sábado, 3 de outubro de 2009
MERCEDES SOSA - James Pizarro
Escrevo no sábado.
3 de setembro de 2009.
São 19:38horas.
Mercedes Sosa acaba de receber a unção dos enfermos.
Sua voz desaparece.
Sua energia se volatiliza.
Sua vida está escorrendo.
Escoando como o som duma flauta.
Sua hora está chegando.
Sua ausência será sentida no verde da Amazônia.
E nas minas abandonadas de cobre do Chile.
E na solidão dos campos uruguaios.
No pampa argentino a erva secará.
E o gelo dos Andes escorrerá em lágrimas de dilúvio.
E os índios bolivianos ficarão mudos.
E a Colômbia petrificará.
E os músicos e compositores perderão sua maior irmã.
E as almas incas voarão sobre os céus do Peru.
E as rádios fechadas da Venezuela não tocarão suas músicas.
E os CDs piratas do Paraguai se multiplicarão aos milhões.
A América Latina perderá sua "negra".
Ficará órfã, ela já tão pobre de homens verdadeiros.
Chegou o tempo de Mercedes.
Os anos chegaram para Mercedes - como ela mesma cantou.
Pablo Milanez ficará inconsolável.
A Morte - esta puta desgraçada - triunfará.
E todos nós, latinoamericanos, que já éramos tão sozinhos,
ficaremos mais sozinhos ainda.
Para sempre.
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3 comentários:
Lindas palavras caro amigo!
Como sentiremos essa bela ausência, mas se olharmos o céu, onde nosso Cruzeiro do Sul brilha, veremos mais uma estrelinha adicionada a ele.
"Passam os anos e como muda o que eu sinto
O que ontem era amor vai se tornando outro sentimento
Porque anos atrás tomar tua mão roubar-te um beijo
Sem forçar o momento fazia parte de uma verdade"
Como cantei esta música nos meus tempos de jovem e hoje ouvi-la aqui foi um lindo presente. Obrigada!
abraços cariocas
gracias a la vida
Lindo texto.
Enfim, gracias a la vita (ou vida? não sei) por que existem vozes que clamam como a dela. Nunca a curti como cantora mas sei de seu valor.
Abraços.
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