quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DISCURSO DO PRES. OSCAR ARIAS, DA COSTA RICA : MERECE SER LIDO E REFLETIDO

Discurso proferido na presença do Lula e demais presidentes latino-americanos na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009
TÍTULO DO DISCURSO : "ALGO HICIMOS MAL" ("Algo fizemos mal")

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"Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas.
Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros.
Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país.
Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais:
todos eram pobres.

Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse vagão:
Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos conta.
Certamente perdemos a oportunidade.

Há também uma diferença muito grande.
Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.

Faz 50 anos, o México era mais rico que Portugal.
Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul.
Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com $40.000 de renda anual por habitante.
Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos.

Que fizemos errado?
Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal.
Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos.
Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos.
Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus.
De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um
termina esse nível secundário.
Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.

Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países.
Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.


Em 1950, cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano.
Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano.
Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado.
Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo
"num planeta que tem 2.500 milhões de seres humanos com uma renda de $2 por dia"
e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.

*Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste $50.000*
milhões em armas e soldados.
Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?
Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita razão, é a falta de educação;
é o analfabetismo;
é que não gastamos na saúde de nosso povo;
que não criamos a infra-estruturar necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos;
que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente;
é a desigualdade que temos que nos envergonhar realmente;
é produto, entre muitas outras coisas, certamente,
de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas.

Vá alguém a uma universidade latino-americana e parece no entanto que estamos nos sessenta, setenta ou oitenta.
Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou.
Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um século dos asiáticos não dos latino-americanos.
E eu, lamentavelmente, concordo com eles.
Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os "ismos"
(qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...)
os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX,
que é o *pragmatismo*.
Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha:
"Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos".
E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando disse que
"a verdade é que enriquecer é glorioso".
E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás.

A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos.
Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos.
Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.

Muchas gracias."

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

NA MINHA SACADA, A VIDA TEM LUGAR...

Na sacada do meu apartamento ficam dois varais de roupas. Cadeiras, carrinho e mesa de praia. E também um carrinho de feira. Com o qual me abasteço no "Direto do Campo".
A sala se abre para a sacada através de uma grande porta de correr. Guarnecida de vitral transparente que toma o tamanho todo da porta. O que garante iluminação feérica em dias de sol. E vista para árvores, prédio vizinho, rua,passantes e uma pedaço de mar.
Mas o que mais importa na minha sacada é que a transformei num grande refeitório para pássaros. Em cima do muro que a guarnece coloco ração feita de milho picado, arroz picado e farelo de trigo.
A princípio, apareciam apenas pardais. Nos primeiros dias, quatro ou cinco. Depois, cheguei a fotografar dezoito. Uns voam e levam no bico grãos para ninhos construidos nos beirais da pousada que fica ao lado do nosso prédio. Muitos filhotes também aparecem.
Atualmente, além dos pardais, me visitam rolinhas, periquitos coloridos, bicos-de-lacre. Por duas vezes apareceram sabiás. E só uma vez apareceu uma pomba solitária.
Evito alimentar pássaros que vivem livremente com grãos de alpiste, girassol ou painço porque muitos deles - sobretudo as rolinhas e os pombos - não conseguem descascar as sementes, o que causa inchaço em seus papos lhes causando a morte.
Duas vezes por semana higienizo o muro da sacada, removendo os restos de grãos e os excrementos conservando o beiral sempre limpo.
Coloco a ração três vezes por dia : às seis da manhã, quando levanto, depois do almoço e à tardinha. Os pássaros são pontuais e os encontro em alegre cantoria nestes três horários. Vivem em liberdade e têm garantida uma fonte diária de nutrição, enquanto eu ganho o convívio e o canto. Aprendi a observá-los em silêncio enquanto tomo meu chimarrão, sem me movimentar muito. Observo o comportamento deles e bato dezenas de fotos. Já consegui algumas vezes levantar e ficar escorado na grade da sacada sem que eles voassem embora. Já estão se acostumando com minha presença e permitindo uma aproximação cada vez maior.
Muitos amigos ficam surpresos quando lhes narro estas minhas experiências. Outros escutam e fazem cara de desdém. Houve até alguém que me disse : "Estás ficando velho, Pizarro". Confesso que não entendi a relação.
Nem de longe suspeitam - com suas almas sem sensibilidade - que minha qualidade de vida aumenta com o convívio e a contemplação dos pássaros. Eles nem suspeitam que estes pássaros - além do canto e do colorido - contribuem para o equilíbrio ecológico, quando se alimentam de insetos e pragas que atacam as plantas. Muitos deles funcionam como agentes polinizadores das flores, aumentando a produção dos frutos. E grande número de pássaros - ao levarem sementes de um lugar para outro - contribuem com a disseminação das plantas fazendo o papel de semeadores naturais.
Estou pensando em outros tipos de rações e uns dois bebedouros, o que fará que apareçam outras espécies, como bem-te-vis, coleirinhas e beija-flores.
Espero não perder jamais a sensibilidade para estas coisas. Não perder o dom do mistério. Nem a capacidade de me enternecer diante de catedrais ambulantes de vida como são estes delicados seres vivos.
Devo dizer que me sinto bem em companhia deles.
O que já não posso dizer em relação a muitos humanos.
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AUTOR : James Pizarro

sábado, 16 de janeiro de 2010

A POSIÇÃO DE CANASVIEIRAS ENTRE AS PRAIAS BRASILEIRAS

Matéria do Fantástico mostra que em Salvador chegam a ser recolhidos 7 toneladas de lixo em um único quilômetro de praia. No Guarujá, em São Paulo, são 5 toneladas. Em Recife e Fortaleza, até 70% do lixo são cocos que ficam nas areias. Os garis reclamam que a população não colabora com a limpeza.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

MÉDICO DESCOBRIU UM REMÉDIO PARA O ALCOOLISMO

Chega às livrarias brasileiras neste mês de janeiro de 2010 o livro "O Fim do Meu Vício", pela editora Objetiva. A obra é uma autobiografia do cardiologista francês Olivier Ameisen, que conta sobre suas angústias com relação ao álcool e sobre como descobriu que o baclofeno, uma droga de patente livre e já largamente utilizada contra espasmos musculares, inibia com eficiência o desejo de beber se usada em doses determinadas.

A história do médico que descobriu a cura para o alcoolismo
A história do médico que descobriu a cura para o alcoolismo
A história de Ameisen é bastante peculiar. Ele era um médico com um carreira sólida e de sucesso. Mas aos poucos, a bebida começou a tomar conta da sua vida. Quando se deu conta, não conseguia mais ficar sem beber. O autor, então, passou por várias internações, reuniões nos Alcoólicos Anônimos e várias recaídas. Sua maior esperança era que encontrassem a cura para o alcoolismo. Foi aí que ele descobriu o baclofeno e começou a tomar doses diárias do remédio - servindo como cobaia para seus próprios experimentos. E há cinco anos está completamente indiferente ao álcool.
A obra foi considerada pela ABC News como uma grande descoberta e o autor do livro "Anticâncer" a elogiou, dizendo: "Se você ou alguém próximo de você sofre de alcoolismo ou dependência química, está na hora de ler este livro".


Leia abaixo trecho do livro :


A hora da verdade
Recobrei os sentidos e avaliei onde eu estava - dentro de um táxi, com sangue descendo pelo rosto e respingando na minha capa de chuva. Dei uma olhada pela janela e, em meio ao brilho das luzes da rua, percebi que o carro estava na Lexington Avenue, em Manhattan. Esperava o sinal do cruzamento com a 76th Street abrir. A igreja da esquina me fez lembrar que era domingo, e olhei meu relógio. Quase meia-noite. As poucas pessoas do lado de fora estavam cobertas até o último fio de cabelo contra o frio gélido do alto inverno, mas a temperatura dentro do táxi era agradável.
Meu apartamento não ficava muito longe; eu morava na East 63rd Street, entre a York e a First Avenue. Mas eu precisava de cuidados médicos. Pedi ao motorista para me levar à emergência do Hospital de Nova York, na 68th Street com a York Avenue. Ele parecia ignorar meu estado, e me perguntei o que teria acontecido. Será que o carro tinha freado de repente e eu acabei batendo com a cabeça, ou será que tinha me machucado antes de chamar o táxi? Eu sabia que tinha bebido, mas não lembrava onde nem quanto.
Assim que paramos na frente da entrada do pronto-socorro, as lembranças da noite começaram a se consolidar. Por volta das oito e meia da noite, fui visitar meu amigo Jeff Steiner, diretor-executivo da Fairchild Corporation, para pedir sua opinião sobre como administrar minha carreira de cardiologista, que começara dois anos e meio antes. Tinha sido apresentado a ele no fim dos anos 1980, por um amigo em comum, outro médico.
Apesar de beber não estar nos meus planos daquela noite, eu me senti insultado quando o mordomo de Jeff me ofereceu alguns tipos de chá. "Por que, a essa hora, não me ofereceu também alguma bebida alcoólica?", pensei. "Será que ele está me mandando um recadinho de repreensão?"
Pedi e bebi um copo de uísque; depois fiz da minha recusa à segunda dose um verdadeiro acontecimento. Tempos mais tarde descobri que Jeff nem sabia que eu andava bebendo um bocado. Ele me conhecia apenas de alguns drinques em festas grandes, aqui e ali, ao longo dos anos. Mas eu estava cada vez mais preocupado com relação às finanças e isso fez com que ficássemos mais próximos.
Em geral, o que se espera no início da carreira é recuperar os investimentos em dois anos do exercício da medicina. Nos primeiros quatro meses, eu já havia empatado os gastos. E quase três anos depois, em março de 1997, ainda estava naquele ponto: pairando um pouco além do zero a zero.
Cambaleante na sala da emergência, pensei: "Vão ver que estou bêbado. Isso não é muito bom. Mas pelo menos sei da qualidade desse hospital, aqui vão cuidar direitinho de mim." Eu tinha trabalhado no Hospital de Nova York e sua instituição parceira, a faculdade de medicina da Universidade Cornell,* desde que cheguei da França no outono de 1983, com uma bolsa para pesquisa e prática de cardiologia. Treze anos depois, eu era professor adjunto de clínica médica na Cornell e médico associado do Hospital de Nova York, além de ter um consultório particular.
Na sala da emergência, apaguei de novo. Quando voltei a mim, um dos meus ex-alunos, Matt, então residente no hospital, estava à minha frente preparando-se para dar um ponto na ferida que abri na testa. Para não ficar com uma cicatriz, pedi a ele que, em vez de costurar, fizesse um curativo com tiras finas de esparadrapo. Ele fez o curativo e depois me deixou deitado e quieto por algumas horas até que eu estivesse sóbrio o suficiente para voltar para casa em segurança. Claramente ele estava mais sem graça de ter de me tratar em meu estado alcoólico do que eu em precisar do tratamento. Eu chegava a me encolher de vergonha só de pensar no que se falaria no hospital sobre minha aparição no pronto-socorro, então afastei essa ideia dos meus pensamentos. Matt não era o tipo de pessoa que falaria sobre isso, o que já era um conforto.
Deitado lá, passei o filminho da noite em minha cabeça. "Passe o filme sobre o que acontece quando você bebe", diziam nos Alcoólicos Anônimos, onde eu ainda era basicamente um novato.
Minha conversa com Jeff Steiner foi frustrante para nós dois. Embora ele estivesse superdisposto a ajudar, havia uma disparidade entre sua experiência e meus problemas. Eu precisava mesmo era de um conselheiro para pequenos negócios, não de um grande negociador. E, ao sair da sua casa, minha cabeça dava voltas com pensamentos conflitantes. Meu estilo cego aos custos funcionava melhor no sistema francês, de saúde para todos, do que nos Estados Unidos, pensei; e me questionei se não deveria voltar a Paris, de onde eu vim. Mas eu amava minha vida em Nova York. Em 1991, consegui a cidadania americana, e eu gostava de ser cidadão de uma nação que partilhava tantos ideais com meu país de origem. Se não era lucrativa, pelo menos minha atividade era intensa e o trabalho imensamente recompensador. Minha lista de pacientes incluía gente abastada e celebridades, ao mesmo tempo que compreendia senhoras das igrejas do Harlem com planos de saúde populares e gente extremamente pobre - e eu adorava essa mistura. Sem dizer que minha vida social era maravilhosamente estimulante -mais do que eu poderia imaginar em qualquer outro lugar. Definitivamente, eu não tinha a menor vontade de sair de Nova York.
Mas minhas atividades não poderiam continuar naquele passo, sem uma definição, e a ansiedade constante gerada pelas preocupações financeiras cresciam e se transformavam numa fonte de pânico intenso. Eu lutava contra um profundo senso de fracasso e vivia com medo de que o mundo pudesse perceber que minhas conquistas eram uma fraude e nada mais, um castelo de cartas que podia desmoronar a qualquer momento.
Este não era um sentimento novo para mim. Por toda a vida, uma sensação angustiada de inadequação me persegue, como se eu fosse um impostor prestes a ser desmascarado. Fiz terapia por muito tempo antes de começar a beber, mas, para ser sincero, os terapeutas nunca me ajudaram muito na minha ansiedade. Tampouco o Xanax [alprazolan] que me prescreveram.

DADOS TÉCNICOS OSBIRE O LIVRO  "O Fim do Meu Vício"
Autor: Olivier Ameisen
Editora: Fontanar
Páginas: 240
Quanto: R$ 36,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou na Livraria da Folha
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FONTE : FOLHA ON-LINE, edição de 11/01/2010. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

2010...QUE INÍCIO SATÂNICO DE ANO !!!

 "A Dra. Zilda estava em uma igreja, onde proferiu uma palestra para cerca de 150 pessoas. Ela já tinha acabado seu discurso e estava conversando com um sacerdote, que queria mais informações sobre o trabalho da Pastoral da Criança. De repente, começou o tremor. O padre que estava conversando com ela, deu um passo para o lado e a Dra. Zilda recuou um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela morreu na hora.A Dra. Zilda não ficou soterrada. O resto do corpo não sofreu ferimentos, somente a cabeça foi atingida. O sacerdote que conversava com ela sobreviveu. Já outros quinze sacerdotes que estavam próximos a ela faleceram".  (narrativa do senador FLÁVIO ARNS, que foi ao Haiti para trazer o corpo da Dra. Zilda Arns).

                                              

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

AUDIOVISUAL SOBRE A UFSM - 1966


" Mark of Culture", audiovisual utilizado pelo reitor fundador da UFSM, para a divulgação da Universidade Federal de Santa Maria no exterior, produzido pela Leopoldus Som e remasterizado pela Freedom Produtora, para a UFSM primeira universidade federal em uma cidade do interior do Brasil

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CRUZ E SOUZA, O MAIOR POETA SIMBOLISTA DO MUNDO, ORGULHO DE SANTA CATARINA


A volta dos restos mortais do poeta Cruz e Sousa a sua cidade natal Florianópolis, antiga Desterro. O francês Roger Bastide escreveu : "Cruz e Souza é o maior poeta simbolista do mundo, maior mesmo que meu compatriota Mallarmé".
João da Cruz e Souza nasceu em 24 de novembro de 1861 em Desterro, hoje Florinaopolis, Santa Catarina. Seu pai e sua mãe, negros puros, eram escravos alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Ao que tudo indica o marechal gostava muito dessa família pois o menino João da Cruz recebeu, além de educação refinada, adquirida no Liceu Provincial de Santa Catarina, o sobrenome Sousa.

Apesar de toda essa proteção, Cruz e Souza sofreu muito com o preconceito racial. Depois de dirigir um jornal abolicionista, foi impedido de deixar sua terra natal por motivos de preconceito racial.

Algum tempo depois é nomeado promotor público, porém, é impedido de assumir o cargo, novamente por causa do preconceito. Ao transferir-se para o Rio, sobreviveu trabalhando em pequenos empregos e continuou sendo vítima do preconceito.

Em 1893 casa-se com Gravita Rosa Gonçalves, que também era negra e que mais tarde enlouqueceu. O casal teve quatro filhos e todos faleceram prematuramente, o que teve vida mais longa morreu quando tinha apenas 17 anos.

Cruz e Souza morreu em 19 de março de 1898 na cidade mineira de Sítio, vítima de tuberculose. Suas únicas obras publicadas em vida foram Missal e Broquéis.
Cruz e Souza é, sem sombra de dúvidas, o mais importante poeta Simbolista brasileiro, chegando a ser considerado também um dos maiores representantes dessa escola no mundo. Muitos críticos chegam a afirmar que se não fosse a sua presença, a estética Simbolista não teria existido no Brasil. Sua obra apresenta diversidade e riqueza.

De um lado, encontram-se aspectos noturnos, herdados do Romantismo como por exemplo o culto da noite, certo satanismo, pessimismo, angústia morte etc. Já de outro, percebe-se uma certa preocupação formal, como o gosto pelo soneto, o uso de vocábulos refinados, a força das imagens etc. Em relação a sua obra, pode-se dizer ainda que ela tem um caráter evolutivo, pois trata de temas até certo ponto pessoais como por exemplo o sofrimento do negro e evolui para a angústia do ser humano.

FLORIANÓPOLIS DOS TEMPOS ANTIGOS


Montagem de dezenas de fotos de Florianópolis (trabalho de pesquisa de Rody Molina) evocando como era Florianópolis há mais de cem anos.

CONSTRUÇÃO DA PONTE HERCÍLIO LUZ, FLORIANÓPOLIS : IMAGENS RARAS


Imagens raras da construção da ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Propaganda da peça "O Manezinho que nasceu ao Contrário".

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

VÍDEO HISTÓRICO SOBRE A UFSM,RS

Video histórico de divulgação da primeira universidade federal brasileira criada fora das capitais estaduais, razão pela qual Santa Maria  ficou conhecida como a "capital da interiorização do ensino superior no Brasil".  Foi idealizada e criada pelo médico Prof. José Mariano da Rocha Filho, seu reitor durante mais de dez anos.  A U.F.S.M. teve como embrião a Faculdade de Farmácia ligada a Universidade do Rio Grande do Sul, criada por  por Francisco Mariano da Rocha e José Mariano da Rocha, e a Faculdade de Medicina ligada também à UFRGS, fundada em 1954.

domingo, 3 de janeiro de 2010

"A BUNDA QUE VALE TUDO"

IRACEMA DANTAS DE ARAUJO, grande amiga de Goiás, me encaminhou um -email pelo qual muito agradeço. Pessoa de notável sensibilidade, leitora e colaboradora do meu blog, ela conhece beu gosto e meu jeitão e - certamente por isso - encaminhou o soneto genial de seu parente. Publico, abaixo,  o e-mail na íntegra.
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"Vale a pena ler essa preciosidade da década de 40 que meu primo Manoel Neto publicou em http://nataldeontem.blogspot.com.

Observação: A palavra bunda está registrada no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1836), de Constâncio, como um angolismo, e no Grande Dicionário Português, de frei Domingos Vieira (1871), na acp. de 'nádegas de gente alcatreira', vale dizer, 'nadeguda'. (Informação retirada do Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)


A Bunda Que Vale Tudo (soneto)
Pedroliveira, meu pai, e Nilson Patriota foram amigos desde a adolescência. Na juventude e durante muito tempo gostavam de se reunir para declamarem poesias, de própria autoria ou de terceiros. Nilson, que se tornou grande poeta, quando jovem usava o pseudônimo La Tequere.

Ao longo do tempo um soneto desta época, feito por Nilson ficou apenas na memória de meu pai. Por diversas vezes, após sua morte ao encontrar-me com Nilson eu repetia o primeiro verso porque não sabia os restantes e ele nunca deixava de cobrar o soneto e nunca o fiz por displicência.

Fiquei devendo isto a Nilson.

Ambos confirmaram a história do soneto: Certo comerciante do Alecrim tinha uma filha muito gostosa, mas do tipo “feia de cara, mas boa de bunda” e nos seus papos, ainda nos anos 40, sempre a viam passar pela Rua Amaro Barreto, e Nilson não perdeu a oportunidade e o soneto ficou.

A Bunda Que Vale Tudo

Quando ela passa, todo mundo espia.

Não para a cara que não é formosa

E sim para a bunda, e que bunda mimosa.

Em bunda eu nunca vi tanta magia.



Treme, requebra, anseia, rodopia,

Dentro de uma expressão maravilhosa

É uma bunda de carne cor de rosa

Da cor do Sol quando é dia.


E ela sabe que essa bunda é boa

Vai rebolando pelo mundo à toa

Deixando a multidão maravilhada.


Eu a contemplo em silêncio mudo

Não pela cara que não vale nada

E sim pela bunda que vale tudo.

(La Tequere)
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.