terça-feira, 22 de março de 2022

NEIZINHO, AQUELE QUE FAZ FESTAS LINDAS NO CÉU... - JAMES PIZARRO (DIÁRIO - 22.3.2022)

Ontem, 21 de março, lembrei da morte do meu querido amigo Neizinho Almeida, que nos deixou há sete anos (2015). Funcionário da Biblioteca Pública Municipal, Ney foi talvez a figura mais importante dessa cidade nas últimas décadas como organizador e realizador de festas de casamentos, aniversários, jantares, festas, solenidades, carnaval e recepções. Desde menino eu morava na Silva Jardim e Nei morava numa transversal, a Comissário Justo, numa grande casa com suas irmãs e mãe, onde preparava com requinte os cardápios de suas festas para a sociedade santa-mariense. E mesmo para cidade vizinhas, pois ele recebia encomendas e pedidos de várias cidades gaúchas. Lembro que o saudoso amigo médico Anterinho Scherer me contou que o Ney fez a decoração do casamento dele com a Iara em Cacequi, a festa de primeiro ano de aniversário do saudoso João Scherer (seu primogênito) e a desta de 25 anos de casamento (bodas de prata) dele festejada na Sociedade de Medicina de Santa Maria. Marta Assis Brasil Rocha e Ivan Marques da Rocha, nossos amigos e companheiros de caminhada na praia em Canavieiras, tiveram sua festa de casamento feita pelo Ney : “Talvez um das primeiras feitas por ele”, me disse ela. O casamento do primeiro filho também foi feito por Nei. E assim poderia citar – apelando para a memória – depoimento de várias pessoas em conversas, principalmente à beira da piscina do ATC nos últimos 40 ou 50 anos. O Caio Alexandre Monti, que foi dono do restaurante “Panela de Ferro” em nossa cidade e depois se fixou em Florianópolis, me disse que muitas vezes forneceu frios assados para o “banqueteiro Nei”, como ele o chamava. A minha amiga Karla Girondi, formada em fonoaudiologia, teve seu casamento feito por ele, assim como Cristina Boffil e meu querido amigo Arthur Neves, recentemente aposentado da FIAT Lembro também do casamento da amiga e ex-aluna Márcia Brasil, hoje trabalhando nos hospitais de Caxias do Sul, cuja festa foi obra do Nei.. A querida amiga Lys Lauda, filha do meu saudoso amigo professor Paulo Lauda me contou que o Nei lhe desenhou os vestidos de 15 anos, noivado e casamento, além de ter lhe desenhado e assessorado em todos os vestidos para suas festas. Registro semelhante me fez a amiga Olvenita Borges : “Muitos conselhos de moda e de etiquetas lhe pedi. Era uma figura muito querida.” Teria centenas de declarações e conversas a elencar de pessoas de convívio comum, de rodas que participei, onde o nome do Nei foi assunto. Lembro de alguns amigos comuns : Flávio Cassel, Antônio Carlos Machado, Rejane Flores, Luiz Francisco Flores, Luiza Vargas, João Pedro Cavalheiro, Nelson Pessano de Souza, Pylla Kroth, Vera Armando, Paulo de Tarso Covolo, Maria Cecília da Luz Ribeiro e tantos outros. Todos com declarações carinhosas e de elogio. Queria encerrar essas minhas palavras de saudade sobre meu saudoso vizinho e amigo Nei, com uma frase da minha amigasempre sensível Neida Ceccim Morales, que assim me disse quando Nei morreu : “ - Foi fazer festas lindas no céu.... Paz e luz, Neizinho ! “

terça-feira, 8 de março de 2022

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - JAMES PIZARRO (DIÁRIO - 8.3.2022)

Minha mãe se chamava Maria, conhecida por todo mundo pelo nome de Iria...Dona Iria. Minha avó materna, vó Olina, contava que o nome dela era para ser Maria Iria e que meu avô, na hora do registro, esqueceu e registrou apenas como Maria. Ela cresceu como filha biológica única, mas com três irmãos adotivos : José, Moisés e Carmelita. Foram três irmãos adotados pelos meus avós, diante da morte dos pais biológicos deles, amigos da família. Minha mãe estudou todo o Curso Elementar (depois chamado Ginásio e hoje chamado Ensino Fundamental) no Colégio Santa Terezinha (hoje prédio do MANECO), internato e semi-internato mantido pela Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul em sua época áurea. No turno da manhã, minha mãe tinha as disciplinas pertinentes a esse tipo de curso (Matemática, Português, Ciências, Geografia, História, Música, etc...). Pela tarde aprendia bordado, tricô, tocar violino, educação física, etc...Minha mãe sempre dizia que as freiras do Santa Terezinha usavam a frase : "De manhã se educa a mente e a alma, pela tarde se educa o corpo". Aos 16 anos conheceu Alfeu, meu pai, e pouco tempo depois casaram. Foram morar na rua Silva Jardim, 2431. Casamento que durou quase 70 anos, interrompido pela morte do meu pai. Minha mãe ajudou na árdua luta de sustentar uma família com dois filhos, construir uma casa própria com o ordenado de funcionário público de meu pai, que trabalhava em dois empregos. Exímia na arte de fazer doces, durante anos fez e vendeu doces sob encomenda para casamentos e aniversários. Nunca teve empregada doméstica. A família sempre recebeu ajuda providencial, quando necessário, de meu avô materno, Seu Fredolino. Como ferroviário, ganhava muito bem à época e podia prestar este auxílio e o fazia de bom grado. As únicas diversões das quais me lembro eram frequentar todos os circos que chegavam a Santa Maria. Ir aos bailes mensais do Clubes de Atiradores Santamariense. E não perder as esporádicas festas do Grupo de bolão 7 de setembro, de cuja equipe meu pai era o "capitão", pois era exímio bolonista. Depois de idosa, minha mãe freqüentou aulas na UFSM como aluna especial. Engajou-se na luta política da terceira idade na cidade, sendo uma das fundadoras do grupo "Mexe Coração", com sede no Centro de Atividades Múltiplas, no Parque Itaimbé. Participou de aulas da caratê. Foi atriz de vários espetáculos do grupo teatral da terceira idade, onde se revelou notável comediante. Viajou pelo interior gaúcho para apresentações teatrais. Fez parte do coral dos idosos. Frequentava as aulas recreativas de natação na piscina térmica da UFSM. Enfim, teve uma vida socialmente participativa. Esteve casada com meu pai durante mais de seis décadas de feliz união, pois ambos se completavam. Ficou viúva em 9 de maio de 2004, quando meu pai morreu vitimado por complicações pós-operatórias advindas de uma cirurgia cardíaca. Viveu na mesma casa ainda seus últimos anos de vida. Minha irmã Jane morou com ela. Acompanhada por uma atendente de idoso. Amparada por um excelente plano de saúde. Ela sempre teve uma grande afinidade com minha mulher, sua nora. Insisti até à exaustão para trazê-la para a praia de Canasvieiras, onde estive morando por anos. Para gozar do sossego de uma praia maravilhosa no final de sua vida. Já estava em meus planos alugar um apartamento maior, onde ela teria a privacidade de seus aposentos. Insisti então para que ela viesse viver nem que fossem alguns meses durante o ano em frente ao mar. Os percalços, os problemas, a viuvez, a distância...tudo isso poderia ser resolvido se ela aceitasse vir em definitivo. Mas conheço minha mãe... depois de dizer não, é não. Contentei-me, então, com conversas telefônicas semanais. E com visitas esporádicas a Santa Maria (trouxe duas vezes minha mãe no mês de novembro de 2008 e 2009 para passar trinta dias aqui na praia comigo). Infelizmente, a minha opção de vir morar na praia, desejo acalentado há anos, não coincidiu com a opção de minha mãe. Lamentei pela opção que ela fez. Mas que sou obrigado a respeitar. Dia 4 de fevereiro de 2012 estive em Santa Maria para festejar os 90 anos de minha mãe, junto com dezenas de parentes, vizinhos e amigos, em animado jantar no Restaurante Vera Cruz. Até que - maio de 2016 - depois dez anos na praia, já com 74 anos, decidi retornar aos pagos, ficar perto dos filhos, netos, amigos, ex-alunos, meus médicos, minha cidade natal. Faço esse revisão sentimental no dia de hoje, 8 de março, porque esta data é dedicada internacionalmente às mulheres. E desejava, na figura da minha saudosa mãe, homenagear a todas as mulheres, especialmente à minha esposa, minhas filhas, minha nora, minhas netas, minha irmã, minhas colegas, ex-professoras, médicas, ex-alunas, leitoras, vizinhas, amigas. Sem vocês, seguramente o não valeria a pena viver !