segunda-feira, 15 de julho de 2019

À BRIGADA MILITAR, COM CARINHO E COM AFETO - James Pizarro (DIÁRIO de S. MARIA, pág. 4 de 16.07.2019)


Quando terminei o então chamado Curso Ginasial no MANECO, no final da década de 50, sete colegas meus de turma foram para Porto Alegre prestar exames no CFO da Brigada Militar, pois naquela época cursavam o então Científico na própria academia de BM junto com todas as demais disciplinas militares. Assim é que, através de cartas, relatos orais quando das férias, visitas minhas aos antigos colegas no Curso de Formação de Oficiais (CFO) em Porto Alegre, tornei-me um grande admirador da Brigada Militar. Poderia citar o nome de todos eles, coronéis aposentados, amigos que somos até hoje.

Vereador na legislatura de 1988/1991 sempre usei a tribuna para lembrar datas especiais à história da briosa Brigada Militar e, muito principalmente, para defender brigadianos quando julguei – por razões que não quero lembrar para não ferir suscetibilidades – injustamente atacados e até caluniados. Sempre fui sensível ao tipo de trabalho viril e corajoso de combate ao crime desenvolvido pela corporação (entre outras atividades) e a falta de quem lhes defendesse em situações de crise.

Durante quase duas décadas atuei como voluntário da PACTO-Pastoral de Auxílio ao Toxicômano e FSJ-Fazenda do Senhor Jesus e por muitas vezes, familiares de dependentes químicos tiveram de se socorrer dos préstimos da Brigada Militar para poder conter um dependente para evitar agressões físicas aos parentes idosos, demolição dos móveis da casa e até mesmo situações que beiravam risco de vida de parentes ou do próprio usuário. Nestas horas dramáticas, quando chamados, a BM com toda cautela e preparo soube tratar o usuário realmente como um doente, sem agressões, e ajudar a família a interna-lo. Este trabalho raramente chega ao conhecimento da comunidade.

Durante o governo Alceu Collares, a pedido do governador eu fui cedido com ônus total para a UFSM para exercer o cargo de dirigente da FZB – Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Fui para Porto Alegre numa missão de sacrifício, pois “ônus total para a UFSM” significa que fui ganhando apenas meu salário de professor da UFSM, que me ofereceu apenas um apartamento no Hotel de Trânsito dos Oficiais da Brigada Militar, situado dentro do Clube Farrapos, ao lado do Jardim Botânico, onde ficava a administração da FZB-RS. Detalhe : eu pagava pelo apartamento do meu salário. Contei este detalhe apenas para relatar que neste período em que morei sozinho neste hotel tive a oportunidade de conhecer, conviver e me tornar amigo de quase todos os oficiais da Brigada Militar do RS. Por isso me sinto tão próximo a esta categoria.

Jamais escrevo sobre política, futebol e religião. Apesar de ancião, gozo de boa memória. !E por isso tenho feito memorialística no jornal, procurando registrar coisas da cidade, fazer justiça a certas pessoas, entidades e reviver episódios. Ou então, vez por outra, exercer o devaneio de um lirismo desenfreado quando a emoção toma conta de mim. Mas nos últimos dias, tenho ficado chocado com a sucessão de morte de homens da Brigada Militar.

Cheguei às lágrimas há poucos dias quando vi e ouvi na TV a notícia de um soldado da BM de apenas 26 anos que foi metralhado por bandidos. Toda semana escorre o sangue brigadiano pelas avenidas e ruas do solo gaúcho. E eles continuam a fazer seu trabalho com garra, determinação, coragem, destemor. Apesar do salário não condizente com o tipo de trabalho de tamanha periculosidade. Por isso resolvi sair dos meus temas prediletos e escrever hoje sobre a Brigada Militar. É preciso que alguém diga, fale, grite que vocês são importantes, sim ! Que vocês são heróis, sim ! Que vocês merecem o respeito de todos ! Infelizmente, não tenho poder algum para lhes recompensar, mas já ensinei meus descendentes a ter o maior respeito por vocês ! A Brigada Militar talvez seja a entidade mais gloriosa e séria do RS ! E como tal deve ser respeitada !

Que Deus proteja a vida de todos vocês !


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