quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O JARDIM BOTÂNICO DA UFSM VAI FECHAR !? - James Pizarro (Diário de Santa Maria, edição do dia 24.10.2017, pág.4)


A Fundação Zoobotânica do RS, era um órgão da Secretaria da Agricultura do Estado do RS (na época do governo Collares), constituída de quatro unidades operacionais: Jardim Botânico/RS (em Porto Alegre), Parque Zoológico/RS (em Sapucaia do Sul), Museu de Ciências Naturais/RS (em Porto Alegre) e Parque Estadual Delta do Jacuí (composto pelas 30 ilhas do Guaíba).
Durante o governo do Dr. Alceu Collares e a pedido deste, a Reitoria da UFSM efetivou minha cedência para o governo do RS com ônus total para a UFSM para que eu assumisse o cargo de Diretor-Superintendente da FZB/RS, uma vez que a presidência da mesma se tratava apenas e tão-somente de um cargo honorífico.
Assim, assumi durante três anos a real administração da FZB/RS para ordenar despesas, sanear finanças, estabelecer prioridades, editar revistas/jornais/livros, atualizar biblioteca científica/periódicos, proporcionar excursões/viagens/coletas científicas, realizar exposições públicas/palestras/entrevistas, regularizar situação trabalhista de funcionários, produzir eventos (concertos musicais, venda de mudas, exposição de selos, exposição de animais taxidermizados), proporcionar dezenas de estágios para alunos universitários de Veterinária e Ciências Biológicas, etc...
Colaborei intensamente com milhares de mudas para o jovem Jardim Botânico da UFSM chegando a doar – por minha iniciativa - de uma só vez um caminhão de mudas raras para a instituição santa-mariense. Implementei um programa chamado “Um domingo no parque”, através do qual recebi no Parque Zoológico de Sapucaia do Sul mais de 200 ônibus de excursões de escolas de dezenas de cidades gaúchas que, além da entrada gratuita, ganhavam lanche. Enfim, interiorizei a FZB/RS, pois a mesma até então era praticamente desconhecida no interior gaúcho.
Periodicamente, percorria todos os programas de grande audiência da mídia porto-alegrense (rádio e TV) dando entrevistas, explicando com detalhes a vida da FZB, distribuindo livros/camisetas/panfletos e estabelecendo com os comunicadores uma excelente parceria de divulgação. Foi profissionalmente um período fértil e feliz em minha vida. Saí da FZB deixando um amigo em cada um dos mais de 300 funcionários existentes à época, com muitos dos quais me comunico até hoje.
Agora, o governador Sartori quer matar a FZB/RS. Que gasta apenas 0,4 % do orçamento estadual. Uma insignificância diante dos excessos de gastos não prioritários que existem! Não faça isso com a FZB/RS, governador! Não faça esse serviço selvagem de predador!
Como se a morte anunciada da FZB/RS não bastasse, leio à página 2 do jornal do SEDUFSM, edição de setembro/outubro de 2017, matéria com o título “JARDIM BOTÂNICO CORRE O RISCO DE FECHAR”. A matéria se refere ao Jardim Botânico da UFSM, que ocupa 13 hectares no campus de Camobi, fundado em 1981 e implantado por uma comissão de professores do Departamento de Biologia (da qual me orgulho de ter sido integrante) liderada pelo querido colega eng. agr. Santo Masiero.
É muita notícia ruim para um dia só !!!

terça-feira, 10 de outubro de 2017

QUE SAUDADE PUNGENTE DO MISTÉRIO DOS QUINTAIS...- James Pizarro (crônica no Diário de Santa Maria, edição de 10.10.2017)



Corriam os anos 80 quando conheci os irmãos Dimitri e Negendre Arbo. Ao redor da piscina do Avenida Tênis Clube. Tocando violão. Cantando e tocando músicas renascentistas. Em pouco tempo nos tornamos grandes amigos. Para sempre. Ainda mais quando fiquei sabendo que eram filhos do meu amigo Antônio Carlos Arbo. Poeta e colega da UFSM. Autor do livro “Tempoema”. A mãe, professora estadual, talentosa pintora, fazia telas de pandorgas. Enfim, uma família de artistas.
Os dois irmãos formavam um duo conhecido pelo nome de “QUINTAL DE CLOROFILA”. Dimitri e Negendre tocavam múltiplos instrumentos. E eram compositores também. Costumavam cantar apenas o que compunham. As letras geralmente eram feitas com o auxílio do pai.
Dimitri tocava viola 12 cordas, saxofone e quatro tipos de flauta (transversa, doce, soprano e contralto), ocarina, percussão. Negendre tocava violão, casio, banjo, guitarra, bandolim, percussão, metalofone, microharpa, porongo.
Resolveram gravar um disco. As pessoas adquiriram o mesmo antecipadamente a fim de que o sonho pudesse ser realizado. O que ocorreu em 1983. O disco se chamou “O MISTÉRIO DOS QUINTAIS”. Tinha 10 faixas. Todas de autoria dos irmãos. Lembro de todas : As alamedas, Jornada, Drakkars, Liverpool, Gotas de Seresta, Viver, O último cigano, Jardim das delícias, Balada da ausência, O mistério dos quintais.
Eu tinha um programa de Ecologia na Rádio Universidade, chamado “Antes que a Natureza Morra”, que ficou 26 anos no ar. E levei o Dimitri e o Negendre para tocarem as músicas de fundo ecológico no meu programa, mesmo antes deles terem gravado o disco. Foi a primeira vez que eles se apresentaram em rádio.
Também quando eu promovi em Santa Maria o primeiro EEEE – Encontro Estadual de Entidades Ecologistas do RS, convidei o “Quintal de Clorofila” para se apresentar para mais de 150 ecologistas gaúchos, políticos, estudantes e imprensa que cobria o encontro. Também levei os mesmos para se apresentarem para os alunos do cursinho pré-vestibular MASTER, onde eu ministrava aulas de Biologia.
Teve grande repercussão o lançamento do disco devido ao inusitado das músicas, das letras, arranjos, pois tudo era muito avançado para a época. Lembro que houve uma apresentação da dupla no encerramento da edição dominical do FANTÁSTICO.
Até hoje não sei porque não saiu o segundo disco do QUINTAL DE CLOROFILA. O Antônio Carlos Carlos Arbo faleceu, infelizmente. Os familiares – e também os irmãos Dimitri e Negendre – foram morar em Foz do Iguaçu. E a cidade ficou órfã desta dupla que fez um tipo de música visionária, revolucionária para seu tempo, que encantou nossa cidade. E que faz a gente sentir saudade até hoje.
Principalmente diante da mediocridade musical que a TV despeja na nossa cara diariamente.