quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A RESSURREIÇÃO COLORADA - JAMES PIZARRO (jornal A RAZÃO, edição de 15/12/2016)


COLUNISTAS

A ressurreição colorada


James Pizarro

por James Pizarro em 15/12/2016
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Sou colorado desde que me conheço por gente. Tive coleções de flâmulas e de bandeiras. De reportagens e de fotos dos grandes craques. Participei, na adolescência, de campeonatos de futebol de botão junto com colegas do MANECO (Paulo Gilberto Coelho, meu amigo “Paco”, do Banco do Brasil, era um deles). Lembro dos nomes dos jogadores do time : La Paz, Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Chinezinho.
Conheci o velho estádio dos Eucaliptus. Acompanhei a doação da área de água do Guaíba que o Inter recebeu para que ali pudesse construir seu estádio. Lembro da flauta e da gozação das charges das “bóias cativas”, pois os adversários diziam que iríamos jogar embaixo d’água apenas tendo como espectadores os peixes. Lembro das campanhas de doações de tijolos para construção do estádio. Depois, a grandiosa realização do sonho. Fui a alguns jogos da programação inaugural do Beira-Rio.
Dezenas de vezes viajei a Porto Alegre para assistir jogos memoráveis. Fui testemunha da façanha única até hoje jamais conseguida por outro clube: ser campeão brasileiro invicto.
Assim minha família toda cresceu neste ambiente festivamente colorado. Minha mulher, formada em Educação Física, é torcedora fanática e faz álbum de coleções de figurinhas de futebol comigo e com os netos. Enfim, gostamos demais de futebol. Assinamos canais especiais de TV para que não percamos os jogos de nosso time favorito.
Neste ano de 2016, devido a uma série de fatores – já exaustivamente examinados pela crônica especializada – nosso INTER foi pela primeira vez rebaixado para a Série B, local onde já estiveram valorosos co-irmãos do futebol nacional.
Não sou daqueles que ficam desesperados, que esbravejam, que ficam à beira de um colapso nervoso ou ficam irritados com a corneta dos adversários. Aos 75 anos, encaro a vida como ela é. Fizemos uma péssima campanha e não merecíamos permanecer na Série A. Nosso excelente goleiro Danilo, homem de grande caráter e talentoso jogador, quando indagado sobre a nossa queda, foi lacônico: “Justíssima”.
O número de sócios começou a aumentar. Quem estava atrasado colocou as mensalidades em dia. A Oposição ganhou as eleições com 95 % dos votos. Vamos lamber nossas feridas. Fazer nosso mea-culpa. E ressurgir das cinzas. Caímos apenas a primeira vez. Estamos no Purgatório. Vamos lutar para não cair de novo. Seria ficar no Inferno. Onde outros já estiveram.

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