quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

OPERAÇÃO LAVA ALMA - James Pizarro (jornal A RAZÃO, edição de 2/2/2017)

JORNAL "A RAZÂO" - edição de 2/2/2017 - página 4
(OBS.- Minha crônica intitulada originalmente "Eike Batista", por equívoco de diagramação, saiu com o título de "Operação Lava Alma")
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EIKE BATISTA
James Pizarro - professor
Não sei hoje, mas nas primeiras aulas de Biologia de antigamente, além de se ensinar as diferenças entre seres vivos e seres brutos, também eram ensinadas as características dos seres vivos.
Desde criança a gente aprendia que cada ser vivo, animal ou planta, tinha um “ciclo vital”. Isto é, o ser vivo nascia, crescia, atingia a maturidade, se reproduzia, envelhecia e morria. Pomposamente, alguns chamavam isso de “ciclo ontogênico”. Em linguajar tupiniquim : não fica ninguém para semente.
Repare o leitor que isso ocorre com tudo : instituições, beleza, prédios, fábricas, fortunas, prestígio, saúde, partidos políticos, ocupantes de cargos, etc...
Basta puxar pela memória e lembrar das dezenas de casas comerciais que fecharam suas portas. Clubes famosos onde só entravam as famílias pretensamente mais poderosas da cidade e que hoje são freqüentados por quem paga entrada popular. Palacetes e casas de dezenas de aposentos que hoje viraram tapera. Hotéis e pensões outrora famosos que são hoje residência de morcegos, pombas e mosquitos. São dezenas de exemplos.
Dia desses, sentado no calçadão, tomei um susto ao passar por mim uma das mais belas e cortejadas moças da década de 60 na sociedade santa-mariense. Costumava dar “carão”, recusava convites quando os rapazes iam lhe tirar para dançar, onipotente no alto da sua beleza juvenil que certamente supunha eterna. Alquebrada, olhar triste, de bengala, solteira (conforme me informou o aposentado que estava sentado comigo). Fiquei a cogitar sobre as surpresas da vida para essas almas desavisadas e que se afirmam em cima do seu fenótipo. Por isso, sempre me olho no espelho e me convenço da minha feiura e obesidade, para que jamais seja acometido de qualquer ataque de soberba.
Tive um grande amigo, colega da UFSM, que ao ser convidado para trabalhar junto ao gabinete da reitoria, mudou completamente de comportamento comigo. Jamais me procurou, nunca mais respondeu meus e-mails ou minhas mensagens IN-OFF ou nossos costumeiros (até então) bate-papos no facebook. Ele é uma alma distraída que esquece que o reitor é “magnífico” apenas por quatro anos. Depois, ele deixa de ser “magnífico”. Eu apenas contabilizo na conta dos deletáveis. A gente vai ficando velho e vai depurando os contatos. Nada é para sempre.
Vejam o caso do Eike Batista agora, que ocupa todas as manchetes. É a bola da vez.
De oitavo homem mais rico do mundo a presidiário. Ladrão. Cela comum porque não tem curso superior. Cabelo raspado. Chinelinho de dedo. Buraco no chão para evacuar de cócoras na frente dos outros. Jato de água fria saindo de um cano. Comidinha de marmita. A Luma de Oliveira e as outras monumentais mulheres que teve irão lhe visitar ?
Cuidado, pois, ao chamar alguém de “amigo” !!!

Um comentário:

kcetadasdoafonso.blogspot.com disse...

Brilhante. É a vida. Parabéns pela bela comparação.
Afonso Pires Faria.