasil a mulher dura cinco anos a mais do que o homem.
Já é comum o casamento de homens de 60 ou 70 anos com mulheres de menos de 20 anos. Especialistas já estão publicando trabalhos sobre o que eles chamam de "Efeito Viagra" e as suas consequências na concessão de pensões no Brasil.
O governo está estudando medidas para conter a alegria dos velhinhos viúvos que no fim da vida resolveram botar prá quebrar. Considero uma injustiça !
O governo deveria mexer nos roubos dos políticos, nos escândalos dos desvios de verbas, nas obras superfaturadas, nos cartões corporativos, nas CPIs que sempre terminam em pizza, no descaramento do nepotismo e tomar outras medidas saneadoras.
Mas deixem em paz os velhos que estão se beneficiando do avanço da medicina através do uso do Viagra e similares. Respeitem o derradeiro canto do cisne.
No caso, eu diria canto do...ganso !

BARBARIDADE, TCHÊ !!! - James Pizarro

Na Universidade Federal de Santa Catarina, os cientistas descobriram que três doses (cada uma com cerca de 300 ml) diárias do chimarrão típico dos gaúchos, à base de erva-mate, são capazes de diminuir em 13% o colesterol ruim (LDL) e aumentar o bom (HDL).

A explicação dos pesquisadores é de que “isso se deve às saponinas, substâncias que funcionam como espécie de detergente e reagiriam com ácidos biliares, impedindo a absorção da gordura pelo intestino”.

O mesmo efeito anticolesterol já havia sido confirmado por pesquisadores da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista.

Por outro lado, na Coréia do Sul, cientistas da Universidade de Yonsei disseram que a suplementação com erva-mate diminui o peso, a gordura abdominal e a glicose. Assim, além de prevenir placas nas artérias, a erva-mate combate radicais livres, moléculas que surgem naturalmente no organismo e que promovem a deterioração das células.

Mais uma informação científica: uma cuia ou uma xícara de chá-mate depois do almoço auxilia o intestino, favorecendo a digestão, e acelera a queima de gordura, de acordo com pesquisa da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Eta coisa boa, barbaridade tchê!...

E QUEM PROTEGE OS DECENTES ? - James Pizarro

OEA - Organização dos Estados Americanos, em recente painel no Conselho de Direitos Humanos da ONU realizado em Genebra, denunciou e fez severas advertências ao Brasil sobre violações e abusos nas prisões brasileiras.

Através de documento protocolado pela OEA no Ministério da Justiça do Brasil, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA relacionou seis pontos que devem ser cumpridos pelo governo brasileiro, entre eles "a garantia da integridade física", além de saúde, superpopulação das celas, etc...

Pena que as pessoas honestas, cumpridoras de seus deveres e trabalhadoras não podem ser contempladas por tal pedido, pois existem trabalhadores morrendo nas portas dos hospitais, superpopulação nos pronto-socorros, falta de vagas nas escolas, falta de professores, aposentados inadimplentes por causa da miséria do salário recebido, professoras sendo agredidas nas escolas por alunos drogados,etc...

Está faltando uma OEA para proteger cidadãos decentes !

sábado, 15 de setembro de 2012

GENTE DE CULTURA !!! - James Pizarro

No meio do trânsito de Florianópolis, um Mercedes com uma madame
com motorista e um fusquinha com um gordinho com a barba por fazer, estão lado a lado.

O gordinho grita, xinga, buzina, faz um escarcéu por causa do trânsito, até que a madame baixa o vidro do Mercedes e diz:

- "A paciência é a mais nobre e gentil das virtudes!" -Shakespeare, em "Macbeth".

O gordinho não deixa barato :

- "Vá tomar no cu!" - Nélson Rodrigues, em "A Vida Como Ela É".

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

MEDOS/MENTIRAS/MITOS - James Pizarro

Hoje - ao conversar com uma amiga "manezinha" (nativa da ilha de Florianópolis) - imediatamente lembrei de meu tempo de criança.
Essa amiga é cheia de superstições. Acredita em algumas coisas fantásticas. Em mitos populares. Em coisas repassadas pelos familiares mais idosos.
Minha avó me dizia que se eu engolisse um chiclete grudaria no intestino e me daria um "nó nas tripas".
Comer pão quente não podia.
Era proibido tomar banho de estômago cheio.
Pêssego com leite não se podia comer.
Melancia com uva "empedrava" no estômago.
Os amigos mais velhos e os tios ensinavam que se masturbar com muita frequência fazia criar pelos na palma das mãos.
As gurias eram doutrinadas a não lavar a cabeça quando estavam menstruadas e também não pisar de pés descalços no chão úmido e frio.
Passar bosta de galinha misturada com querosene no rosto fazia crescer a barba mais rápido.
Se a gente incomodasse muito o "Tio Santo" levaria a gente para sempre num saco. Esse "Tio Santo"  era um mendigo negro, que perambulava pelas ruas de Santa Maria na década de 50, sempre carregando um saco de estopa.
Enfim - a minha infância foi povoada de dezenas dessas histórias.
Eu cresci. Estudei. Fiquei adulto.
E logo constatei que era tudo mentira.
O mundo das crianças de hoje serão também povoados por estes medos ?
Acho que não.
É uma pena.
O que eles terão para rememorar futuramente ?


UM INSPETOR DETALHISTA - James Pizarro


O Juiz de Direito de uma pequena comarca da região da Grande Santa Maria, RS, determinou a apreensão de bens do condenado.
A casa, situada na periferia da cidade, era modesta. Pequena. Com coisas de pouco valor.
O inspetor de polícia foi designado para fazer o rol dos bens apreendidos.
O Meretíssimo Juíz, ao ler a lista, se surpreendeu com essas duas "pérolas" :
1)- um crucifixo marca I.N.R.I.
2)- uma mesa de comer velha de 4 pés...(*)

**************************

(*) Assim, mesmo, tudo sem vírgulas.

O AMOR É LINDO ! - James Pizarro


Marido cinqüentão. Diabético. Insulino-dependente. Portador de severos problemas de ereção. Esposa mais nova. Adepta da ginástica rítmica. Fogosa. Alegre. Exuberante. Cheia de amor prá dar.
A insatisfeita esposa - tremendo de desejos - incapaz de guardar sozinha aquele sofrimento,confessou seu problema para a amiga e vizinha. Que era uma tímida catequista. Muito religiosa. Beata ao extremo. Rezadora de novenas perpétuas. E que não gostava de sexo. Era a única queixa que seu marido tinha dela. Marido saudável. Viril. Atleta.
Numa dessas conversas de fim de noite, a esposa beata, bateu com a língua nos dentes. E contou para seu marido as desventuras da insatisfeita amiga com o cônjuge impotente. Isso atiçou de imediato a imaginação do marido. Que ficou fissurado com a possibilidade de arrastar a vizinha para a cama.
Tanto fez que conseguiu ! Foi um escândalo na pacata rua do bairro Medianeira. Os dois casais se separaram...
Mas é no andar da carreta que as abóboras se acomodam, diz o adágio popular. Passados alguns meses, dois novos casais tinham se formado no bairro.
O primeiro casal, formado pela discreta beata, assexuada por vocação. E seu novo marido, "brocha" por necessidade. Passaram a criar passarinhos. E ler textos bíblicos enquanto tomavam chá.
O segundo casal, formado pelos atletas vigorosos. Saudáveis cônjuges. Que passaram a assanhar a imaginação dos moradores do bairro Medianeira com os uivos eróticos brotados das entranhas daquela residência.
Os dois casais vivem muito bem...
Como as histórias de amor são lindas, né !????

UMA HISTÓRIA DE AMOR - James Pizarro


Funcionária exemplar.
Dedicada à velha mãe.
Adepta do Apostolado da Oração.
Vivia para o trabalho. A igreja. E para cuidar da mãe idosa e doente.
De repente, a vida iluminou-se.
Encontrou um namorado. Sério. Educado. Gentil.
Homem que revolucionou sua vida.
Que a fez mudar de estilo de roupas. Visão de mundo. Prazer em viver.
Belo dia, instalou-se nela a depressão. Melancolia extrema. Silêncio.
A colega mais curiosa perguntou-lhe se o namorado tinha falado em casamento.
Ela respondeu :
- Sim.
E completou :
- Falou que era ...casado !!!

EURÍPEDES, O FILHO - James Pizarro


Começou a desconfiar das saídas noturnas do filho.
Numa noite de inverno o seguiu. Pisando nas lajotas soltas da rua do Acampamento, em Santa Maria, RS. Noite chuvosa. Muito raio e trovão.
Viu o filho entrar num dos prédios. Quando o filho desapareceu no elevador, ele ainda ficou cuidando na luzinha vermelha o andar em que o filho descera.
Foi atrás. Ouviu ruídos de copos, música, gritinhos. Saiam do apartamento do final do corredor. Apertou a campainha.
Veio atender um moreno. Alto. Pintado. Rebocado. Vestido de Carmem Miranda. Que lhe perguntou o que queria.
- Vim falar com o Eurípedes.
Ele deu detalhes do Eurípedes, estatura, cor dos olhos,cabelos.
Com Eurípedes devidamente identificado, o rebocado moreno gritou com voz esganifada pra dentro do apartamento :
- Chamem o Cu-de-seda !...tem mais um cliente prá ele !
O pai desmaiou.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

MELANCOLIA E ESTUPEFAÇÃO - James Pizarro

Dia 15 de abril chegaram às locadoras monumentais clássicos de duas feras do cinema : "Clamor de Sexo" (de Elia Kazan) e "Eva" (de Joseph Losey).

"Clamor do Sexo", feito há 60 anos, é sobre a família e seus conflitos. Sobre o amor e sexo entre os jovens. Pais que são contra namorados dos filhos. Professores e pais que jamais aprenderam a ajudar seus filhos e alunos. Famílias que eram ricas e a depressão econômica tornou pobres.

Mas o que mais me chamou a atenção no filme é uma cena melancólica. Os dois namorados, cujo amor não deu certo por causa de múltiplos fatores, se encontram muitos anos depois. E é uma decepção total. O grande objeto de desejo de outrora não significa absolutamente mais nada. Tudo terminou. Eles estão secos por dentro. São estranhos. É um encontro pungente. Que remete à solidão. À melancolia.

Os mais jovens que fazem leitura dos meus textos (e que são a maioria) experimentarão esta mesma sensação futuramente. Pode ser com uma colega de infância. Uma namoradinha que ocupou nosso cérebro e nossa alma com sofreguidão. Uma colega de faculdade. Pessoas que foram importantes no nosso mundo afetivo.

Passam-se os anos. E ao rever aquela pessoa que deixava nosso coração em chamas, ela se transforma num borrão na paisagem. Não nos diz mais nada. Tudo virou uma oceânica decepção.

E a gente vira as costas.
E saí caminhando. Passos lentos. Olhar perdido.
Uma ardência no peito.
E uma certa estupefação diante do mundo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

FILHOS-DA-PUTA, ME AGUARDEM !!! - James Pizarro


Sim, tenho cara de espanto.
Cara de estupefação. Asco.
Sim, detesto vocês !
Só olham prá mim em ano de eleição.
No Natal. Páscoa.
Sim, odeio vocês todos !
Vocês, seus merdas da Igreja.
Merdas do Lyons. Rotary. Evangélicos.
Sim, eu moro aqui neste chiqueiro !
Mas os porcos são vocês, cambada de ladrões !
Minha barriga inchada não é de comida !
Está cheia de vermes, seus vermes !
Mas eu vou crescer aqui.
Faminto. Sem água encanada. Sem luz.
Mas eu vou crescer. E vou matar vocês !
Me aguardem, seus filhos-da-puta !!!

RÉQUIEM - James Pizarro

O
Orgasmo
Na
Orgia

É



O
ÓBITO
Do
Ovário
(J. Pizarro,Curitiba/1971)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

NA MINHA SACADA A VIDA TEM LUGAR - James Pizarro

Na sacada do meu apartamento ficam dois varais de roupas. Cadeiras, carrinho e mesa de praia. E também um carrinho de feira. Com o qual me abasteço no "Direto do Campo".
A sala se abre para a sacada através de uma grande porta de correr. Guarnecida de vitral transparente que toma o tamanho todo da porta. O que garante iluminação feérica em dias de sol. E vista para árvores, prédio vizinho, rua,passantes e uma pedaço de mar.
Mas o que mais importa na minha sacada é que a transformei num grande refeitório para pássaros. Em cima do muro que a guarnece coloco ração feita de milho picado, arroz picado e farelo de trigo.
A princípio, apareciam apenas pardais. Nos primeiros dias, quatro ou cinco. Depois, cheguei a fotografar dezoito. Uns voam e levam no bico grãos para ninhos construidos nos beirais da pousada que fica ao lado do nosso prédio. Muitos filhotes também aparecem.
Atualmente, além dos pardais, me visitam rolinhas, periquitos coloridos, bicos-de-lacre. Por duas vezes apareceram sabiás. E só uma vez apareceu uma pomba solitária.
Evito alimentar pássaros que vivem livremente com grãos de alpiste, girassol ou painço porque muitos deles - sobretudo as rolinhas e os pombos - não conseguem descascar as sementes, o que causa inchaço em seus papos lhes causando a morte.
Duas vezes por semana higienizo o muro da sacada, removendo os restos de grãos e os excrementos conservando o beiral sempre limpo.
Coloco a ração três vezes por dia : às seis da manhã, quando levanto, depois do almoço e à tardinha. Os pássaros são pontuais e os encontro em alegre cantoria nestes três horários. Vivem em liberdade e têm garantida uma fonte diária de nutrição, enquanto eu ganho o convívio e o canto. Aprendi a observá-los em silêncio enquanto tomo meu chimarrão, sem me movimentar muito. Observo o comportamento deles e bato dezenas de fotos. Já consegui algumas vezes levantar e ficar escorado na grade da sacada sem que eles voassem embora. Já estão se acostumando com minha presença e permitindo uma aproximação cada vez maior.
Muitos amigos ficam surpresos quando lhes narro estas minhas experiências. Outros escutam e fazem cara de desdém. Houve até alguém que me disse : "Estás ficando velho, Pizarro". Confesso que não entendi a relação.
Nem de longe suspeitam - com suas almas sem sensibilidade - que minha qualidade de vida aumenta com o convívio e a contemplação dos pássaros. Eles nem suspeitam que estes pássaros - além do canto e do colorido - contribuem para o equilíbrio ecológico, quando se alimentam de insetos e pragas que atacam as plantas. Muitos deles funcionam como agentes polinizadores das flores, aumentando a produção dos frutos. E grande número de pássaros - ao levarem sementes de um lugar para outro - contribuem com a disseminação das plantas fazendo o papel de semeadores naturais.
Estou pensando em outros tipos de rações e uns dois bebedouros, o que fará que apareçam outras espécies, como bem-te-vis, coleirinhas e beija-flores.
Espero não perder jamais a sensibilidade para estas coisas. Não perder o dom do mistério. Nem a capacidade de me enternecer diante de catedrais ambulantes de vida como são estes delicados seres vivos.
Devo dizer que me sinto bem em companhia deles.
O que já não posso dizer em relação a muitos humanos.

NAMORADO, FICANTE ou PEGUETE ? - James Pizarro

Passeando pelos milhões de blogs existentes sempre encontro curiosidades.
E também me dou conta das novidades nas relações humanas. Ou seriam desumanas ?
Uma jovem catarinense, de nome Tatiane, escreveu no seu blog esta conceituação didática diferenciando NAMORO, FICANTE e PEGUETE :

"NAMORO (grau de compromisso elevado exige satisfações e respeito mútuo)
FICANTE (grau de compromisso médio - Ou seja, nada de showzinhos ou crise de cíumes, mas é preciso respeitar o ficante e não pegar outro na frente dele)
PEGUETE (sem grau de compromisso - bundalelê total)"

Puxa vida ! Eu sou tão velho que sou do tempo do namoro, noivado e casamento. E tudo com a mesma pessoa. Devo passar por um alienígena diante dos mais jovens.
E se eu disser que namorei dois anos, noivei um ano e estou casado há 49 anos, certamente vão me internar numa clínica psiquiátrica...

sábado, 8 de setembro de 2012

ANA NEGRELLO - James Pizarro

Florianópolis é uma cidade ecumênico-cosmopolita, onde gente de todos os cantos do mundo aqui residem ou visitam. E os que vêm uma vez querem voltar sempre. Ou planejam residir aqui.
A gauchada já ocupa 33 % da população permanente da ilha, segundo dados do IBGE. São gaúchos residentes e eleitores aqui, grande maioria deles de aposentados feito eu e minha mulher.
Em praias como Canasvieiras e Ingleses, o percentual de gaúchos chega a cerca de 80 %. Prova disso é que em Canasvieiras se realiza todo ano a Semana Farroupilha, que culmina com grande festa e passeata no dia 20 de setembro. Há uma semana de festas perto do Super Imperatriz, com grande acampamento crioulo, churrascadas, invernadas artísticas, declamações, provas campeiras, etc...
Existe grande número de artistas, principalmente cantores, aqui radicados. Cito a dupla Mônica e Gocha (que cantam no Hotel Magestic e moram em Canasvieiras), a dupla Izamar e Luíz (de Santa Maria, moradores na Lagoa da Conceição), Ana Negrello (também de Santa Maria e residente em Canasvieiras), etc...
Mônica e Gocha são nossos companheiros da matriz de Nossa Senhora de Guadalupe, onde são responsáveis pela liturgia e cânticos da missa das noites de terça-feira.
Izamar e Luíz (ela professora estadual e ele funcionário da UFSC, ex-funcionário da UFSM) cantam em bares e restaurantes da ilha, além de gravar comerciais para agências de publicidade.
Ana Negrello, além de animar bares, restaurantes e convenções, faz shows individuais e é responsável pelo Coral Vozes em Sintonia, composto por mais de sessenta integrantes da Terceira Idade da praia de Canasvieiras.
Ana Negrello é contratada do restaurante Churrasco ao Vivo, situado em frente ao Banco do Brasil de Canasvieiras, onde atrai um público enorme de frequentadores e apreciadores de boa música. Quem quiser contratá-la para eventos com música ao vivo, pode ligar para 48.3304.5866 ou 48.8837.5866 ou 48.8468.6837. Ou se preferir, entrar em contato com inegrello@hotmail.com
Assim, Santa Maria se sente umbilicalmente ligada a Canasvieiras.
E graças a isso, a saudade do torrão natal não é tão grande.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

UM DIA ELE NÃO VIRÁ - James Pizarro

Fico irritado quando falam em cão "vadio". Desses que existem às dezenas pela praia e ruas de Canasvieiras. Vadio é o dono irresponsável que o deixou na rua. Que não o esterilizou. Que jogou o filhote ao abandono.
O nome técnico é cão "errante". Que erra, isto é, que vagueia sem rumo. Sem paradeiro. Sem norte. Destino. Dono. Afeto. Que luta pela sobrevivência no inverno, na baixa temporada. Pois na ausência de turistas, os restos de comida se tornam escassos.
À noite, na época das baixas temperaturas, eles se recolhem sob as marquises. Onde são acolhidos pelos mendigos. Que também tremelicam. Perdem peso. Adquirem sua bronquite. Pneumonia. Entranhas cheias de vermes. Pelos com ectoparasitas.
Como moro a trinta metros do mar e caminho diariamente na praia, levo restos de comida para os cães. Para um deles em especial. Este que aparece na foto, tirada por meu genro Gustavo Bonanni.
Parece um lobo. Lindo animal. A miséria não lhe tirou a dignidade. O porte altaneiro.
Ele espera a mim e minha mulher. Levamos a comida em sacos plásticos. Depois que ele come - e também outros comem - recolhemos os sacos e colocamos nas lixeiras. Os outros cães se vão.Passam. Cumprindo seu destino de passantes.
Mas este, em particular, costuma caminhar conosco. Faz festa. Ele não possui músculos da mímica, como os homens. Logo, não podem fingir.
Então ele sorri como pode.... sacode a cauda.
Parece um lobo. Pelo lindo, embora sujo, tem meu cão predileto.
Eu não posso trazê-lo para casa. Adotá-lo. Como seria meu desejo. Pois moro num apartamento.
Mas ele - nos enigmas tortuosos lá do seu genoma - "sente" que temos uma ligação de afeto.
Cada manhã que piso na areia vislumbro a praia em toda a sua extensão, não sem certa ansiedade. E eis que lá vem ele, como surgido do nada.
Mas já experiente na vida, sei que um dia ele não virá. Ele poderá ter partido para sua definitiva viagem espacial, rumo ao Grande Deus dos Cachorros.
E ninguém mais, a não ser eu, sentirá falta dele.
Mas também poderei eu partir antes dele. Quantos sentirão falta de mim ?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MINHA VIDA DE RADIALISTA (Parte 1) - James Pizarro















Nas fotos acima, existem vários colegas já falecidos : Fábio Baldissera (Engenheiro da rádio), Adelmo (técnico), Favarin "Boca" (programador musical), Prado Veppo (apresentador de "Habitantes do Afeto"), Ivone Saccol (redatora), Sérgio de Assis Brasil (apresentador de programas nativistas e de jazz).
***Nesta época eu usava barba e me encontrava em visível e saudável estado de robustez, com meus 140 quilos...rssssssssss

MINHA VIDA DE RADIALISTA (Parte 2) - James Pizarro



Durante 28 anos mantive na Rádio Universidade (UFSM, Santa Maria, RS) várias atividades :
a)- um programa semanal de 2 horas, de educação ecológica, chamado "Antes que a Natureza Morra", apontado pelo Ministério das Telecomunicações como "o primeiro programa de educação ambiental do rádio brasileiro";

b)- fui radioator infantil numa série de 87 capítulos da radionovela "As Histórias do Sapinho Hortêncio, o Protetor das Espécies", escritos pelo ator João Teixeira Porto, onde eu fazia o papel do sapinho e o Porto fazia o papel do Curupira;

c)- "Biologia em Destaque" : 3 inserções diárias (às 9h, às 15h e às 21h), com duração de 5 minutos, onde contava curiosidades da fauna e da flora.

d)- atuei também em transmissões ao vivo,cobertura de vestibulares, entrevistas, apresentação de noticiários e programas (quando faltava o locutor da hora), etc...

***Nas fotos, a equipe daqueles anos, que marcou época na história do rádio do interior do RS.

A MORTE DO DESENHISTA - James Pizarro

Quando tinha 14 anos, depois de tirar nota máxima na disciplina de Desenho durante todo o Ensino Fundamental (chamado de "Ginásio" à época), decidi ser desenhista. Eu tinha uma espécie de baú de vime atrolhado de milhares de desenhos e pinturas.
Devido à falta de dinheiro da família, eu misturava tinta de sapato, cola e talco e passava em cima de folhas de papelão e esperava endurecer. Depois fazia desenhos em cima com uma lâmina de barbear. Devido a esta "técnica" inventada por mim, a professora Dilma, minha mestra de Desenho no Colégio Estadual Manoel Ribas, em S. Maria, RS, promoveu uma exposição dos meus trabalhos nos murais e corredores da escola. Foi um sucesso no meio dos colegas pelo inusitado do material usado.
Tendo o incentivo da professora Dilma, fui falar a meu pai que queria entrar no então existente "Instituto de Belas Artes", que funcionava na rua do Acampamento, dirigido pelo maestro Garibaldi Poggetti. Lá ministrava cursos de desenho o pintor Eduardo Trevisan.
Meu pai, horrorizado pela idéia de que eu pudesse abandonar o estudo formal e sendo vítima também do preconceito que se tinha na década de 1950 contra artistas em geral, não deu seu consentimento. Lembro da terrível discussão que se seguiu, fruto da intolerância de meu pai e de minha rebeldia. Indignado por ver frustrado meu desejo, carreguei meu baú de desenhos para o meio do quintal e, munido de uma garrafa de álcool, toquei fogo em tudo. Enquanto via desaparecer meus desenhos e minhas pinturas sob a inclemência das chamas, eu chorava de pena e de ódio.
Durante os 45 anos que dei aulas de Biologia na UFSM, cursinhos e colégios, os alunos ficavam admirados com os belos desenhos de plantas, animais, órgãos, etc...que eu fazia no quadro-negro. Mal sabiam eles que eu estava sendo um artista naqueles momentos e não um professor comum de Biologia, tentando resgatar meus desenhos adolescentes das chamas do passado e da incompreensão do meu pai.
Meu futuro de desenhista e pintor foi abortado por meu pai. Certamente, na melhor das boas intenções. Mas foi minha primeira frustração.
Eu pagaria um preço alto para ter alguns desenhos daqueles de volta. Para dar de presente aos meus cinco netos. Mas este é um milagre impossível.
Morreu minha professora de Desenho.

Morreu oGaribaldi Poggetti.
Morreu o Eduardo Trevisan.
Morreu meu pai.
Evaporaram meus desenhos.
E se volatilizou meu sonho.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O HOMEM-GARÇOM - James Pizarro

A mulher necessita de um sensível garçom.
Que saiba escolher um bom cardápio.
Café na cama - ao amanhecer.
Flores, à tarde.
Um tórrido orgasmo, à noite.

A DOR - James Pizarro



Aprendi que por mais que eu queira proteger meus filhos,
eles vão se machucar.
E eu também.
E que isso

É natural.
Porque a Vida é assim.
Muito pouco

Se aprende com a alegria.

E se aprende tudo
Com a Dor.

AVENIDA TÊNIS CLUBE : UM NINHO DE AMIZADES - James Pizarro


Nos anos 70 aprendi a jogar tênis nas quadras do ATC - Avenida Tênis Clube, de Santa Maria. E durante os anos 80/90, praticamente todos os dias, passava as minhas horas de folga nas dependências do clube, ora fazendo sauna, ora jogando tênis,ora fazendo churrasco, ora jogando bocha. E os familiares juntos.
Na quadra número 1 jogavam somente os tenistas veteranos. Na quadra 2, os "Seniors A". Na quadra 3, os "Seniors B". Nas quadras 4, 5 e 6, os juvenis, as mulheres e os demais tenistas que não disputavam o ranking. Grande número disputava por puro lazer, entretenimento, e pouco estavam se importando para o resultado da partida. Já outros, principalmente entre os veteranos, se concentravam, dormiam cedo, e entravam na quadra como se fossem disputar uma final em Winblendon (lembro de dois exemplos : os falecido Jarbas Cunha e o médico Heitor Silva, coronel do Exército, apelidado de "Fofo", pois assim o chamava sua esposa).
Lembro de dezenasdaqueles queridos amigos.
1)- Anterinho Scherer (médico, ex-prefeito de Cacequi, famoso por suas folclóricas histórias);
2)- Máximo Knackfuss (professor do Curso de Engenharia da UFSM,que se emburrava por qualquer motivo);
3)- Ênio Ferraz (representante de laboratório médico, apelidado de "Nonô", que teve a capacidade aeróbica tirada pelo tabagismo);
4)- Alberto Leitão (de pavio curto, principalmente nos jogos de duplas, pois já no primeiro erro do seu companheiro começava a reclamar);
5)- Arno Böhrer (era o alvo predileto das brincadeiras do Jarbas Cunha e, ignorando sua idade, jogava várias horas por dia).
6)- Abdo Achutti Mothecy,farmacêutico,ex-jogador de basquete, dono de uma loja de aviamentos militares - e também de cortinas - na praça Hector Menna Barreto (ex- praça da República), mais conhecida por "pracinha dos Bombeiros". De origem libanesa, Abdo é casado com Tereza dos Santos Mothecy, mais conhecida por "Terezinha" ou "Tereca". Lembro que o térreo da loja do amigo Abdo era quase uma extensão do ATC, pois ali se reuniam para tomar cafezinho os veteranos do clube, às vezes atrapalhando as atividades comerciais do dono. O Abdo sempre foi generosamente um pacificador, um aglutinador. Adorava pescarias e histórias antigas da cidade;
7)- Adaí Bonilha, dentista, esposo da também tenista, Dona Olga, que por muitos anos também foi professora de tênis das crianças iniciantes;
8)- Álvaro Pfeifer,corretor de imóveis, professor de Matemática,fumante inveterado,dotado de notável espírito de humor;
9)- Arno Werlang, juiz, diretor do forum de Santa Maria, hoje desembargador em Porto Alegre, pai do Gerson Werlang (integrante da banda "Poços e Nuvens" e professor universitário de música);
10)- Arlindo Mayer (engenheiro, professor do Centro de Tecnologia da UFSM);
11)- Armando Vallandro (grande jogador de basquete do passado, apelidado de "Picolé", ex-reitor da UFSM);
12)- Alnei Prochnow (também professor da UFSM, sempre alegre e disposto a uma brincadeira);
13)- Claudio Morais (coronel do Exército);
14)- Dalmo Kerling (engenheiro, dono da Construtora Dikrel, hoje morando em SC);
15)- Dalton Kortz (ex-funcionário da Livraria do Globo,vendedor autônomo, hoje pastor, talvez o mais brincalhão de todos);
16)- Darkson Cunha (professor do Centro de Educação Física da UFSM, filho do falecido tenista Jarbas Cunha);
17)- Evaldo Morais (coronel do Exército, morador da faixa velha de Camobi, gostava de tocar violão e cantar músicas de seresta);
18)- Gerson Morais (funcionário da agência central do Banco do Brasi, à avenida Rio Branco);
19)- Heitor Silva (campeão de tênis do Exército Nacional, cheio de estilo até no caminhar, tinha consciência exacerbada de que era um grande atleta);
20)- Jorge Merten (médico traumatologista);
21)- José Carlos Pithan (dentista e professor da UFSM);
22)- Luiz Carlos Lang (dono de um reputado escritório de contabilidade, apreciador de vinhos chilenos);
23)- Luiz Carlos Pistóia Oliveira (engenheiro e professor da UFSM, casado com a professora de Química, Ana Jamile Mothecy);
24)- Luiz Carlos Morales (advogado, casado com Jane Morales);
25)- Luciano Rocha (cearense, professor da UFSM, dentista especializado em Odontopediatria, casado com Neuza Mothecy, também dentista);
26)- Manoel Argentino Sissy (oriundo de São Borja, de apelido "Fanha", notável contador de casos);
27)- Manoel Vianna (dentista, professor da UFSM, também de pavio curto)
28)- Paulo Roberto Oliveira (professor de Química da UFSM, ex-jogador de basquete);
29)- Simão Sampedro (coronel do Exército, irmão do também tenista, Renan Sampedro, professor de Educação Física da UFSM);
30)- Roberto Bisogno (dentista, radialista, professor da UFSM);
31)- Roberto Leitão (engenheiro, professor da UFSM);
32)- Lang (engenheiro, professor da UFSM e dono das piscinas "Golfinhos");
33)- Bins (coronel da Aeronáutica, comandante da Base Aérea de Santa Maria);
34)- James Souza Pizarro, meu filho, que foi um talentoso tenista da categoria infanto-juvenil e disputou alguns torneios no RS defendendo o nome do ATC, na companhia de Álvaro Pfeifer,Máximo Knakfuss, Roberto Bisogno e Arnaldo Valty (médico mineiro, oncologista, que trabalhava no Serviço de Cobaltoterapia da UFSM).
Foram anos e anos felizes, com jogos diários,seguidos quase sempre de churrascos. Infelizmente, com o passar dos anos e no "curso natural dos acontecimentos" (como diria meu amigo e colega Joel Abílio Pinto dos Santos, já falecido), a morte vai levando os companheiros. Outros se mudam de cidade ou de clube. Outros simplesmente deixam de jogar. Outros, premidos pelas exigências profissionais, se distanciam. É a vida...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

SANTA MARIA : ANUÁRIO 2012 - James Pizarro

Acabo de receber o "Anuário 2012 - Santa Maria Potencialidades" ou "Santa Maria Potentialities - Anuary 2012", já que a edição é bilíngue. É um anuário de 106 páginas, ricamente ilustrado e com planejamento visual espetacular.

A publicação é uma iniciativa do "Grupo A RAZÃO" com sede à rua Paul Harris, 2, SantaMaria/RS, cujo diretor responsável é Alexandre de Grandi (meu querido ex-aluno e amigo, a quem conheço desde os primeiros meses de vida). A supervisão geral é do jornalista Gaspar Miotto, meu amigo de muitas décadas e colega de docência da UFSM.

A editoria e redação são também de dois ex-alunos meus : Ricardo Ritzel e João Fabrício Minussi. O projeto gráfico e a diagramação são de Rodrigo Fortes, enquanto a versão em Língua Inglesa é do professor Fernando Cardoso.

As fotografias que ilustram o anuário são de autoria de Rafael Dias, Gilvan Peters, Claudio Machado e Marco Fank. Também foram usadas fotografias dos arquivos de A RAZÃO, Clube Dores e Prefeitura Municipal.


O anuário é didaticamente dividido em 8 capítulos : A Cidade, Logística, Educação, Economia, Cultura, Saúde, Turismo e Segurança.´

Tenho mostrado a todos os amigos catarinenses aqui de Canasvieiras, Florianópolis, este anuário e até mesmo emprestado para alguns para uma leitura mais minuciosa, pois tenho orgulho de mostrar a eles o meu torrão natal.

Quero fazer um agradecimento especial ao meu grande amigo Valter Antoninho Bianchini, colega da UFSM e proprietário da fábrica das famosas facas Coqueiro, que teve a gentileza de me enviar um exemplar deste anuário, com a seguinte dedicatória :

"PIZARRO : quando olho os morros da cidade, devo a ti o ar mais puro que respiro "antes que a natureza morra". Um abraço do Bianchini"

Bianchini, que foi Pró-reitor de Extensão Rural da UFSM, cedia um dos veículos da universidade e motorista para me transportar a mais de 150 cidade onde fiz palestras de meio ambiente no RS (viagens pelas quais nunca ganhei diária, pois era um trabalho voluntário meu e de extensão). Sempre entendeu meu trabalho e me prestigiou. E ele sabe que, anos depois, como vereador eu movi uma férrea campanha na cidade pelo fechamento e proibição de funcionamento de várias pedreiras que estavam a destruir os principais morros que cercam Santa Maria. Daí a razão de sua dedicatória no anuário.

São reconhecimentos assim que emocionam e gratificam o trabalho da gente.