quinta-feira, 23 de junho de 2016

EDUCAÇÃO, A MORIBUNDA - James Pizarro - 23/6/2016 - jornal A RAZÃO


COLUNISTAS

Educação, a moribunda


James Pizarro

por James Pizarro em 23/06/2016
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Há décadas ocorrem greves de professores no Brasil. Em todos os níveis ocorrem greves. Mestres fazem greves no Ensino Fundamental. No Ensino Médio. No Ensino Superior. Lutam por planos de carreira modernos, atualizados, incentivadores. Lutam por melhores condições nas escolas. Lutam por melhores condições salariais. Tudo tem se mostrado em vão. Pois em alguns casos, nem a singela reposição da inflação é concedida. E nem o piso salarial garantido por lei.
A mídia tem mostrado professores assassinados dentro de escolas, Ou agredidos por alunos e por pais de alunos. Professores deixam a profissão por medo. Muitos ficam depressivos e sob tratamento psiquiátrico. E não há quem os defenda. Nunca se ouviu falar que comissões de direitos humanos tenham defendido professores.
Não vejo passeatas de pais e público em geral defendendo os professores. Não vejo autoridades políticas dando a cara para bater em defesa dos docentes. Os secretários e delegados de educação quase nada fazem. Ou pouco podem fazer porque ocupam cargos de confiança e, nesta condição, não podem ficar contra o governador ou o prefeito.
Os políticos, em sua grande maioria, ignoram os professores. E muitos sindicatos de professores ficam omissos quando a diretoria do sindicato é da mesma orientação política do governador, prefeito ou presidente. Nada de igrejas em geral. Nada de CNBB e evangélicos. Nada de associações em geral.
Num país onde a educação nunca foi e não é prioridade, rigorosamente ninguém defende os professores. A sensação que tenho é que apenas os professores se defendem. Recentemente, grupos de alunos de algumas escolas ocuparam as mesmas com pauta de reivindicações, inclusive a de defender os professores. Tudo em vão. Contra o poderio governamental, atitudes românticas não produzem efeito algum.
A impressão que se tem é que interessa aos governos manter a grande massa brasileira nas trevas da ignorância. E de preferência, doentes. Afinal de contas, dominar um povo ignorante e doente é bem mais fácil do que enfrentar pessoas esclarecidas e saudáveis. Até quando a paciência popular suportará esse martírio?

James Pizarro

sexta-feira, 17 de junho de 2016

MANECO, MEU AMADO COLÉGIO - James Pizarro, A RAZÃO, edição de 16/6/2016



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Maneco, meu amado colégio



James Pizarro

por James Pizarro em 16/06/2016
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No período 1954 a 1962 cursei o Ginásio (=Ensino Fundamental) e o Científico (= Ensino Médio) no Maneco (Colégio Estadual Manoel Ribas), na época considerado uma verdadeira universidade tal a qualidade e o gabarito intelectual dos professores. Por gratidão e para os registros da minha cidade, cito os mestres daquela época responsáveis diretos pela minha formação:
Albino Seibel (Latim), Edgar Libino Kloeckner (Francês), Zenaide Martinelli de Souza (Francês), Dinarte Iovari Marschall (Português), Nilza Crivellaro Santos (Inglês), Guiomar Loureiro (Espanhol),Maria Antunes Bernardes (Literatura Brasileira), Adelmo Simas Genro (Português e Francês), Cleonice Sada Aita (História Geral), Artheniza Weimann Rocha (História do Brasil) - Dina Pfeifer (História das Américas), Gisela Soccal Lang (Geografia), Ivo Lauro Muller Filho (Geografia), Wilson Aita (Desenho), Ênio Trevisan (Desenho), Clóvis D’Ávila Monteiro (Educação Física: Ginástica e Esgrima), Victor Hugo Castro (Educação Física: Ginástica e Judô), Iolanda Beltrame (Desenho), Willy Vondrack (Português), Roberto Pellin (Biologia: Citologia e Genética), Tereza Grassiolli (Biologia: Botânica), Eutherpe Almeida (Biologia: Zoologia).
Também constam Constantino Reis (Física), Irma Peroni (Física), Raphael “Faeco” Seligman (Física), Paulo Lauda (Química), Miguel “Vica” Sevi Vieiro (Química), Rômulo Aita (Química), Flávio Pâncaro da Silva (Matemática); Eunice Ribas (Matemática), Heleda Diquel Siqueira (Trabalhos Manuais), Olga Fischmann (Química), Iara Dias Ferreira (Latim e Português), Beatriz Weigerht (Latim e Português), Antônio Guimarães (Francês), Romar Pagliarin (Ensino Religioso), Carlos Pretto (Ensino Religioso), Ligia Indruziak (Música), Zuleika Roth Domingues (Biologia : Zoologia), Solange Loureiro (Português), Edy Maia Bertóia (Trabalhos Manuais), Maria Luíza Tchoepke Medeiros (Filosofia). Terezinha Brum Haupt (Física), Norma Sauer (Ciências), Maria Domingas Reis (História do Brasil), Noeli Braga (Latim e Português), - Anastacia Musa Naime (Inglês), Eloísa (Trabalhos Manuais), Lídia (Inglês), Dilma (Desenho), Fardo (Inglês), Lorys Sanábria (Português).
Durante todos os anos em que frequentei o Maneco, sempre foi Diretor o Padre Rômulo Zanchi, Padre Palotino (SAC-Sacerdote do Apostolado Católico). A Secretária da escola era Iolanda Zanini, que depois formou-se em Direito e atualmente é Juíza aposentada no Paraná. Inês Zanini, sua irmã, era Auxiliar de Disciplina, depois funcionária da UFSM. Também eram Auxiliares de Disciplina João Batista Copetti, que formou-se em Educação Física e Antônio Schmitt, que graduou-se em Comunicação Social. Eram funcionários administrativos: Germano Kurle e Osmar Pohl, ambos formados em Direito anos depois.Também devo citar a querida figura de João Antonello, Zelador do Maneco e residente na parte térrea do prédio. Juntamente com sua esposa e filhos, mantinha uma concorrida cantina situada no patamar da escada que ia do térreo para o primeiro andar. Do fundo do meu coração, obrigado a todos!


James Pizarro

quinta-feira, 9 de junho de 2016

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O turfe santa-mariense

James Pizarro
por James Pizarro em 09/06/2016
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Um dos meus primeiros empregos foi o de vendedor de “poules”, aos domingos, no Jockey Clube Santamariense, na década de 60. Eu vendia os bilhetes para o segundo lugar no guichê 2, ao lado do guichê 1, ocupado por João Nascimento da Silva, que vendia as “poules” para o primeiro lugar. João continua aficcionado pelas corridas até hoje, sendo proprietário de cavalos em Porto Alegre.
Lembro de centenas de turfistas daquela época, muitos deles já falecidos : Antônio Carlos Miorin, Paulo Braga, Armando Vallandro, José Crossetti, Nelson Barros, Rui Maldonado (que fazia os remates), Domingos Crossetti, Alcides Brum, Paulo Holweg, Vinicius MacGinity e Saul Mackline.
Depois do encerramento das atividades do Jockey Clube Santamariense, os turfistas remanescentes passaram a se reunir no Galeria Café (antigo “Gato Preto”, na Galeria Chami), onde predomina o assunto turfe, cavalos, corridas, viagens para assistir corridas em outras cidades.
Entre os turfistas ainda vivos cito Sérgio Mena Barreto (Barretinho), Mano Chagas, Claudio Tiellet, Renato Barros, Francisco Crossetti, Juarez Lopes, Délbio Marques, Ari Vilmar Barroso, Derli Vargas, Chicão Chagas, Izidoro Miorin (Dorinho), Beto Miorin, Renato Lenz (Pati).
Na época áurea do turfe santa-mariense o hipódromo chegou a abrigar em suas cocheiras cerca de 200 cavalos, com dezenas de proprietários, tratadores e jóqueis.Todos os domingos, nas chamadas “domingueiras”, ocorriam de 6 a 7 páreos. E haviam duas corridas especiais durante o ano : O “Grande Prêmio” e a “Penca Louca”. A “ Penca Louca” foi criada pelo turfista Reginaldo Napoleão e era destinada a potros de 2 anos, com inscrição gratuita.
Fico a me perguntar o porquê do encerramento das atividades no hipódromo do Passo da Areia. Os turfistas alinhavam vários motivos. Um deles é de natureza econômica, a crise, a inadimplência dos apostadores. Os baixos prêmios (300 a 400 reais de prêmio incompatíveis com os gastos para tratar o cavalo). Poucos profissionais (tratadores e jóqueis) de qualidade no mercado. Falta de segurança no recinto do hipódromo (roubos). Migração de proprietários para outros hipódromos. Velhos proprietários que morreram ou deixaram de criar cavalos sem que houvesse renovação de jovens proprietários.
Os turfistas existentes ainda hoje em Santa Maria fazem excursões e, em caravana, vão assistir e apostar nas carreiras dos hipódromos de outros locais, sobretudo no Cristal (Porto Alegre), Maroñas (Uruguai) e San Izidro (Argentina).
Fico a lembrar das corridas que eu assistia. Das dezenas de amizades que fiz no hipódromo local. Da emoção dos amigos turfistas falecidos. Da imponência e da multidão dos grandes prêmios.
E meu coração é invadido pelos relinchos de uma grande melancolia.
James Pizarro

quinta-feira, 2 de junho de 2016

TRIBUTO A BRUNO SCHIRMER - James Pizarro, jornal A RAZÃO, edição de 2/6/2016

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Tributo a Bruno Schirmer

James Pizarro
por James Pizarro em 02/06/2016
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Conheci, convivi e fiquei amigo do Sr. Bruno Schirmer no início da década de 60. Já cursando o primeiro ano do Curso de Agronomia, em 1963, participei do Curso de Apicultura na Sala JK do edifício da Antiga Reitoria, uma iniciativa da Associação Santamariense de Apicultura, fundada e presidida por Bruno Schirmer. Fui o encarregado de passar os “slides” na palestra ministrada pelo saudoso eng. agrônomo Armando Adão Ribas, professor de Zoologia Agrícola, disciplina da qual fui monitor durante três anos e depois professor.
Bruno nasceu em 26 de outubro de 1904, na localidade de Caemborá, a época 8º distrito do Município de Júlio de Castilhos, hoje pertencente à Nova Palma, casou-se em Júlio de Castilhos com a Srta Isabel Frescura (com quem teve 8 filhos).
De origem alemã, tendo domínio da língua de seus antepassados e também do inglês, foi por várias vezes o tradutor das muitas representações brasileiras em congressos apícolas pela Europa, E.U.A e Canadá. Cientista e pesquisador nato, conferencista, professor de Cursos de Apicultura, Odontólogo prático-licenciado (consultório no Ed. Francisco Calil, na Dr. Bozano, 1205).
Seu neto Frederico Guilherme Schirmer, meu amigo pessoal e professor de Geografia em Santa Maria foi bem claro ao falar do avô : “Foi homem honesto com ideais patrióticos e com invejável senso humanístico e memória privilegiada, teve, nada mais, nada menos, que 35 anos ininterruptos de estudos e dedicação à Apicultura brasileira”. Em 1948, aos 44 anos, que vem residir em Santa Maria, onde mais tarde fundaria o JORNAL apícola “A Colméia” (primeiro e talvez único do gênero no país), órgão que se dedicava a técnica da Apicultura. Periódico de circulação nacional e internacional, do qual era proprietário, diretor e editor, teve, por 28 meses (agosto de 1971 a dezembro de 1973), grande aceitação em todo o mundo apícola, sendo distribuído em 33 países com intercambio Seu ponto alto na apicultura nacional foram suas inúmeras invenções de apetrechos apícolas, 25 no total, batendo, portanto, o recorde mundial em invenções desse gênero, o que imortalizou seu nome no cenário apícola nacional e internacional. Seu maior destaque foi à invenção da COLMEIA SCHIRMER temperada e a tropical, que bateram o recorde mundial por sua ampla versatilidade dentro da biologia apícola em nosso clima e nossa riqueza florística, com 40% menos mão-de-obra e 30% mais mel.
Foi fundador de várias associações de apicultores: Associação Santamariense de Apicultura, a Federação das Associações de Apicultura e a Confederação Brasileira de Apicultura (fundada em 28 de janeiro de 1968) sendo seu presidente e posteriormente presidente honorário. Foi ainda o primeiro representante brasileiro na Apimondia.
Poucos sabem, mas Bruno Schirmer foi autor do livro “Apicultura para Escolas Primárias” que estava em fase de revisão e não chegou a ser publicado, a exemplo do livro “Colméias” também em fase de revisão, ambos não tendo sido publicados em função do seu repentino falecimento. Material esse que, infelizmente, não sabe-se o paradeiro!
Faleceu em 27 de dezembro de 1973, com 69 anos, em Canoas-RS, onde estava residindo e exercendo suas atividades com a edição de “A Colméia”. Está sepultado no cemitério Santa Rita, no bairro Camobi, em Santa Maria.Em sua homenagem foi criado, em 2001, o Memorial Professor Bruno Schirmer, junto à sede da Associação Santamariense de Apicultura, a época também sede da Confederação Brasileira de Apicultores, e presidida pelo Prof. Silvio Lengler. Tradicionalmente, nosso povo é de má memória. Daí a razão desta crônica de hoje.
James Pizarro