Eu bem sei que, além de ser um tanto (p)bizarro, virei um tipo maldito no oficialismo da minha cidade natal. “Metamorfose ambulante” no conceito do Raul Seixas, virei um tipo maldito, satanizado na cidade…90 % por causa do preconceito da cidade (que nunca aprendeu a conviver com as diferenças) e 10 % por causa das cagadas que cometi (e das quais já fiz confissão pública, fui julgado, crucificado e ressucitei, para desânimo e desencanto dos meus desafetos).
Houve uma época que a UFSM presenteava e homenageava numa janta os funcionários e professores que completavam 10, 20, 30 anos de serviço com folha imaculada, sem faltas e advertências. Quando completei 20 anos de serviço fui o único que “esqueceram” de convidar para receber a tal medalhinha de latão, que se compra ali no camelódromo por 1,99 a dúzia. Escrevi – por oficio protocolado – que estranhava o esquecimento e que poderia ter levado meu lanche de casa na jantinha oferecida se tinham medo da minha gula de obeso e do custo gastronômico que afetaria os cofres da instituição.
Na semana seguinte, ao entrar na minha sala na Rádio Universidade, encontrei por baixo da porta um envelope contendo a medalhinha de latão com uma espécie de alfinete…esses troços que se enfiam na lapela do casaco. E nada tinha por escrito, apenas a latinha.
Como nunca usei casaco, sou um homem sem lapelas. Chegando em casa, enfiei a medalha na casa da Helga, minha cadela coocker-spaniel. Porque achei que o carinho e a dedicação que ela me dava merecia um agradecimento. E afinal, numa cidade com seis universidades, ela não era uma cadela comum.
Era uma cadela universitária e, agora, possuidora de um”merdalhão”…
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