IRACEMA DANTAS DE ARAUJO, grande amiga de Goiás, me encaminhou um -email pelo qual muito agradeço. Pessoa de notável sensibilidade, leitora e colaboradora do meu blog, ela conhece beu gosto e meu jeitão e - certamente por isso - encaminhou o soneto genial de seu parente. Publico, abaixo, o e-mail na íntegra.
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"Vale a pena ler essa preciosidade da década de 40 que meu primo Manoel Neto publicou em http://nataldeontem.blogspot.com.
Observação: A palavra bunda está registrada no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1836), de Constâncio, como um angolismo, e no Grande Dicionário Português, de frei Domingos Vieira (1871), na acp. de 'nádegas de gente alcatreira', vale dizer, 'nadeguda'. (Informação retirada do Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)
A Bunda Que Vale Tudo (soneto)
Pedroliveira, meu pai, e Nilson Patriota foram amigos desde a adolescência. Na juventude e durante muito tempo gostavam de se reunir para declamarem poesias, de própria autoria ou de terceiros. Nilson, que se tornou grande poeta, quando jovem usava o pseudônimo La Tequere.
Ao longo do tempo um soneto desta época, feito por Nilson ficou apenas na memória de meu pai. Por diversas vezes, após sua morte ao encontrar-me com Nilson eu repetia o primeiro verso porque não sabia os restantes e ele nunca deixava de cobrar o soneto e nunca o fiz por displicência.
Fiquei devendo isto a Nilson.
Ambos confirmaram a história do soneto: Certo comerciante do Alecrim tinha uma filha muito gostosa, mas do tipo “feia de cara, mas boa de bunda” e nos seus papos, ainda nos anos 40, sempre a viam passar pela Rua Amaro Barreto, e Nilson não perdeu a oportunidade e o soneto ficou.
A Bunda Que Vale Tudo
Quando ela passa, todo mundo espia.
Não para a cara que não é formosa
E sim para a bunda, e que bunda mimosa.
Em bunda eu nunca vi tanta magia.
Treme, requebra, anseia, rodopia,
Dentro de uma expressão maravilhosa
É uma bunda de carne cor de rosa
Da cor do Sol quando é dia.
E ela sabe que essa bunda é boa
Vai rebolando pelo mundo à toa
Deixando a multidão maravilhada.
Eu a contemplo em silêncio mudo
Não pela cara que não vale nada
E sim pela bunda que vale tudo.
(La Tequere)
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
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