Tinha eu uns 9 ou 10 anos. Nem para os escoteiros eu havia entrado.
E já lia sofregamente. Livros de aventuras.
Devorei toda a coleção do Tarzan publicada no Brasil.
Histórias fantásticas escritas por Edgar Rice Burroughs.
Livros de papel jornal. Capa colorida e ilustrada.
Todos publicados pela Editora Nacional. Eram livros já antigos, do tempo de menino do meu pai.
Lembro de alguns títulos. "Tarzan, o Rei da Selva".
"Tarzan e as Jóias de Opar". "Tarzan e o Império Perdido".
"Tarzan, o Magnífico". "Tarzan e a Legião Estrangeira".
Não perdia também nenhum filme de Tarzan.
Todos exibidos aos domingos, no matinê, das 13,15h no Cine-Teatro Imperial.
Chamado pela gurizada de "sessão da uma e quinze".
Nos filmes mais antigos Tarzan era representado pelo ator Johnny Weissmuller. Mas o Tarzan mais famoso da minha infância era representado pelo ator Lex Barker.
Eu ficava emocionado com Tarzan. Com a macaca Chita. Com Jane, a namorada de Tarzan. Com as mil peripécias enfrentando os caçadores de animais.
Depois dos livros e dos filmes de Tarzan, vieram os "gibis" (histórias em quadrinhos) publicadas pela Editora EBAL. E os "comics" (tirinhas de jornal).
Até que os editores inventaram um filho para Tarzan.
E passaram a surgir os livros da série "Korak, o Filho de Tarzan".
Fiquei tão decepcionado que me recusei a ler.
Tarzan nunca poderia ter tido filhos.
Ou ter casado com Jane.
Foi uma traição à minha infância.
Nas sessões da madrugada, quando por acaso passa um velho filme de Tarzan, eu desligo a televisão. E vou prá cama.
Custo a dormir.
Porque fico resmungando uma certa mágoa.
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AUTOR : James Pizarro
Um comentário:
Heheheh! Adorei o desabafo e a revolta!
Tem coisa mais bonita do que a infância recheada de aventuras e fantasia??
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