quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

COLUNISTAS

Tapas & beijos

James Pizarro
por James Pizarro em 17/12/2015
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Há meses tenho passado algumas horas do dia assistindo as sessões do Senado, da Câmara dos Deputados e da Comissão de Ética. Assisto para tirar minhas próprias conclusões, uma vez que se corre o risco de ser mal informado ou “doutrinado” subliminarmente por certas publicações do centro do país. Aproveito para ouvir e ver enquanto meus netos não estão me visitando, pois certamente não deixaria os mesmos assistirem as cenas vergonhosas protagonizadas pelos “representantes do povo”. Quanto mais longe dos maus exemplos de suas “Excelências”, melhor para a formação do caráter da gurizada.
Lembro das brigas entre crianças, onde uma delas - queixosa - dizia : “Vou chamar o meu pai e vocês vão ver uma coisa! “Lembro quando diante de uma situação que exige maturidade e decisão, o adolescente exclamava : “Vou perguntar para o papai”. Por que estou lembrando disso? Porque os mais de 500 deputados federais (que a gente pressupunha preparados para legislar, decidir, orientar) não sabem nem ao menos interpretar o regimento interno da câmara !!! E abdicando da independência que lhes confere o Poder Legislativo, correm - qual “filhos” assustados - para pedir orientação aos “papais” sizudos do Supremo Tribunal Federal. Este fenômeno - conhecido por “judicialização da política” - assusta os eleitores sensatos e preocupa os segmentos esclarecidos da população. Dia desses ouvi na cafeteria um senhor perguntar para outro: “Para que gastar uma fortuna nas mordomias com mais de 500 deputados e milhares de assessores se, na hora das decisões graves, eles deixam para 10 juízes do STF decidirem?”
As sessões têm aspectos hilários, patéticos e trágicos. Qualquer um bagunça a sessão e a interrompe usando a expressão mágica: “Questão de ordem, presidente” (sendo que 90 % das vezes não se trata de uma questão de ordem). O deputado que está falando não é ouvido por mais da metade dos colegas que, junto com os assessores e funcionários, estão permanentemente usando o celular. Mais recentemente, alguns deputados passaram das ofensas verbais para o desforço físico. Depois de alguns dias, desculpam-se e se dão as mãos, passando dos tapas aos beijinhos. Ganhando quase 30.000 reais por mês fica mais fácil praticar a generosidade do perdão. Não é lindo isso numa época natalina? Enquanto isso, o país apodrece.

James Pizarro

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