sexta-feira, 8 de junho de 2018

608 HORAS PARA PENSAR - James PIzarro (8.6.2015)

Fiquei 17 dias internado...17 dias x 24 horas = 608 horas. Medidas de sinais vitais a cada 4 horas. Taxas. Soros. Antibióticos potentes. Coleta de material para exames. Várias refeições e lanches. Óleo da canola na perna com erisipela. Curativo no cateter da subclávia. Insônia. Programas de rádio. TV. Piedosas visitas do padre. Consoladoras e simpáticas conversas com os paramédicos. Tempo que não passa. Pensamentos fervendo a mil. Visitas inesperadas de pessoas surpreendentes. Visitas prometidas de pessoas queridas e que não se concretizaram. Visitas de pessoas desconhecidas e que emocionaram um velho coração. Dramas humanos pungentes de doentes de quartos vizinhos. A solidariedade pela dor. Passeios de mãos dadas pelos corredores com jovens fisioterapeutas e seus exercícios aeróbicos nas janelas. Macas que cruzam com cadáveres cobertos com lençóis. Cadeiras de rodas com doentes baixando e outros dando alta. Pessoas abraçadas chorando um óbito. Outras sorrindo comemorando o nascimento de um neto. Eis a rotina de um grande hospital. Não é um local só de tristezas. E de Morte. É um local de coisas alegres. Renascimentos. De brindes à Vida. Nunca fiquei tão convicto na minha vida de que a coisa mais importante é a SAÚDE !!! Vou mover céus e terras, de hoje em diante, para investir na melhor qualidade de minha saúde (que já é muito boa). Mas que - por idiotice - não vinha lhe dando o devido valor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Professor James, tenho um misto de raiva e inveja dos que podem conviver contigo e não o fazem. Inveja pelo fato de não ter esta disponibilidade e raiva por que tem a tem não usufrui dela. Fui teu aluno e hoje já sou sexagenário. Estou por ir a Santa Maria e tenho agendado ver se te encontro por aí. Em estando no coração do Rio Grande, não será difícil te encontrar. Depois desta tua narrativa fiquei a imaginar àqueles que te prometeram visitas e não foram. O que dirão estes "amigos" na derradeira hora? Um dia vou te encontrar. Fraterno abraço e parabéns pelo texto, faz-nos refletir sobre a vida e a saúde.
Afonso Pires Faria
Caxias do Sul - RS (oriundo de São Sepé)