segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Bei Entrevista - Augusto Martins


O português mais santa-mariense do mundo conta sua vida, o trabalho junto com o pai, Manoel Martins, e como o seu restaurante se tornou um dos pontos de encontros mais tradicionais da cidade, além de histórias inusitadas que presenciou em seus mais de 60 anos de trabalho e amizades em Santa Maria.

FRANKLIN CASCAES, O BRUXO DA ILHA - James Pizarro

FRANKLIN JOAQUIM CASCAES, popularmente conhecido como  "o bruxo da ilha", foi o maior mitólogo da arte catarinense, sobretudo do aspecto da mito-magia da Ilha de Santa Catarina (que muitos chamam erroneamente de Ilha de Florianópolis).

CASCAES nasceu em Itaguaçu, cidade de São José, SC,  em 16 de outubro de 1908, filho de Joaquim Serafim Cascaes e Maria Catarina Cascaes. Foi casado com Elizabeth Pavan Cascaes.  CASCAES faleceu em 15 de março de 1983, aos 75 anos.

Realizou centenas de exposições de 1931 a 1978 (tenho a listagem de todas as exposições realizadas). Ficou muito famoso perante o público pela montagem de seus famosos presépios nos mais diferentes locais de Florianópolis. São lembrados até hoje os presépios montados no "campus" da UFSC (de 1977 a 1983). Confeccionou e fez doação de muitas imagens, além de restaurar outras tantas em capelas e igrejas da cidade. CASCAES ainda deixou 925 desenhos que estão guardados e conservados em mapotecas destinadas a este fim.

Existem muitos artigos escritos a respeito da obra de CASCAES. Mas escritos por ele mesmo consegui encontrar apenas dois textos :"As Bruxas da Ilha de Santa Catarina" (publicado na revista Brasileira de Folclore, em 1963) e "A Bruxólica Magia da Ilha" (publicado no jornal O ESTADO, de Florianópolis, em 7 de agosto de 1971).

O melhor estudo que consegui encontrar (até agora) sobre CASCAES está no livro de uma professora universitária paranaense da UFPR, Adalice Maria de Araújo, que também é pesquisadora e crítica de arte. Adquiri esta obra na Feira do Livro da UFSC, no início de 2013, junto com mais de 58 livros que encontrei sobre a ilha de diversos autores. A obra de Adalice tem por título "FRANKLIN CASCAES, O MITO VIVO DA ILHA", 153 páginas, editado em 2008 pela Ed. da UFSC.

A obra de CASCAES, assim como de outros artistas catarinenses, deveria ser conteúdo obrigatório de estudo nas séries iniciais do Ensino Fundamental das escolas da rede pública do estado de SC ou, pelo menos, nas escolas de Florianópolis.



sábado, 28 de setembro de 2013

SOBREVIVENTE - James Pizarro

Toda semana morre um conhecido, um amigo, um ex-aluno. Às vezes, mais de um. Que coisa chata isso !

Tenho me sentido com uma certa onipotência de...sobrevivente !

ORAÇÃO E FÉ - James Pizarro

Nas minhas orações - principalmente quando acordo e me dou conta que estou vivo - só agradeço e
louvo. Não peço nada.

Deus sabe do que preciso e, se ainda não ganhei, é porque não sou merecedor. À medida que eu for evoluindo, corrigindo, as coisas irão acontecendo ao natural.

Minha fé e minha lógica me dizem isso.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

NEM FEDE, NEM CHEIRA - James Pizarro

A ideia que me ficou na cabeça - depois de anos e anos de aulas de História no MANECO, colégio exemplar de Santa Maria, RS - foi de que o mundo ocidental teve duas pátrias intelectuais. Na Modernidade, a França. Na Antiguidade, a Grécia e Roma.

Estudei quatro anos de Latim e - por consequência - muita coisa sobre Roma e os romanos. E nas mínimas coisas, nos ditos populares mais simples, sinto o dedo de Roma.

Quando a gente quer desprezar uma pessoa, diminuí-la, dizendo que a mesma não tem importância alguma, afirmamos que ela é "um zero à esquerda da vírgula". Ou então, o gaúcho usa muito o "nem fede nem cheira".

Em Roma essa expressão já existia : "NEC UTILIS, NEC INUTILIS". Tradução : não é útil, nem inútil. Não é pega, nem gavião. Não é carne, nem peixe. Isto é : "Nem fede, nem cheira".

Simples, não ?


domingo, 22 de setembro de 2013

VAIDADE PRA QUE ? - James Pizarro

Tempo perdido em demasia em frente ao espelho. Perseguir a fama. Idolatrar o sucesso. Orgasmo com excesso de bens materiais. Sentimento de superioridade em relação aos outros. Exibicionismo com carros, jóias, roupas. Prepotência. Onipotência. Desdém.

Quantas pessoas a gente conhece que cultuam esses "atributos" ?

Recomendo a eles uma meditação profunda sobre um pensamento comum no meio dos romanos séculos antes de Cristo :

"HOMO HUMUS; FAMA FUMUS; FINIS CINIS."

Tradução tupiniquim :

 "O HOMEM É BARRO; A GLÓRIA É FUMO: O FIM É CINZA."

sábado, 21 de setembro de 2013

E QUANDO A BELEZA SE FOR ? - James Pizarro

" Forma bonum fragile, aeterna sapientia lucet " : esse verso de Ovidio (Arte de Amar I), que aprendi nas aulas de Latim do professor Albino Seibel, no glorioso MANECO, pode ser traduzido com...o "A beleza é um bem frágil; a sabedoria brilha eternamente". Na Escola Normal de Cataguases, MG, esta frase é o lema da primeira turma de moças que se diplomaram em 1917.

Será que as jovens mulheres de hoje pensam nisso ?

Quem delas centrar todo seu substrato de vida exclusivamente em cima da aparência, farão o que quando a ação da gravidade agir e despencar tudo, transformando o corpo numa geografia excêntrica de varizes, rugas, celulite, minguado colágeno e manchas hemorrágicas ?


O que farão ?

CRIANÇA IDOSA - James Pizarro

Um vizinho chato de condomínio resoveu pegar no meu pé porque saio todos os dias para ir ao Supermercado Nacional, na avenida Medianeira, local onde se reunem os colecionadores de álbuns de figurinhas. Segundo à sua "evoluída" cabeça, ele acha que não fica bem para um professor universitário de 75 anos andar trocando figurinhas de futebol. É um pobre coitado...

Tenho misericórdia por quem não sabe voltar a ser criança...porque já morreu há anos e esqueceu de ir para o cemitério !

O que sobra de nós na cabeça dos netos é a nossa capacidade de convívio pacífico e bem humorado com eles...e não o nosso autoritarismo moralista !

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O FUTURO- James Pizarro

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Aos 71 anos, cada vez que me perguntam sobre planos, sobre a vida, sobre o futuro principalmente, eu fico a meditar alguns segundos.

E nada melhor me vem à mente do que uma irônica e sábia frase do Manoel de Oliveira :

"O futuro - para mim que estou velho - é o Paraíso ou o Inferno. É o Paraiso, pelo clima ou o Inferno, pelas companhias"

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O ANJO DA GUARDA - James Pizarro

Minha avó materna, D. Olina, me amava de maneira incondicional e era cega para meus erros e pecados. Foi a pessoa que mais influenciou minha vida. Não há dia que não lembre dela, embora tenha morrido em 12 de novembro de 1974.

Entre milhares de coisas que aprendi com ela, duas coisas ficaram para sempre na minha cabeça. A oração do Anjo da Guarda e uma frase a respeito de Deus.

Até hoje, antes de dormir ou nos momentos de aflição, sempre rezo :

" Santo Anjo do Senhor
 meu zeloso guardador
 já que a ti me confiou
 a piedade Divina:
 hoje e sempre me governa,
 rege, guarda e ilumina.
 Amém. !

A frase a respeito de Deus, que ela sempre me repetia na hora de dormir, era sintética, positiva e otimista :

" Pode dormir tranquilo que Deus está acordado."

Em ambos os casos, minha avó tinha razão. Foram dois grandes ensinamentos. Minha avó foi a coisa mais próxima do conceito de santidade que conheci em minha vida.

Às vezes, fico a pensar que minha avó - depois de morrer - passou a ser meu segundo anjo da guarda.

domingo, 15 de setembro de 2013

A IRA - James Pizarro

Talvez a mais brutal agitação da mente, uma excitação mental perturbadora e veemente. A ira está ligada a dezenas de outros sentimentos.

Revolta...ressentimento...exasperação...indignação...vexame...acrimônia...animosidade...aborrecimento...hostilidade...irritabilidade...ódio. E tantos outros...

E a reação que permeia todas essas sensações é uma só : a VIOLÊNCIA.

Pode haver algo mais perigoso do que a IRA ?

James Pizarro (entrevista de 1992)


sábado, 14 de setembro de 2013

O PROTECIONISMO - James Pizarro

Tenho pena das famílias que protegem demasiadamente seus filhos.

Parece um paradoxo, mas família extremamente colada, soldada, unida - simbiôntica e mutualística,  como quer a Psiquiatria - complica os descendentes. Adoece os mesmos. Produz-se um emaranhado de nós neuróticos. Que terão de ser desatados pela dor, futuramente.

O terapeuta terá de ensinar que os pais morrem. Os filhos têm de partir para encontrar seu caminho. Sobreviver é uma luta individual.

Os filhotes de mamíferos selvagens só mamam enquanto precisam do leite materno  para formar os dentes e o esqueleto. Depois são expulsos do convívio dos pais. Precisam encontrar caça sozinhos.

Senhores pais protetores : cuidado com o paternalismo em demasia !

Pode impedir que o protegido atinja o estágio adulto.

A TERAPIA - James Pizarro

Qualquer terapeuta, psicólogo, psiquiatra, analista, pai de santo ou sacerdote  pode confirmar que existe uma diferença fundamental entre o homem e a mulher.

A mulher - mais sensível e inteligente - procura o analista para investir. Para crescer. Para prevenir.

O homem - sempre metido a sabichão e mais burro - procura o terapeuta para recuperar o que perdeu. Para fechar feridas. Para apagar incêndios.

Terá sorte se ainda lhe restar tempo.

O IDEALISMO - James Pizarro


Quem erra sempre tem uma desculpa para seus erros. Nunca assume a culpa.

Por isso, a gente tem de tomar todo cuidado possível com os chamados "idealistas".

Esse tipo de gente - como o Hitler, o Aiatolá Khomeini e o pessoal da Santa Inquisição - mataram cerca de 300 milhões de pessoas.

E tudo por idealismo !!!

O TEMPO - James Pizarro

O tempo é precioso demais para a gente ficar emburrado.

Temos de aproveitar bem o tempo. Porque a vida é uma coisa mágica.

Não é crível que alguém gaste seu tempo - dentro de um processo mágico - para ficar emburrado.

Não nascemos prá ficar fazendo beicinho...

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O PÊNIS - James Pizarro

O homem quer oferecer apenas o pênis para a mulher.

Mas a mulher deseja o homem inteiro. O homem com afeto. Carinho. Romantismo. Enfim, o

companheiro total. Que, além disso tudo, também tem...pênis !

Tão simples...e tão desconhecido pela mente masculina ...

A FELICIDADE NÃO EXISTE - James Pizarro

Não existe ressonância magnética nem tomografia computadorizada que diagnostique a infelicidade. A tristeza. O mau humor. A Melancolia. O aperto no peito produzido por uma paixão não correspondida.

A gente não pode entrar numa farmácia e comprar um quilo de bom humor. Ou quinze centímetros de felicidade. Mesmo porque a felicidade não existe. A felicidade vai. E vem. A felicidade é...peregrina !

O que nós temos são momentos de felicidade. Entremeados de momentos neuróticos.

O resto é ficção científica...

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A SOCIEDADE DE CONSUMO - James PIZARRO

A mídia não é educadora no sentido profundo da coisa. Não está preocupada com nossa felicidade.

A mídia está preocupada com o mercado.  Em vender produtos. Em criar necessidade que nós não temos. Em surrupiar nosso dinheiro com o massacre da repetição de slogans sobre produtos supérfluos.

Vivemos (?) numa sociedade podre. 

E guerreira.

O OLHAR - James Pizarro

Tenho amigos que só olham prá baixo...vão enxergar formigas e lesmas apenas.

Outros amigos só olham prá cima...vão enxergar nuvens e estrelas apenas.

O segredo é olhar para os lados. A gente poderá enxergar pessoas. Começar a se relacionar.

E espantar a solidão.

E o suicídio.

FAMÍLIA OU FAMILHA ? - James Pizarro


A FAMÍLIA de hoje deveria ser escrita com "LH", formando a terminação "ILHA" !

Pois o pai se encerra no escritório para ler jornal. A mãe vai ver novela na TV. O filho vai para os chats da internet. E a filha fica ao telefone com o namorado.

Enfim...um conjunto de pequenas ilhas dentro da mesma casa. Isso é um lar?

Merece o nome de família ?

O PRAZER - James Pizarro

O que você comeu há uma semana no jantar ? É difícil lembrar.

E quando foi seu primeiro beijo ? Pode ter sido há décadas, mas você lembra.

E lembra porque a gente só guarda as coisas que nos emocionaram e deram muito prazer.

Uma coisa eu aprendi :

o cérebro gosta de prazer !!!

REPÚBLICA ? NÓS TEMOS ? - James Pizarro

A palavra REPÚBLICA vem do latim e significa "coisa pública".

Em outras palavras : é o regime político caracterizado pela renúncia das vantagens privadas  em favor do bem comum.

Diante do exposto, é de se perguntar :

O Brasil - nestes tempos de mensalão e impunidade generalizada - é uma república ?!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

MINHA MÚSICA DIUTURNA - James Pizarro

Quando estou digitando, conversando com alguém, escrevendo crônicas ou poemas para meu blog estou permanentemente ligado numa rádio que tem mais de 40 canais, todos eles com música ininterrupta durante as 24 horas do dia.

Você clica e escolhe o canal que quiser, dependendo do gênero musical que prefere. Para escrever, curtir meus momentos de devaneio, descansar...uso o canal Solo Piano da Sky.fm

Se você quiser me fazer companhia, estou sempre aqui :

 http://www.sky.fm/play/solopiano

AS COISAS - James Pizarro

Tenho amigos especializados na arte de amealhar.
Guardar. Investir. Acumular.
De literatura conhecem apenas os classificados de jornais.
Os anúncios das imobiliárias.
Os pregões do judiciário anunciando o leilão de objetos e casas protestados por não pagamento de dívidas.
As publicações de cartórios e as falências das firmas comerciais.
Adoram os leilões do setor de penhores da Caixa Econômica Federal. Para arrematar anéis de formatura, alianças de noivado e  brinquinhos de adolescentes, penhorados nos momentos dramáticos de infortúnio financeiro das famílias.
Sim, essas pessoas existem !
Elas se preocupam só com as coisas.
Elas não aprenderam a lição de que caixão de defunto não tem gavetas.
E que mortalha não tem bolsos.
Elas são insensíveis. Duras. Frias.
Ah...essas pobres pessoas.
Elas ficaram coisificadas.
E nem se deram conta disso.
Essa gente não faz a mínima falta no planeta.

OS CERTINHOS - James Pizarro

Tenho há anos reparado nos meus amigos muito "certinhos".

Eles sofrem uma barbaridade quando se permitem fazer  qualquer coisa que - na cabeça deles - represente transgressão, desaprovação alheia, motivo de censura ou chacota.

Vão se arrepender amargamente do que não fizeram quando estiverem na CTI ouvindo os ruídos daqueles aparelhos estranhos.

Enquanto aguardam, comportadinhos, a Morte chegar...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO NORTE DA ILHA

O artigo intitulado "PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO NORTE DA ILHA", que reproduzo aqui, é de autoria do meu querido amigo de Canasvieiras, José Luiz Sardá, Geógrafo e Gerente Regional de Projetos Especiais (SDR Grande Florianópolis)
 
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Atualmente a descentralização dos serviços públicos vem sendo reconhecida pela sua eficácia,
pois para que haja o desenvolvimento de uma região, devem-se considerar ações conjuntas, fundamentadas
nas peculiaridades e características locais ao desenvolvimento desta região.

O Conselho de Desenvolvimento do Norte da Ilha – CODENI vem trabalhando com esta premissa.
Seu objetivo principal é articular e motivar o desenvolvimento econômico sustentável, o engajamento,
a integração e a participação da sociedade civil local organizada. Deste modo, colaborando e auxiliando para
concretização do Plano Diretor de Florianópolis, em especial a região Norte da Ilha, no âmbito dos distritos de
São João do Rio Vermelho, Ingleses, Cachoeira do Bom Jesus, Canasvieiras, Ratones e Santo Antônio de Lisboa.

Recentemente o CODENI realizou no Sapiens Parque oficinas temáticas divididas nos eixos: Social, Econômico,
Ambiental e Infraestrutura. Essas oficinas foram ministradas por atores sociais diversos com afinidade e conhecimento específico em relação a cada tema. Fizeram parte deste encontro representantes dos diversos órgãos do município, organizações e setores que compõem a realidade regional. Estas oficinas foram de fundamental importância para
elaboração do Plano de Desenvolvimento do Norte da Ilha.

As informações dos aspectos econômicos, ambientais e sociais proporcionarão um diagnóstico real da situação e das demandas da região, possibilitando um exame detalhado das necessidades mais urgentes para o desenvolvimento desejado. Este conselho é de fundamental importância e poderia ser um instrumento legalmente constituído servindo de referência as outras regiões do município de Florianópolis.

Penso que o poder executivo poderia instituir um Projeto de Lei criando o Conselho Municipal de Desenvolvimento
das Regiões Norte, Sul, Leste, Centro e Continente. Seria o instrumento norteador que auxiliaria as futuras subprefeituras, criadas recentemente pelo executivo.

Estes conselhos auxiliariam o prefeito no processo de planejamento com a participação dos atores sociais locais,
explorando e aproveitando as potencialidades destas regiões, ajudando a remover os entraves para desenvolvimento e investimentos a curto, médio e longo prazos, de acordo com as necessidades e demandas, tendo como base o orçamento participativo.

O Conselho de Desenvolvimento do Norte da Ilha – CODENI deve ser entendido como uma ação estratégica, que visa orientar de forma sistematizada a construção de novas relações interinstitucionais, contribuindo para a consolidação da descentralização administrativa municipal.





Cel. FIRMO DE ALMEIDA, UMA SAUDADE - James Pizarro

Claudio Barros foi meu colega de banda e de estudos no glorioso Colégio Estadual Manoel Ribas, de Santa Maria, o popular MANECO. Nós dois éramos colegas e amigos do Alceste Almeida, de Roraima, cujo pai - chamado Oséias - chegou a ser gerente do Banco do Brasil na agência central de Santa Maria. O Alceste se formou em Medicina e voltou para Roraima, por onde foi eleito várias vezes deputado pelo PTB.

Claudio Barros se formou médico-veterinário pela UFSM e em 1971 ingressou na mesma como docente. Ainda está na UFSM até hoje como Professor Titular de Patologia Veterinária. Eu tinha me formado um pouco antes em Agronomia (1965) e já em 1966 era docente da disciplina então existente "Zoologia Agrícola : Anatomia e Fisiologia dos Animais Domésticos". Esta disciplina, com programa muito extenso, era ministrada por 3 professores : eng. agrônomo ARMANDO ADÃO RIBAS (Zoologia Agrícola), coronel da Brigada Militar e médico-veterinário FLÁVIO MARTINI (Anatomia dos Animais Domésticos) e eng. agrônomo JAMES PIZARRO (Fisiologia dos Animais Domésticos).

Claudio Barros era genro do coronel do exército ALBERTO FIRMO DE ALMEIDA, que foi injustamente afastado do exército pois foi cassado pela Revolução de 31 de março de 1964 quando era Comandante do Regimento de Infantaria Gomes Carneiro. O coronel Firmo tinha 3 filhos (2 meninas e um menino) e Cláudio Barros casou com a filha de nome NINA, com a qual teve dois filhos : MAURO, advogado do setor jurídico do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e GUILHERME, músico, também residente em Porto Alegre, que deu a Claudio seu único neto (JOÃO, de 2,5 anos).

De 1976 a 1980, Cláudio e Nina moraram com as crianças nos Estados Unidos para que ele pudesse fazer seu doutorado em Patologia Veterinária. Regressaram dos EUA em 1980. O coronel FIRMO DE ALMEIDA faleceu em 1983. Em 1986 passaram a residir na casa do falecido FIRMO, onde permanecem até hoje. A casa fica na frente do Quartel dos Bombeiros de Santa Maria, à rua Niederauer, 897. A casa tem um belo terreno de 100 metros de fundo, onde NINA mantém afetivamente um belo jardim, coisa rara por aquelas bandas da cidade. Claudio Barros, ao contrário de mim, que se aposentou com mais de 40 anos de docência, pretende trabalhar até a compulsória lhe pegar - isto é - até 2015, quando completará seus 70 anos.

Porque estou escrevendo tudo isso e recordando essas coisas todas ?

Primeiro, porque Santa Maria é de má memória e ingrata para com grande número de seus filhos.

Segundo - talvez nem o próprio Cláudio saiba disso - eu fui muito amigo do seu sogro, o coronel ALBERTO FIRMO DE ALMEIDA. Como fui um estudante universitário de poucas posses, o coronel me emprestava livros da biblioteca do Clube Caixeiral (que ele dirigiu com zelo durante muitos e muitos anos) para que eu pudesse levar para casa. Eu podia frequentar a biblioteca porque meu pai era sócio do Clube Caixeiral. Lá eu lia os jornais do dia, entre senhores de cara fechada e todos eles na faixa dos 60 ou 70 anos, que eram os frequentadores assíduos da biblioteca. O coronel FIRMO sempre me dizia : "Pizarro, até hoje não apareceu por aqui nenhum mais moço do que tu para ler". E vaticinava, baixinho, pois não era de fazer estardalhaço : "O país está criando uma geração de ignorantes".

Hoje, onde existia a biblioteca há uma bar, uma espécie de 'pub' londrino. Existirá a biblioteca em outra dependência do clube ou terão acabado com ela ?

Algum dos intelectuais ou "imortais" da cidade saberão quem foi o coronel FIRMO ? A cidade já terá lhe feito alguma homenagem ? Será ele algum nome de rua ou de praça ?
Ou apenas seus descentes lembrarão dele com saudade ?

De minha parte, faço este registro enquanto minha memória viaja meio século em cinco segundos. E sinto uma coisa pungente no peito.

Sinto uma certa melancolia da Santa Maria onde todas as pessoas se cumprimentavam. E gostavam de ler.

Os dirigentes políticos do país vão conseguir o que querem : imbecilizar uma geração inteira.

Fica mais fácil de mandar. E de roubar.

domingo, 8 de setembro de 2013

BURRICE É FOGO ! - James Pizarro

Certa vez, há muitos décadas, fiz um poema levemente concretista, que tinha apenas dois versos e todas as palavras começando pela letra "o". Era para um concurso. O titulo era "Obituário". Era apenas isso :

"O orgasmo na orgia
É o óbito do ovário"

Um colega professor me perguntou espantado o que eu queria dizer com aquilo. Ele me confessou : "Não entendi patavina !"

Eu disse pra ele que achava sexo grupal, a famosa suruba, uma coisa depressiva. Que achava deprimente para a mulher que participasse. E que pretendi dizer isso naquele poema.

Ter de explicar as coisas para os outros é a mesma coisa do que repetir piada para um ouvinte que não entendeu a primeira vez. Perde a graça.

Encerrei minha carreira de poeta ali. Mesmo antes de ter começado.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PAULO STUART WRIGHT, CATARINENSE TORTURADO E MORTO - James Pizarro

No dia 4 de setembro de 1973 - hoje completam-se quatro décadas - desapareceu em São Paulo o político PAULO STUART WRIGHT, catarinense nascido em Joaçaba. Ele era deputado estadual em Santa Catarina e estava preso nas dependências do DOI - Codi, na capital paulista. No DOPS/PR, o nome de Paulo foi encontrado numa gaveta com a indicação “falecido”.

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Delora Jan Wright, sobrinha de Paulo, escreveu o seguinte depoimento:

“Isso aconteceu em São Paulo, Capital, possivelmente nos dias 2, 3 ou 4 de setembro de 1973. Segundo informações de Osvaldo Rocha, dentista, militante político da APML, na ocasião do desaparecimento de Paulo, ambos estavam juntos num trem que ia de São Paulo a Mauá, na grande São Paulo; nessa ocasião, ao terem percebido pessoas ligadas à repressão política, Osvaldo desceu do trem em primeiro lugar e Paulo teria descido em outro ponto.

Ao chegar em sua residência, localizada em São Paulo, Osvaldo veio a ser preso por policiais, sendo, em seguida, conduzido às dependências do DOI-CODI(OBAN), onde foi despido e agredido violentamente e, nessa oportunidade, viu no chão a mesma blusa que Paulo usava no trem que o conduzia a Mauá. Foram impetrados Habeas-Corpus pelo advogado José Carlos Dias em favor de Paulo Stuart Wright e Pedro João Tinn, nome falso usado por ele inclusive nos documentos pessoais.

Uma série de iniciativas foram tomadas visando a sua localização. A primeira providência no sentido dessa localização foi a ida do irmão, Jaime Nelson Wright, acompanhado de um Coronel, cujo nome é Teodoro Pupo, ao DOI-CODI, onde falaram com um Sargento, que demonstrava muito nervosismo. Após essa conversa com o sargento, este foi ver alguma coisa lá dentro, voltando meia hora depois, quando, então, informou que não havia ninguém com o nome de Paulo Stuart Wright.

Dias depois, houve uma outra iniciativa, no sentido da localização de Paulo, quando um Pastor Metodista que tinha relações de parentesco com o Major Ustra e se dispôs a ajudar a família. O Pastor informou os familiares de Paulo que o Major Ustra mostrou a ele, nas dependências do DOI-CODI, uma pasta onde constava apenas o título de eleitor de Paulo Stuart Wright e que não tinha nenhuma notícia do paradeiro do mesmo. O Major Ustra não soube justificar os motivos pelos quais não tinha notícia do paradeiro de Paulo.

Uma dentista, cujo nome é Marlene de Souza Soccas, contou ter sido presa em 1970, ficando detida nas dependências do CENIMAR (Centro de Informações da Marinha), onde pôde ver um painel com várias fotografias de Paulo, o que, desde então, indicava que o mesmo já era procurado pelos órgãos de repressão.

Além das iniciativas tomadas pelos familiares de Paulo, no âmbito nacional, outras tiveram ensejo no Forum Internacional, em virtude da sua dupla cidadania. Foram feitas junto ao Departamento de Estado e ao Senado, nos Estados Unidos, sendo certo que as autoridades brasileiras continuaram negando a prisão de Paulo Stuart Wright, entendendo que se tratava de uma ingerência do governo norte-americano, até porque Paulo havia sido Deputado do Parlamento Brasileiro, mais precisamente na Assembléia Legislativa de Santa Catarina. Apesar de todos os esforços empreendidos pelos familiares, Paulo até hoje não foi encontrado e a convicção de que foi assassinado, está baseada em declarações prestadas por terceiros que constam entre os documentos do Projeto ‘Brasil Nunca Mais’.”

A respeito de sua militância e desaparecimento, ver o livro “O Coronel Tem Um Segredo: Paulo Wright Não Está em Cuba”, de Delora Jan Wright, Editora Vozes, São Paulo."

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Nos anos 80 foi realizado um filme, com tomadas em Florianópolis e Joaçaba, relatando a vida e o desaparecimento de Paulo Stuart Wright. Título do filme : "PSW - Uma Crônica Subversiva". Antônio Fagundes fez o papel de Paulo Stuart Wright, sob a direção de Paulo Halm e Luiz Arnaldo. O filme foi uma produção de Zeca Nunes Pires, Norberto Depizzolatti e Nildo Ouriques.

O jornalista Rafael Martini referindo-se a este filme, escreveu na sua coluna VISOR, publicada no Diário Catarinense, edição de 2 de setembro de 2013 : "...ninguém sabe ao certo onde foram parar as cópias do longa-metragem, gravado nos anos 80."

Mais um mistério catarinense !

terça-feira, 3 de setembro de 2013

JULÍBIO JUPI BARRETO, UM CARISMÁTICO CATARINENSE - James Pizarro

JULÍBIO JUPI BARRETO, falecido em Florianópolis no final de setembro de 2012, foi uma figura muito popular na capital catarinense.

Médico oftalmologista competente, era de uma dedicação ímpar  com os pacientes, sobretudo os mais pobres e humildes.

Além de praticar a Medicina, foi proprietário da Rádio Anita Garibaldi, muita famosa na época. Exerceu a docência, sendo professor no Instituto de Educação. Junto com vários colegas da imprensa, ele fundou a Casa do Jornalista de Santa Catarina.

Casado com dona Ivete, tinha um filho de nome TUCA.

O jornalista Cacau Menezes, que atua no Diário Catarinense e no Canal 11 - TV RBS, noticiou a morte de J.J. Barreto em seu blog e, entre outras coisas, escreveu o seguinte :

" Barreto e meu pai foram amigos e depois inimigos ferrenhos. Mas se curtiam – e muito – a distância. Antes de morrer meu pai recebeu sua visita na casa da Praia Mole. Foi a despedida a base de vinho, grandes recordações e mútuos pedidos de desculpas. Pelo que me consta, o encontro mais feliz  na vida dele. Sabe aquele amigo que a vida nos faz inimigo, mas você continua admirando e querendo voltar a ser amigo?
Agora, lá em cima, juntos de novo, possam aprontar na Rita Maria como nos tempos de guri. "

Outro depoimento a respeito de JJ Barreto é do leitor Marco Antônio :

" O doutor Barreto e sua Esposa Ivete também tiveram uma linda casa na rua Antônio Bittencourt em Balneário de Camboriú, que hoje sedia a secretaria da educação do município.
Ele com sua generosidade e bom coração custeou a faculdade de enfermagem de minha esposa(Isolete) na década de 80 na UNIVALI de Itajaí, antes FEPEVI.
 

O melhor depoimento a respeito da personalidade de JJ Barreto que encontrei em minhas pesquisas é o de seu irmão, jornalista Cyro Barreto :

""A inconfundível figura de J.J. Barreto marcou época. Conta-se que nos idos de março de 1964 em pleno regime militar, a caça às bruxas era uma constante na história brasileira, especialmente, na previdência. Foi quando chegou a Florianópolis um representante com a missão revolucionária de expurgar os comunistas dos órgãos públicos. O caçador, criterioso que era, às 6 horas dirigiu-se para o instituto e colocou-se na fila sem anunciar seus propósitos.
O médico atendente era o J.J. que após ouvir dezenas de segurados, abriu a porta e disse: "entra o próximo filho da p..." Mandou o cidadão sentar-se e o examinou. Concluiu que ele era portador de um tumor maligno e que deveria, urgentemente, ser hospitalizado. O "doente" retirou-se, não revelou o motivo da sua visita e retornou, apavorado, ao Rio de Janeiro, seu lugar de origem.
Dias após, para surpresa geral dos funcionários do Inamps, o dr. J.J. recebia uma carta do pseudopaciente revelando sua identidade e o objetivo real de sua presença na Ilha. Só que ao invés das prisões, punições e delações esperadas veio um enorme elogio na sua ficha funcional exaltando-o pelo cumprimento dos horários de trabalho e pela eficiência do diagnóstico, comprovado posteriormente.
Portanto, seu rápido e preciso "veredicto" justificando o seu segundo diploma de bacharel em Direito, mandando que o cidadão se arrancasse o mais rápido possível de Florianópolis, salvou o caçador do mal e a cidade, os funcionários e os amigos do mau caçador.
Teve e tem muitos amigos e conserva gratas recordações do então governador Irineu Bornhausen de quem foi, também, médico e do seu relacionamento com o governador Adhemar de Barros que o introduziu na política fazendo-o presidente do Partido Social Progressista em Santa Catarina. À época o PSP chegou a eleger três deputados estaduais: Delamar Vieira, Manoel de Menezes e Altir Weber de Mello. Não se empolgou com a vida política apesar dos constantes pedidos para que se candidatasse a cargos eletivos.
Seu forte apelo popular era a credencial que todo partido desejava. Inquieto e inovador teve como uma de suas paixões o jornalismo o que o levou a fundar o jornal "O Tempo" e a rádio Anita Garibaldi que apesar de sua repercussão na mídia nas décadas de 50 e 60 não puderam sobreviver, economicamente, devido ao elevado número de empregados admitidos por ele que não sabe dizer não a ninguém. Suas realizações não foram, ainda, destacadas pelos historiadores. Certamente, um dia serão. Todavia, seus feitos têm sido decantados em prosa e verso por Júlio Queiroz, Raul Caldas Filho, Oscar Berendt, Aldírio Simões e outros. As pessoas que me fazem parar na rua para perguntar pela saúde do mano sempre trazem uma novidade no rol de suas irreverências.
Uma delas foi contada pelo capitão-dentista Nelson, da Marinha de Guerra que levou meia dúzia de oficiais recém transferidos para Florianópolis, ao Detran, a fim de obterem a carteira de motorista.
Em vez de submetê-los aos exames de vista, o dr. J.J., simplesmente, emitiu os laudos devidos. Surpreso com tal atitude o capitão Nelson questionou o porque da não realização. Foi, então, que ele saiu-se com essa: "se for preciso examinar os olhos de quem dirige navios no Atlântico Sul, então é porque a nossa gloriosa Marinha de Guerra deve estar na merda". São histórias deste tipo que tornam o J.J. uma figura especial. Ele mantém viva a tradição dos Barreto, dignifica a profissão que exerceu como um credo e honra a cidade que escolheu para morar".



A ESPÉCIE DESUMANA - James Pizarro.

Esta é a espécie humana.Aprendi com minha avó, com meus professores e também com o cotidiano convívio com os conterrâneos gaúchos, centenas de ditados, provérbios e ditos populares.

Poderia enumerar muitos deles aqui, tarefa que vou deixar para o futuro.

No entanto, um dos que acho mais verdadeiros é este : " Ninguém atira pedra em árvore que não tem fruto. "

Todo artista famoso, cantor de sucesso, homem realizado na vida é logo acusado de homossexual, ladrão, drogado, puxa-saco, chifrudo, mentiroso, etc...

O sucesso alheio machuca, baixa a autoestima da maioria dos fracassados.

Na mesma linha, ouvi na minha cidade um dito popular muito comum : " Aqui todo mundo nasceu para ser capim, quem quer ser árvore os outros ficam furiosos. "


Ou ... desumana ?