Pessoas da minha faixa etária - e alguns até antes disso - costumam abrir os jornais e consultar direto os convites para enterro. Dizem que é por curiosidade. Querem ver se há algum amigo entre os que "partiram desta para a melhor". Aliás, quem disse que no post-mortem é tudo melhor ? Há controvérsias...
Dia desses li um artigo escrito por um psiquiatra sobre essa curiosidade mórbida. Resumo : ele diz que a pessoa que lê procura se certificar que o próprio nome não está nos convites. E que isso, inconscientemente, a deixa feliz e aliviada.
A verdade é que a perspectiva da própria morte não agrada a ninguém. Há todo um anedotário sobre esse tema e uma série de ditos populares. Quem não vai a hospitais visitar amigos ou não vai a velórios costuma dizer que "quem não é visto não é lembrado". Quando a gente faz exames periódicos para aferir a própria saúde, há aqueles que dizem "quem procura acha", condenando a racional medida de se fazer check-up. E assim por diante...
Mesmo as dezenas de amigos espíritas que tenho não costumam ver com bons olhos a morte. Um deles, mais chegado a mim e que se encontra severamente doente, está com muito medo de morrer. Pergunto cá para os meus botões : se a pessoa tem firme convicção de que vai nascer de novo, por que o medo ?
Há um e-mail humorístico que circula pela internet com sugestões para lápides segundo as crenças e profissões de cada um enquanto vivo. Para os adeptos do espiritismo, pelos quais tenho o maior respeito, há uma sugestão que achei muito pertinente : "Vou ali e já volto".
Já eu recebo lição diária de humildade, ao lembrar que sou pó e ao pó retornarei...
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AUTOR : James Pizarro
5 comentários:
Obrigada pelo comentário. É bom saber que outras pessoas já passaram pelo que eu estou antecipando e que não é o bicho de sete cabeças que estou pintando,mas os anos parecem ter disparado...ainda ontem o meu filho mais velho era um bebê lindo, hoje entrando na adolcência(conflitos, crise, rebeldia...turbilhão). Acho que eu levei um susto...vou tentar não complicar as coisas...
Morte...é um assunto que ninguém gosta de comentar, mas é a única certeza que temos.
Pizarro,
Tema difícil esse, concordo. Ia comentar, mas vou chover no molhado. Às vezes, é melhor devanear, como Charles Chaplin:
"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"
Buenas Prof. !!
Entonces, eu tbm sou espirita... e acho que o medo é decorrente de como vamos encarar as nossas falhas aqui na terra, pois do outro lado tudo aquilo que fizemos em 4 paredes, aqueles pensamentos secretos ... tudo se vê lá.... Ai ai ai ai tô ferrada!
Minha mãe também é adepta que "Não meche na merda para não feder" hehehe.
Tche, tu ainda tá novo...
Um macanudo quebra costelas.
Lindamar.
Olá Pizarro, concordo plenamente com o que escreveu e mais, penso que as pessoas deveriam ser mais simples, dar valor as coisas que realmente importam e dizer tudo o que gostaria de ter dito as pessoas que se amam, pois amanhã poderá não estar mais aqui.
Por isso, a única certeza que temos é a MORTE!!!!!!!!!!!!
Abraços
Grande James Pizarro,
Fantástica crônica sobre algo tão real e tão pouco explorado por quem quer que seja.
Cá, do meu lado, eu também tenho minhas restrições a esta passagem. Acredito que existe o lado de lá, mas também, que o homem começa a escrever, aqui, a sua eternidade.
Então tá, meu amigo. Vamos combinar o seguinte: ainda falta muito prá escrever nos nossos livros da vida. Ou não?
E como estamos em débito, racional seria ficarmos aqui, escrevendo, até que tudo esteja pronto para que se ponha o "epílogo" (ou seria epitáfio"?
Que Deus te abençoe,
Caminha
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