segunda-feira, 15 de setembro de 2008

E-MAIL DE GOIÂNIA QUE ME DEIXOU FELIZ !!!


Sent: Monday, September 15, 2008 3:51 PM
Subject: Coração colorado


Prof. James, descobrir seu site revigorou-me, trouxe-me novo ânimo, porque ele está recheado de textos que me atraem.

Sou o que se pode chamar de bandeira do Brasil: pai potiguar; mãe paraibana; eu (e + 3 irmãos) paranaenses; 2 irmãos mineiros, filho goiano; marido gaúcho da fronteira e coração colorado (como o seu). Já morei pelo Brasil afora, inclusive em Capão Novo, na década de 90. A cidade, fora da época de temporada, tinha aproximadamente 500 habitantes. Pra se ter uma idéia, o correio era um posto de atendimento e as cartas eram entregues pessoalmente, uma por uma a seus destinatários, no próprio correio. A gente entrava na padaria, pegava o que queria e depois pagava. Nem precisava anotar nada, tamanha era a confiança. Por lá, não tinha ladrão nem droga, os vizinhos eram amigos.

Havia apenas uma van que ia até Capão da Canoa, a cidade mais próxima e de lá a gente pegava o ônibus para Porto Alegre e outras localidades. A cidade parecia dormir. Eram muitos os condomínios horizontais, de luxo, fechados esperando por seus ocupantes no verão, se Deus desse bom tempo, quando então a cidade fervilhava. Era show toda a noite, a praia cheia de gente e muito colorido.

Eu e o Sérgio vivíamos de brisa e do meu dinheirinho trazido da Inglaterra. Quando vimos que a coisa ia ficar preta, por falta de emprego, caímos fora e vimos pra Goiânia, onde continuamos até hoje.

Me alimento da escrita. Me apego a qualquer tipo de papel e a um lápis ou caneta que tiverem dando sopa.

Escrevo carta de amor, de despedida, pedido de emprego, de demissão, cartão de aniversário, condolências, biografia, epitáfio, pedido de informação, reclamação, cumprimentos, fofocas e tudo o que me vem à cabeça. Escrevo para mim e para as pessoas do mundo. O que me pedem estou disponível e sempre tenho inspiração.

A maioria dos meus escritos eu jogo fora, outros têm utilidade: transformam-se em poemas de reconciliação, despedida, partida...

Perdi a conta de quantas cartas de apresentação eu já fiz e de quantos currículos montei: pra mim e pros outros.

Muita gente conseguiu emprego, namorado, e até desistiu de “tirar a vida” depois de ler meus escritos.

Já aderi ao computador, mas foi uma luta de quase 10 anos. Sinto falta do tic-tac da máquina de datilografia manual. Parece brincadeira, mas o tic-tac prende a atenção da gente e abre a inspiração. A minha máquina roubaram quando eu fui passar uma temporada na Inglaterra. Quando cheguei e me deram a notícia, sofri o maior baque. Tive a impressão que tiraram algum pedaço de mim. E tiraram mesmo.

Abraços dos colorados Iracema, Sérgio e Luiz Sérgio (12 anos)


4 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o email
.....................................................................................................................................
(But bateu ciuminho...hehehe)
Bjos

Ana disse...

Que bacana!

antes que a natureza morra disse...

From: É chique falar português
Sent: Wednesday, September 17, 2008 10:20 AM
To: James Pizarro
Subject: Goiânia - cidade primavera


Prof. James, quando eu me mudei pra Goiânia, na década de 70, ela era cognominada 'Cidade primavera'. De repente, resolveram chamá-la de 'cidade ecologicamente correta'. Tem alguns pontos que discordo desse título, principalmente no tocante a saneamento básico, proteção de nascentes, problemas no trânsito, especulação imobiliária desenfreada, não utilização da energia solar e outros fatores. Só agora construíram uma ETE, mas ela não é suficiente pra atender a população. Eu criei o slogan:

'O verde vive em Goiânia', por achar que essa é uma verdade que ninguém discorda.

A "Praça do Chafariz", que o senhor colocou para ilustrar meu e-mail, não existe mais. Há um mês deu lugar à construção de um viaduto, pois a região está saturada de veículos. É a parte mais habitada de Goiânia.

Eu moro na Vila Nova, um dos primeiros bairros de Goiânia, com localização privilegiada. Tem árvore em todas as ruas, algumas velhas e com a saúde abalada, mas a Prefeitura está substituindo por outras novas. Poucas casas modernas são edificadas aqui. Os vizinhos se conhecem, trocam favores e estão sempre unidos.

Em 1989, coordenei, numa iniciativa pessoal, o projeto "Abrace o Bosque do Botafogo, o pulmão ecológico de Goiânia", com o intuito de preservar uma área verde de 172.033,06m2, devolvendo-a à comunidade para tornar-se um local de lazer. Plantamos 1.000 árvores nativas. Ele fica entre a Vila Nova e a região central de Goiânia. É cortado pelo Córrego Botafogo e pela Marginal Botafogo, resultando em duas áreas distintas, denominadas "Área 1" e "Área 2". Nosso sacolejo nas autoridades surtiu efeito positivo e a Área 1, que possuía mata com espécies nativas e várias nascentes, foi contemplada com caminhos, estares com mesas, bancos e lago. Já a Área 2, por estar mais degradada, ganhou pista de cooper e de bicicross, boxes, lanchonete com sanitários e chuveiros próximos ao campo de futebol, arquibancada, quadra polivalente e de peteca. Ambas tiveram reflorestamento com um tratamento paisagístico e, unindo-as, foi construída uma ponte.

Frequentemente vou ao Bosque Botafogo e fico feliz com a movimentação de crianças, atletas, pessoas da terceira idade e até estudantes fazendo pesquisa escolar. Quando posso, levo eventos prá lá, como a comemoração do Dia da Terra e do Meio Ambiente, promovidos em parceria com a Associação Goiana de Imprensa (da qual faço parte da diretoria) e dos Correios, com lançamento de selos ecológicos. É uma felicidade indescritível ver alunos de todos os cantos se dirigindo para lá.

Resumidamente, é o que tenho a falar sobre Goiânia.

Um abraço do do Brasil,
Iracema

a brasa do sardinha disse...

Iracema é gente nossa que se completa com a criatividade que Deus lhe deu. Conhecê-la aguça nossa vontade de completar-se Luiz Sardinha