*Ao MÁRCIO, por sua bela foto dos céus de Santa Maria (22/4/2010)
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Um céu assim
Merece mais que um camelódromo.
Um céu assim
Merece mais que a FATEC e a FUNDAE.
Um céu assim
Merece mais sangue no hemocentro.
Um céu assim
Merece um viaduto concluído na Rio Branco.
Um céu assim
Merece comércio aberto aos domingos e feriados.
Um céu assim
Merece uma Saldanha Marinho reformada.
Um céu assim
Merece ruas e avenidas arborizadas.
Um céu assim
Merece morros sem projetos de favelas.
Este céu era o da minha infância, Márcio !
Quando a gente pescava lambari no Cadena.
Quando o RIONAL era uma festa.
E o MANECO era o colégio padrão do RS.
E a Banda do Colégio Santa Maria existia.
E as reuniões dançantes no Clube Comercial produziam ereções coletivas.
E a Banda do Sétimo R.I. fazia retretas no coreto para alegria dos aposentados.
Hoje este céu banha uma cidade repleta de alienígenas.
Quem invadiram a cidade pra virar doutor.
E prá foder nossas gurias.
Para depois fugirem.
Deixando para trás lixo.
Desprezo.
E restos de esperma.
Ah...se este céu soubesse
Que a cidade mudou.
Que 45.000 pessoas estão desempregadas.
Ah...este céu talvez estivesse rubro.
De vergonha.
Por banhar a cidade que não é mais da Boca do Monte.
E muito menos...santa.
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AUTOR : James Pizarro
5 comentários:
RECEBIDO POR E-MAIL
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From: Luiz Adalberto Villa Real
Sent: Thursday, April 22, 2010 12:56 PM
To: jamespizarro@hotmail.com
Subject: Re: "O CÉU DE SANTA MARIA" - James Pizarro
James:
Recordo com saudade as madrugadas que passávamos na Praça Saldanha Marinho, vendo a lua surgir por detrás do Cine Independência até desaparecer, enquanto discutíamos sobre poesias, películas cinematográficas, o último recital de Pedro Freire Jr. - que agora é feliz por estar livre da horrenda visão que a praça proporciona durante o dia, e que à noite só é frequentada por desavisados e pela ratatulha. Dos bancos da Rio Branco fitávamos o Moby Dick em duas situações: ou não tinhamos dinheiro e não nos aventurávamos a pedir pindura, ou já tinhamos sido defenestrados pelo proprietário porque era hora de fechar. E bebíamos mais do que gambás sem ficarmos bêbados. A lástima é que hoje depois de uma garrafa os olhos já vão vendo mais do que existe. Se passarmos da conta e olharmos um cachorro na porta de um boteco é possível que tenhamos a impressão de estar vendo que o animal tem dois olhos e está entrando, quando na verdade ele está saindo. Aquela época era tão boa que eu ouvia o João Nascimento com interesse. Hoje os canteiros da Rio Branco estão contaminados por camelôs, a sujeira é imensa e o panorama um horror. E vou parando por aqui. Outro dia continuo. Um abraço,
Villa
Blogger Ana disse...
Puxa!
Fiquei impressionada com tudo...
E curiosa pra ver a foto que inspirou este desabafo!
22 de abril de 2010 12:46
A poesia normalmente viaja pelo lúdico, pela fantasia, por isso quando fala da realidade nos impacta de imediato. James, bela construção a tua, um poema que aperta feridas da nossa cidade. Como colocou a Ana, estamos todos curiosos para ver a foto do Márcio, que tão bem inspirou teus versos. Um abraço.
Fico muito triste muita vezes por ter escolhido uma "geração" tao cheia de sujeira em seus coraçoes, para nascer.
Queria ter visto ou sido das crianças que podiam brincar na rua, ou nadar no rio...
Mas nao perdi a esperança de semear um lugar melhor ainda. Vivo com ela dentro de mim, e toda a populaçao de hipocritas nao podem destrui-la.
Faço a minha parte.!
James, da maneira como falas da Santa Maria do passado eu enxergo Santa Cruz do Sul, Porto Alegre, Tramandaí; existe uma proliferação de lixo, as pessoas que passam parecem não sentir que se cada um deles jogando um papel de bala, um toco de cigarro ou outras coisas estão impregnando a natureza de LIXO.
Gostei do que a Camila escreveu, tomara que esta geração resolva adotar a limpeza.
Agradeço tua visita; minha "casa" estará sempre aberta para te receer.Abraços.
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