Os amigos e ex-alunos sabem que sempre fui contra a reeleição para cargos executivos. Dou de barato que se aumente de quatro para cinco ou seis anos o tempo do mandato de governador e presidente da república, desde que se proiba a sua reeleição.
O poder vicia. Traz erros. Corrupção. Protege os aliados. A lei passa a valer apenas para os inimigos.
Bilhões de reais são gastos para fazer estádios onde irão se realizar três ou quatro jogos da Copa do Mundo. Enquanto diariamente assistimos na TV as noticias de escolas em péssimas condições, grande número delas em ruínas.
Milhões de reais serão gastos em quatro dias de carnaval em auxílio às escolas de samba, blocos, desfiles. Enquanto milhões de mães reclamam da falta de creches e doentes morrem na frente dos hospitais.
Há no ar - só os surdos não ouvem e os cegos não enxergam - um oceânico desejo de mudança. Mudança radical. Em tudo. Só quem parece não sentir são os políticos em geral e os poderosos de plantão, em particular.
Ocorra o que ocorrer, nada acontecerá para a elite rica e monopolizadora do dinheiro e do poder, pois nada lhes faltará.
Ocorra o que ocorrer, a classe pobre seguirá iludida e feliz com a avalanche de esmolas travestidas de bolsas que cumprem a dolorosa, antiética e subliminar "missão" de amortecer consciências e ganhar votos.
Mas e a classe média, onde rebenta quase tudo, pois nem sonegar podem pois o implacável imposto de renda (salário é renda ?) já lhe desconta no contracheque os 27,5 % que equivalem a mais de quatro meses do seu salário anual ?
E a classe média, onde estão os profissionais liberais, os intelectuais, os que têm visão crítica das coisas e que - nas revoluções - são os primeiros a ser presos e mortos porque incorrem no terrível pecado de ter inteligência e discernimento com os quais podem influenciar pessoas ?
Sim, este ano vai ter eleições.
Basta olhar as badernas nas ruas e estádios, assistir o número de assassinatos que aumenta diariamente e as reclamações de toda ordem para sentir que estamos num clima de desordem e desobediência civil, tudo temperado pela impunidade.
Sim, este ano vai ter eleições.
Estamos caminhando pela avenida do Caos.
Rumo às Trevas.
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