segunda-feira, 19 de outubro de 2009

CRUZ E SOUZA - poeta de Florianópolis



Nasce no Desterro, hoje Florianópolis, no dia 24 de novembro de 1861. Educado por dona Clarinda Fagundes de Sousa e seu marido, coronel, mais tarde marechal-de-campo, Guilherme Xavier de Sousa. Passou a viver, como filho de criação, no solar do casal. Filho de Guilherme, mestre pedreiro, escravo do marechal, que o herdou dos pais, e de Carolina Eva da Conceição, lavadeira, escrava liberta por ocasião de seu casamento, ambos negros puros, tendo recebido o nome do santo do dia, o grande místico. São João da Cruz e Souza, como sobrenome, o nome da família do senhor de seu pai, como era freqüente fazer. Batizado em 24 de março de 1862.


Em julho de 1874, começa a lecionar no Ateneu o eminente naturalista alemão Fritz Müller (1822-1897), amigo e colaborador de Darwin e Haeckel.
No fim do anode 1875, Cruz e Sousa deixa o Ateneu, que cursou durante cinco anos, estudando francês com João José de Rosas Ribeiro, pai do seu grande amigo Oscar Rosas; latim, inglês e grego com o orientalista padre Leite de Almeida, reitor do Instituto; Matemática e Ciências Naturais com Fritz Müller; inglês com Anfilóquio Nunes Pires. "Distinguiu-se acima de todos os seus condiscípulos" (Virgilio Várzea).
881 - Funda em 1881, com Virgílio Várzea e Santos Lostada, o jornalzinho literário semanal Colombo. Primeira viagem de Cruz e Sousa, percorrendo todo o Brasil, de Norte a Sul, que durou dois anos, acompanhando a Companhia Dramática Julieta dos Santos, como ponto. Adesão à chamada Escola Nova, na realidade o Parnasianismo. Leituras de Baudelaire, Leconte de Lisle, Leopardi, Guerra Junqueiro, Antero de Quental, entre outros.
Começa a redigir em 1882, a Tribuna Popular. Participa da "Guerrilha Catarinense", violenta polêmica literária pró e contra o Realismo.
Publica o folheto Julieta dos Santos, escrito em colaboração com Virgílio Várzea e Santos Lostada. Aparece Tropos e Fantasias, em colaboração com Virgílio Várzea. Assume a direção do jornal ilustrado O Moleque, título dado em desafio ao preconceito de cor.

Em 1890 sua ida definitiva para o Rio de Janeiro, provavelmente em novembro. Colabora na revista Ilustrada, de Ângelo Agostini. Oscar Rosas lança o movimento Norte-Sul, pela literatura sulina. Colaboração no Novidades, de que era secretário Oscar Rosas, em 27 de dezembro. Primeiro emprego no Rio de Janeiro, proporcionado por Emiliano Perneta.

1891 - Falecimento em agosto, no Desterro, de sua mãe Carolina. Artigos-manifestos do Simbolismo na Folha Popular, do qual era secretário Emiliano Perneta. Colaborava também em O Tempo. Residia na rua do Lavradio, nº 17. Vê Gavita Rosa Gonçalves, também negra, pela primeira vez, em 18 de setembro. Em 1893 publica, antes de 28 de fevereiro, Missal e, em 28 de agosto, Broquéis. Casa-se, em 9 de novembro, com Gavita, em plena Revolta da Armada. Nomeado praticante de arquivista da Central do Brasil, em dezembro.

Em 1897 - Pronto para o prelo, Evocações, que sairá postumamente. Residia na casa nº 48 da Rua Teixeira Pinto (hoje Cruz e Sousa, 172), no Encantado. Em 24 de julho, nasce o terceiro filho, Rinaldo.

Em 1885, com Virgílio Várzea, publicou o livro “tropos e fantasias”. Em 1887, foi tentar a vida no Rio de Janeiro, mas pouco depois voltou, sem sucesso. Nova tentativa em 1889. Conseguiu emprego e passou a colaborar em jornais e revistas, fazendo-se o grande líder e a maior expressão do movimento Simbolista. Lançou, em 1893, os livros “Missal e Broquéis”; nesse mesmo ano casou com Gavita e foi nomeado arquivista na Central do Brasil.

Atingido pela tuberculose, buscou tratamento em Sítio, Minas Gerais, mas lá faleceu, em 19 de março de 1898. O corpo foi despachado para o Rio de Janeiro num vagão de trem para transporte de gado e enterrado no cemitério de São Francisco Xavier. Ainda em 1898, após sua morte, foi publicado o livro “Evocações”. Em 1900, saiu a coletânea “Faróis”. Gavita morreu em 1901, também de tuberculose, mal do qual acabaram morrendo três filhos do casal. Em 1905, foi editado em Paris o livro “Últimos Sonetos”.

No dia 26 de novembro de 2007 seus restos mortais foram trasladados para Florianópolis. onde permanecem depositados numa urna exposta à visitação no Museu Histórico de Santa Catarina. Nos jardins do palácio que leva o nome do poeta será construído um memorial em sua homenagem.

Obras
1885 - Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea).
1893 - Missal (prosa poética) e Broquéis (poemas)
1897 - Conclusão de Evocações (prosa poética)
1898 - Publicação póstuma de Evocações, graças ao concurso de Saturnino de Meireles
1900 - Faróis (poemas), coletânea organizada por seu amigo Nestor Vítor
1905 - Últimos Sonetos, publicado em Paris, por seu amigo Nestor Vítor
1923 - Primeira edição de suas Obras Completas por ocasião do 25ª aniversário de sua morte, livro organizado por Nestor Vítor
1945 - Obra poética, publicação do Instituto Nacional do Livro, livro organizado por Andrade Muricy, a partir do arquivo de Nestor Vítor
1961 - Obras Completas, reunindo esparsos e inéditos, livro organizado por Andrade Muricy, em comemoração ao centenário de nascimento do poeta.
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FONTE : Museu Histórico de Santa Catarina

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