quinta-feira, 17 de novembro de 2016

COTIDIANO - James Pizarro (jornal A RAZÃO, edição de 17/11/2016)




COLUNISTAS

Cotidiano




James Pizarro

por James Pizarro em 17/11/2016
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LUAR – Na madrugada da Super Lua perdi o sono. Bateu uma saudade dos parentes mortos. Dos colegas e amigos mortos. Lembranças soturnas. Fiquei sombrio por dentro mais do que nunca naquela madrugada enluarada. Bateu uma saudade dos barrancos da Rua Silva Jardim. Onde fui guri. E sonhei ser desenhista. E clarinetista de banda de jazz, inspirada pelo meu ídolo Benny Goodmann. E acabei fazendo tudo pelo avesso. Embora tenha me realizado na plenitude como professor. Não saberia fazer melhor outra coisa do que falar. Passar adiante conhecimentos. Mas bateu uma saudade dos meus tempos de guri mesmo. Quando eu acreditava em bruxas. E pensava que meu pai era imortal. Que minha avó Olina era imortal. Hoje - perplexo diante da velhice -sinto o tempo encurtar. E bate até uma saudade antecipada de tudo que me cerca hoje. Bethânia, minha sexta neta, fez um mês esta semana. E sei que jamais assistirei sua formatura. É dessa inveja do tempo futuro que falo. Quando não estarei mais por aqui. Nada a fazer. Afinal, é o curso natural dos acontecimentos.
BILIONÁRIOS - Fiquei espantado com uma notícia sobre os homens mais ricos do mundo cujos nomes anualmente constam do ranking da “Forbes”, lista criada há 30 anos. Desta lista constam 36 brasileiros. Não consegui saber os nomes dos viventes. Ou serão “vivos”? Fiquei curioso para saber se tinha algum ilustre réu da Lava Jato na tão ilustre lista.
NATAL – Consternado, assisti no noticiário televisivo que, na cidade gaúcha de Taquara, um marginal durante a madrugada colocou fogo na imensa árvore de Natal armada na praça central daquela cidade. A árvore foi construída com garrafas pet doadas pela comunidade. Com mão-de-obra de voluntários da comunidade. Com cerca de 20 metros de altura, foi totalmente consumida pelas chamas. Ao ouvir a notícia fiquei a pensar na decoração da nossa Praça Saldanha Marinho e da linda árvore de Natal recentemente concluída. Será que nossa praça tem guardas municipais durante toda a noite para zelar pelo patrimônio das instalações? E se algum maluco resolver imitar o incendiário de Taquara?
POVO FELIZ - O diálogo se desenvolvia no lixão do Morro da Caturrita entre três brasileiras felizes. Catadora 1 :- Graças a Deus, ganho meu vale-gás! Catadora 2: Verdade, Comadre! E a minha filha ganha camisinha-de-vênus no Carnaval! Catadora 3: - Ah, mas eu tenho mais sorte que vocês...cada um dos meus filhos rende 15 reais por mês. A cena era completada por alegres urubus. Lépidos e fagueiros. Que catavam comida. Entre pedaços de pão mofado. Carcaças azedas de frango. E preservativos usados.

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