segunda-feira, 24 de abril de 2023

NÃO ESTÁ FÁCIL MANTER A SANIDADE MENTAL ! - James Pizarro (DIÁRIO, edição de 25.4.2023)

Tem ficado cada vez mais difícil – pelo menos para mim - escutar programas de TV. Ouvir rádio. Ou ler noticiários. Nunca usei armas. Nunca matei animais. Com arraigada formação ecológica onde o respeito pelos seres vivos é fundamental, repugna-me derramamento de sangue. Guerras. Assassinatos. Agressões. Ódio. Vinganças. Traições. E o que mais se vê hoje em dia é o ódio disseminado. A discussão sob qualquer pretexto. O avesso da Paz. O rancor. A falta de bioética. O desamor. O caos nas relações humanas. O programa “Fantástico” do último domingo foi um exemplo disso. Bebês trocados na maternidade há trinta anos. Assassinatos de mulheres por parte de seus companheiros machistas. Dentista que abusava sexualmente de suas pacientes. Roubos gigantescos em mais de cinquenta cidades do Maranhão. Policiais espancando pessoas em São Paulo. Jogadores de futebol aliciados para cometer infrações em troca de dinheiro para modificar resultado dos jogos de seus clubes. Novos capítulos de brigas entre partidos políticos. Pessoas que morrem sem assistência médica. Enfim, uma bacanal de mau caratismo generalizado. No intervalo comercial da programação me dei conta que comecei a ficar ansioso. Angustiado. Principalmente porque fiquei a lembrar do futuro dos meus seis netos. Jovens, eles gostam de sair. Ir a festas. A shows musicais. A boates. Viajar. Em nossa cidade, por exemplo, a despeito de gigantesco esforço das autoridades policiais, praticamente se mata uma pessoa dia sim, dia não. Roubos. Assaltos. Drogas. Acidentes de trânsito. Otoristas dirigindo alcoolizados. Ou sem habilitação. Eu me dei conta que há mais de ano não saio mais de noite, apesar de morar no centro da cidade. Faço minhas compras de dia. E me valho das telentregas se preciso de algo durante a noite. Fiquei a lembrar de uma história real ocorrida nos Estados Unidos com um milionário. Acometido de uma severa doença neurológica que o deixou hipersensível, a família foi advertida pelo médico que o paciente não poderia sofrer impactos com más notícias. Milionária, a família passou a imprimir um jornal com notícias escritas por jornalistas especialmente contratados. Que escreviam poemas. Crônicas melífluas. Fotos de paisagens paradisíacas. Notícias de namoros felizes. De avós bem tratados pelos netos. Casamentos perfeitos. Clima primaveril. Enfim, noticias que levavam o paciente à tranquilidade. E ao aumento da longevidade, apesar da grave doença. Mas eu – um professor universitário aposentado, idoso, há vários anos sem receber aumento – de que métodos me valerei para enfrentar esses “tempos bicudos”, como dizia Mário Quintana ? Não fumo há 45 anos. Não bebo há 22 anos. Nunca usei drogas ilícitas. Tenho de ter cuidado com a alimentação. Resta-me orar. E meditar. Porque orar -segundo aprendi – é falar com Deus. E meditar é ouvir o que Deus tem para me dizer. Tem dado certo.