terça-feira, 4 de julho de 2017

AFETOS E QUEIXAS ALIMENTAM A CIDADE - James Pizarro (Diário de Santa Maria, edição de 04.07.2017)



O cronista não tem pretensão outra qual não seja a de partilhar emoções. Contar histórias. Rememorar. Colaborar com os arquivos da cidade. Dizer para alguns moços que o planeta não começou no dia em que eles nasceram. Registrar a memória da sua geração antes que – sem avisar – chegue o canalha do Alzheimer. Ou simplesmente falar sobre o cotidiano. As estações. O humor. O amor.
Os leitores também fazem reivindicações. Abordam na rua. Pelo telefone. Encaminham e-mails. Cartas. Deixam bilhetes. Esperam na portaria na condomínio . Fazem sugestões. Reclamam. Corrigem. Colaboram. Muitos são amigos. Colegas. Vizinhos. Mas a grande maioria é de desconhecidos.
Jamais deixei de atender um telefonema. Ou responder um e-mail ou carta. Ou acatar uma sugestão quando a mesma é pertinente. Ou dar uma explicação quando houve um mal entendido. Ou mesmo um pedido de desculpa no caso de uma grosseria involuntária.
Hoje vou sintetizar e colocar alguns pedidos em dia. O leitor prescreve. O cronista escreve.
Taxistas do Ponto Central, que têm ponto secundário na “boca” da Galeria do Comércio à rua Venâncio Aires queixam-se que o local destinado ao estacionamento dos taxis está quase sempre ocupado por carros particulares e carros fazendo entrega de mercadorias. E quando eles ligam para os guardas da Prefeitura Municipal para tomada de providências (multa e guincho) eles sempre informam que estão ocupados.
Dois professores da UFSM que costumam fazer caminhada (exercício) pela cidade reclamam que as pedrinhas portuguesas que foram usadas na revitalização dos canteiros centrais da av. Rio Branco estão soltas, o piso está cheio de buracos e as pedras, que custaram alto preço, estão amontoadas e sendo roubadas.
Minha crônica “Calçadão agonizante à espera de um socorro que nunca vem”, mereceu envio de atencioso e-mail do meu querido amigo de tantos anos Luiz Gonzaga Binato de Almeida, arquiteto e professor universitário aposentado. Binato concorda com todas as colocações que fiz a respeito da necessidade da “revitalização” do calçadão (termo usado pela Prefeitura) ou “restauro” (termo técnico usado por ele, Binato). Registre-se para a posteridade que o Calçadão de Santa Maria, hoje chamado “Calçadão Salvador Isaia, foi concebido e projetado pelo meu amigo Luiz Gonzaga Binato de Almeida.
Quem vai de carro pela Acampamento e dobra à direita na Pinheiro Machado corre o risco, naquele cruzamento, de ter os órgãos da cavidade abdominal trocados de lugar tal a quantidade de buracos existentes naquela esquina. Urge que se tomem providências naquele local principalmente porque é caminho para o Hospital de Caridade, Hospital Alcides Brum e dezenas de edifícios de consultórios. Qualquer dia uma maca vai saltar de dentro de uma ambulância e sair rolando sozinha pela rua. Ao melhor estilo “pegadinha” de programa dominical de TV.
Quem viver, verá !

2 comentários:

Nadson disse...

Precisamos urgentemente de uma nova geração de Mestres da magnitude de James Pizzarro nas escolas e cursinhos de Santa Maria, Porto Alegre, Florianópolis, Sao Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque, Berlin, Londres, Paris, Istambul e milhares de outras mais mundo afora.
Aquele professor James Pizarro dos anos 70 e 80 que amei a primeira vista e tem em meu foro intimo um lugar reservado especialmente para ele dentre outros tantos professores, autores, cientistas, filósofos, politicos que marcaram suas épocas e a historia dos lugares e paises onde viveram e que alcançaram muito alem das fronteiras de seus países o reconhecimento natural pelo seu trabalho pioneiro. Todo pioneirismo tem um que de contestar, questionar, discursar com um voz e retórica tao vivas que através de seus olhos e do timbre de suas vozes eh possível reconhecer neles algo de "divino", alguma "força" que flui através deles como que parte de um destino de abrir novos mundos, ideias e possibilidades nas mentes de milhares de jovens estudantes ou, então, ate mesmo de anônimos e simples transeuntes aleatórios cruzando pelo caminho de um James Pizarro.
Aquele James nao carecia de reformas ou, então, implementações de melhorias. Ele se renova em si próprio nas mentes daqueles que o conheceram na plenitude de sua força de interpretação pessoal do mundo naquela época.
As mudanças algumas vezes nos pegam desprevenidos. Mudamos o discurso por razoes que a razão conhece e muito bem. Sei que la no fundo de tua alma, aquela chama poderosa, capaz de acordar cidades inteiras com a inquietação de todas as coisas que te improperaram naqueles tempos ainda continuam vivas em algum lugar dentro de ti.
Voce moldou gerações. Voce foi um criador de rebanhos de pessoas que beberam de tua sabedoria. Do teu incêndio que te consumia e nos consumava a cada aula dada, nascia e emanava de ti algo para todos aqueles que prestaram atenção em tuas palavras. Ja dizia o filosofo "bonito eh quando do próprio incêndio nasce a própria doutrina". Não criastes nenhuma doutrina, mas deixastes em nos, ao sabor de nosso livre arbítrio, as centelhas que poderiam se transformar em labaredas capazes de nos transcender a uma nova possiblidade de interpretação da realidade.
A tua obra como amigo, professor, cidadao eh inalienavel e não suscetível a prescrever*.

*verbo intransitivo [Jurídico] Deixar de ter efeito em razão de ter passado o prazo legal; caducar: este ano minha dívida deve prescrever.

James Pizarro disse...

Amigo Nadson :

Comovido às lágrimas com a generosidade das tas palavras (que só hoje, 22.02.2018) leio, agradeço de todo coração. É muita caridade da tua parte, meu querido ex-aluno, para com este velho professor.
Que Deus te abençõe !!!
Abraço fraterno !
JamesPizarro