sexta-feira, 13 de março de 2009
SANTO AMARO DA IMPERATRIZ - (3)
Festa do Divino
A religiosidade foi um maiores legados que a cultura portuguesa deixou para o Brasil. Por todo o país, muitas formas de expressão religiosa denotam claramente a influência de nossos colonizadores. Uma dessas formas, que se destaca por estar presente em praticamente todos os recantos do território brasileiro é o culto ao Divino Espírito Santo, que devota a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
A religiosidade foi um maiores legados que a cultura portuguesa deixou para o Brasil. Por todo o país, muitas formas de expressão religiosa denotam claramente a influência de nossos colonizadores. Uma dessas formas, que se destaca por estar presente em praticamente todos os recantos do território brasileiro é o culto ao Divino Espírito Santo, que devota a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
O culto ao Divino Espírito Santo nasceu em 1296, na cidade de Alenquer, em Portugal. A então rainha Isabel de Aragão, chamada de Rainha Santa, prometeu instituir um dia de culto caso o Espírito Santo resolvesse as desavenças entre seu marido, dom Diniz, e seu filho (o nome não consta nos arquivos históricos). Vendo atendido seu pedido, passou a coroar um mendigo, que se tornava rei por um dia no ano.
Em Santa Catarina, a tradição vêm desde a chegada dos primeiros açorianos, entre os anos de 1748 a 1756. Durante todo esse tempo, sofreu influência de outras culturas, incorporando novos elementos. Ainda assim, mantém muito da forma original. Durante as festas em homenagem ao Divino, os devotos pagam promessas, fazem oferendas e rezam. Uma das principais características dos festejos é a diversão, com as danças, folguedos e muitas atrações.
A festa - No calendário original, as festas do Divino são realizadas no dia de Pentecostes. No entanto, em nosso Estado essa data varia, por conveniência das comunidades ou mesmo para que a data da festa coincida com o dia do padroeiro da paróquia. É comum que ocorram nos meses de maio a setembro, com duração de três dias. No primeiro dia, é realizado o “cortejo imperial”, com uma missa festiva em honra ao Espírito Santo. Geralmente, esse cortejo parte da casa do “festeiro” (casal responsável pela organização da festa, também chamado de “casal imperador”, representando dom Diniz e dona Isabel). Após a missa, são realizadas apresentações folclóricas, folias e queima de fogos. No segundo dia, ocorre a festa propriamente dita, com a coroação do imperador e da imperatriz, que são conduzidos aos locais apropriados para receberem as homenagens da população. Nesse mesmo dia, é feito o sorteio ou escolha do “casal imperador” do ano seguinte. No terceiro dia, esse casal “toma posse”, encerrando as festividades.
Simbologia - A festa do Divino utiliza muitos elementos, que simbolizam o culto ao Espírito Santo. Dentre eles, destaca-se a Coroa do Divino Espírito Santo, originalmente feita em prata; e os Impérios do Divino, que são os locais onde estão espostos a Coroa e outros símbolos do culto. Em Santa Catarina, restam apenas cinco desses locais, sendo o mais original e autêntico na Freguesia do Ribeirão da Ilha (os outros estão nos bairros da Trindade, Lagoa da Conceição, Rio Vermelho e Campeche).
As festividades do Divino começam após a Quaresma, quando “sai” a bandeira do Divino. Essa bandeira é de pano vermelho, sobre o qual é bordada uma pombinha branca. Essa bandeira é sustentada por um mastro de aproximadamente dois metros, em cuja ponta aparece outra pombinha branca, ornada de flores. Da ponta do mastro caem fitas coloridas, geralmente doadas como pagamento de promessas.
Entre os fiéis, há a crença que quem tocar a bandeira ou beijar a pomba do Divino nos dias de festa receberá uma graça do Espírito Santo. Nestes dias, é comum encontrar os cortejos conduzindo os símbolos da devoção pelas comunidades participantes. Essa “romaria” da bandeira precede a festa e, além de propiciar o contato dos fiéis com os símbolos, tem por finalidade o recolhimento de contribuições para auxiliar com as despesas dos festejos. Essa coleta, que no início era revestida de muita cerimônia, foi sendo simplificada e hoje ainda resiste em alguns distritos de Florianópolis.
A bandeira percorre todas as casas, realizando a coleta dos donativos para grande festa, que pode ser em espécie ou em forma de prendas, galinhas, porcos, etc., que serão usadas no preparo das comidas ou sorteadas durante as festividades. No início, a bandeira era acompanhada de alguns músicos e cantadores. Atualmente, poucas comunidades mantém esse costume, quando muito utilizando-se do tambor (no Ribeirão da Ilha ainda pode ser encontrada a forma original).
Outro ponto de destaque da Festa do Divino são as “massas” em agradecimento ao atendimento de uma promessa relativa a questão de saúde. Também chamadas de ex-votos, são massas de pão feitas geralmente no formato da parte do corpo doente. Assim, é comum encontrar braços, pernas, mãos e outros órgãos que são oferecidos simbolicamente ao Divino, em louvor à graça obtida. Esses pãezinhos são vendidos ou leiloados durante a festa.
Seja pela questão religiosa ou mesmo folclórica, a Festa do Divino é sem dúvida um dos grandes atrativos turísticos da Ilha de Santa Catarina, onde se pode encontrar fé, tradição e cultura interligados e presentes.
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VÍDEO : Imagens do desfile do Cortejo da Família Imperial, pelas ruas da cidade de Santo Amaro da Imperatriz, Santa Catarina, no dia 8 de junho de 2003. Nesse ano, o festeiro foi o Dr. Zulmar Campos. Nota-se, em destaque, um grupo de quatro aprendizes-marinheiros da EAMSC puxando a marcha.
FILMADO E EDITADO POR : Sebastião Cruz
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