Albino Seibel foi meu professor de Latim durante os quatro anos do então chamado Curso Ginasial, depois chamado Primeiro Grau, hoje designado Ensino Fundamental. Os quatro livros de Latim adotados eram o "Ludus Primus", "Ludus Secundus", "Ludus Tertius" e "Ludus Quartus". Contavam a história de uma família romana, onde despontavam as histórias de Cornélia e Lésbia, recheadas de conhecimentos históricos, ensinamentos sobre Gramática, sobre as Cinco Declinações, milhares de radicais latinos, etc...
Era o Prof. Albino uma criatura extremamente bondosa, muito ligado à Igreja Católica, incapaz de uma grosseria. Nos últimos cinco minutos de cada aula costumava abrir um caderno de capa dura, no qual estavam anotadas as suas anedotas preferidas. Ele as contava com uma ingenuidade de santo para uma turma de adolescentes que mais parecia uma horda de bárbaros.
Lecionou também nos primeiros anos de funcionamento da FIC-Faculdade Imaculada Conceição, depois FAFRA-Faculdades Franciscanas, hoje UNIFRA. Para complementar o vergonhoso salário de sua aposentadoria como professor estadual, nos últimos anos de sua vida corrigia os originais de teses de Mestrado e Doutorado, bem como trabalhos de pesquisa, editando-os em sua própria residência, onde mantinha um excepcional serviço de datilografia, mecanografia e encadernação.
Sua filha casou com um jogador de futebol, meu ex-aluno do Curso Pré-vestibular Master, tendo o casal ido morar em Portugal, porque o rapaz assinara contrato com um time de futebol daquele país.O Prof. Albino viajou a Portugal para visitar sua filha e seu genro e lá, durante a visita, veio a morrer vitimado por fulminante infarto do miocárdio. Tinha dois outros filhos, um formado em Engenharia e hoje aposentado da Rede Ferroviária e o outro, popularmente chamado de "Caquinho", formado médico e residente no Rio de Janeiro.
Quando fui vereador pelo PDT-Partido Democrático Brasileiro, na legislatura de 1989/1992, tive a oportunidade de ser autor de lei municipal que colocou o nome de Albino Seibel numa das ruas da COHAB-Tancredo Neves. Procurei, em vão, uma rua sem denominação nas proximidades do prédio do Colégio Estadual Manoel Ribas, mas todas já tinham denominação. Conservo carinhosamente em minha biblioteca a obra "Phrases e Curiosidades Latinas", edição póstuma de 1952, de autoria do Prof. Arthur Vieira de Rezende e Silva, que me foi presenteada pelo Prof. Albino. Trata-se de alentada obra, de 935 páginas, com 7267 citações, frases e curiosidades latinas. Depois de aposentado, o Prof. Albino chamou-me, estendeu este livro para mim e disse carinhosamente : "Foste o melhor aluno de Latim que eu já tive e este livro estará bem guardado em tuas mãos". Esforço-me até hoje para ter merecido este elogio.
Durante mais de 40 anos, diariamente, em minhas aulas de Zoologia, Citologia, Genética, Ecologia e Botânica, tive o cuidado de desdobrar etimologicamente os termos que designam animais e vegetais, explicando o significado das raízes, prefixos e sufixos latinos.
Que fortuna ter tido o professor Albino como meu mestre !!!
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AUTOR : James Pizarro
4 comentários:
Olá!!!
o senhor pode traduzir essa frase para o Latim " Só o desejo inquieto, que não passa, faz o enquanto do que é desejado" ou "Só o desejo inquieto, faz o enquanto do que é desejado". Quero tatuar essa frase por isso preciso ta tradução correta. Obrigada
São dois versos do quarteto de autoria do Mário Quintana :
XXXV. DA ETERNA PROCURA
Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
O Mário bem que merecia que tu te identificasses e botasse a cabeça deste pobre professor aposentado a trabalhar....rsss
Abraço
James Pizarro
Professor...
Gostaria de saber se "Levitatem" é a tradução correta de leveza, e se a origem da mesma é do latim levitatem de fato. Obrigada!
Caro Professor James,
Gostaria de saber como seria a frase "gratidão eterna" ou "Eternamente grato" (do inglês "forever grateful") em Latim.
Obrigado desde já,
Eduardo.
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