quinta-feira, 9 de junho de 2016

COLUNISTAS

O turfe santa-mariense

James Pizarro
por James Pizarro em 09/06/2016
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Um dos meus primeiros empregos foi o de vendedor de “poules”, aos domingos, no Jockey Clube Santamariense, na década de 60. Eu vendia os bilhetes para o segundo lugar no guichê 2, ao lado do guichê 1, ocupado por João Nascimento da Silva, que vendia as “poules” para o primeiro lugar. João continua aficcionado pelas corridas até hoje, sendo proprietário de cavalos em Porto Alegre.
Lembro de centenas de turfistas daquela época, muitos deles já falecidos : Antônio Carlos Miorin, Paulo Braga, Armando Vallandro, José Crossetti, Nelson Barros, Rui Maldonado (que fazia os remates), Domingos Crossetti, Alcides Brum, Paulo Holweg, Vinicius MacGinity e Saul Mackline.
Depois do encerramento das atividades do Jockey Clube Santamariense, os turfistas remanescentes passaram a se reunir no Galeria Café (antigo “Gato Preto”, na Galeria Chami), onde predomina o assunto turfe, cavalos, corridas, viagens para assistir corridas em outras cidades.
Entre os turfistas ainda vivos cito Sérgio Mena Barreto (Barretinho), Mano Chagas, Claudio Tiellet, Renato Barros, Francisco Crossetti, Juarez Lopes, Délbio Marques, Ari Vilmar Barroso, Derli Vargas, Chicão Chagas, Izidoro Miorin (Dorinho), Beto Miorin, Renato Lenz (Pati).
Na época áurea do turfe santa-mariense o hipódromo chegou a abrigar em suas cocheiras cerca de 200 cavalos, com dezenas de proprietários, tratadores e jóqueis.Todos os domingos, nas chamadas “domingueiras”, ocorriam de 6 a 7 páreos. E haviam duas corridas especiais durante o ano : O “Grande Prêmio” e a “Penca Louca”. A “ Penca Louca” foi criada pelo turfista Reginaldo Napoleão e era destinada a potros de 2 anos, com inscrição gratuita.
Fico a me perguntar o porquê do encerramento das atividades no hipódromo do Passo da Areia. Os turfistas alinhavam vários motivos. Um deles é de natureza econômica, a crise, a inadimplência dos apostadores. Os baixos prêmios (300 a 400 reais de prêmio incompatíveis com os gastos para tratar o cavalo). Poucos profissionais (tratadores e jóqueis) de qualidade no mercado. Falta de segurança no recinto do hipódromo (roubos). Migração de proprietários para outros hipódromos. Velhos proprietários que morreram ou deixaram de criar cavalos sem que houvesse renovação de jovens proprietários.
Os turfistas existentes ainda hoje em Santa Maria fazem excursões e, em caravana, vão assistir e apostar nas carreiras dos hipódromos de outros locais, sobretudo no Cristal (Porto Alegre), Maroñas (Uruguai) e San Izidro (Argentina).
Fico a lembrar das corridas que eu assistia. Das dezenas de amizades que fiz no hipódromo local. Da emoção dos amigos turfistas falecidos. Da imponência e da multidão dos grandes prêmios.
E meu coração é invadido pelos relinchos de uma grande melancolia.
James Pizarro

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