Talvez tenha sido um dos mestres que mais influência teve na minha formação, pois sempre nutri verdadeira admiração por sua cultura e inteligência. Ficava fascinado por sua extraordinária memória. É de sua autoria essa frase que ainda hoje repito aos meus alunos do Colégio Coração de Maria : "A memória é esta incrível faculdade que só possui uma propriedade : a de esquecer as coisas que aprendeu". E o Edgar nos ensinava então que, "para não esquecer, só há um método : a técnica da repetição". Foi meu professor de francês durante três anos no Maneco. E muito anos depois, já formado em Agronomia, quando resolvi cursar Comunicação Social-Jornalismo (acabei cursando apenas 4 semestres) foi novamente meu professor na disciplina de "Comunicação em Língua Francesa". Ex-seminarista, cunhado do ex-padre Ir. Vitrício (famoso pelos seus dons mediúnicos e parapsicológicos), o Prof. Edgar era dono de uma vastidão de conhecimentos que embasbacava alunos sensíveis como eu, que ficavam boquiabertos diante do mestre. Morava num apartamento da Galeria do Comércio, no Calçadão. Depois de aposentado, foi morar nas proximidades do Supermercado Nacional, à rua Marques de Herval, onde o visitava sempre. No intervalo de uma das aulas da Comunicação Social, fui ao corredor falar com o mestre, porque havia achado o mesmo meio triste, depressivo, durante a primeira hora de aula. Contou-me ele que tinha acabado de chegar de viagem, motivada pela morte de um irmão seu, figura a quem muito prezava. Deitou a cabeça sobre a báscula da janela do corredor do prédio da Antiga Reitoria e pôs-se a chorar, o que muito me comoveu. Há alguns anos, sofreu cirurgias melindrosas para lhe extirpar um câncer intestinal, razão pela qual ficou mais de dez horas anestesiado. Disse-me ele : "Acho que as anestesias deixaram sequelas na minha memória". A última vez que o vi foi num domingo, na missa das 18:00h, no Santuário-Basílica da Nossa Senhora Medianeira, onde o abracei afetivamente, pois se encontrava entristecido pela então recente morte de sua querida esposa.
Depois da minha vinda para Florianópolis, há quase cinco anos, nunca mais tive notícias dele.
O mestre faleceu e foi enterrado dia 25 de maio de 2012, às 15 horas. Se estivesse em Santa Maria teria ido ao seu velório e a seu sepultamento.
Chove torrencialmente em Florianópolis.
E também chove dentro de mim, chuva mansa da melancolia.
Que Deus abençoe a santa alma do meu amado mestre.
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AUTOR : James Pizarro
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