terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

CARTA COMOVEDORA - James Pizarro

Carlinhos Costa Beber, grande amigo, empresário, colega de docência na UFSM e colega de rádio nos debates da CDN-Debate e depois Antena 1, me encaminhou um texto, de autoria do médico paranaense Márcio Luiz Nogarolli, médico socorrista do SAMU do Paraná. Este médico esteve em Santa Maria como voluntário trabalhando no SAMU da cidade e na UPA-24horas por ocasião da tragédia ocorrida na Boate Kiss, que vitimou 239 jovens e comoveu o mundo inteiro.

O texto deste médico paranaense que honra a sua profissão é comovedor. E por isso, reproduzo o mesmo abaixo.

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SANTA MARIA -  MISSÃO CUMPRIDA !



Fomos dar uma ajuda profissional, voltamos com o coração repleto de gente.
Fomos para tentar minimizar a dor. Vocês nos maximizaram humanos.
O motorista de Taxi de Porto Alegre se recusou receber o preço da corrida
só porque soube que estávamos indo para sua cidade.
E disse que se ofenderia se insistíssemos em pagar.
Sentei em uma escada para tomar fôlego e a voluntária veio perguntar se eu precisava de ajuda.
Ela tinha uns 16 anos de idade.
A moça da limpeza achou uma medalha de algum santo. Uma jóia de 18 quilates.
Passou mais de hora perguntando um a um se não lhes pertencia.
Depois deixou o ramal do chefe onde a medalha estaria guardada.
Mas não foram essas as atitudes que mais me surpreenderam.
O que mais me tocou é que vocês de Santa Maria transformaram substantivo em verbo.
Eu e meus amigos do Paraná vimos milhares de placas, adesivos, lacres de porta e fitas negras com a palavra “LUTO”.
Por vários dias eu achei que vocês estavam se referindo ao substantivo:
Conjunto de reações a uma perda, geralmente pela morte de alguém.
Hoje entendi.
No meio de tanta dor e diante da necessidade de não parar, “LUTO” em Santa Maria (RS) não é substantivo.
É verbo. EU LUTO!
Luto contra a dor, pra não parar,
luto contra o injusto para não repetir,
luto pelo menor para ninguém perder e
luto contra a morte para o meu irmão viver.
E é por isso tudo que eu quero que saibam:
quando precisarem da gente para conjugar verbos, aí na sua terra, podem nos chamar.
Vocês já tem o número!



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