sexta-feira, 14 de setembro de 2012

MEDOS/MENTIRAS/MITOS - James Pizarro

Hoje - ao conversar com uma amiga "manezinha" (nativa da ilha de Florianópolis) - imediatamente lembrei de meu tempo de criança.
Essa amiga é cheia de superstições. Acredita em algumas coisas fantásticas. Em mitos populares. Em coisas repassadas pelos familiares mais idosos.
Minha avó me dizia que se eu engolisse um chiclete grudaria no intestino e me daria um "nó nas tripas".
Comer pão quente não podia.
Era proibido tomar banho de estômago cheio.
Pêssego com leite não se podia comer.
Melancia com uva "empedrava" no estômago.
Os amigos mais velhos e os tios ensinavam que se masturbar com muita frequência fazia criar pelos na palma das mãos.
As gurias eram doutrinadas a não lavar a cabeça quando estavam menstruadas e também não pisar de pés descalços no chão úmido e frio.
Passar bosta de galinha misturada com querosene no rosto fazia crescer a barba mais rápido.
Se a gente incomodasse muito o "Tio Santo" levaria a gente para sempre num saco. Esse "Tio Santo"  era um mendigo negro, que perambulava pelas ruas de Santa Maria na década de 50, sempre carregando um saco de estopa.
Enfim - a minha infância foi povoada de dezenas dessas histórias.
Eu cresci. Estudei. Fiquei adulto.
E logo constatei que era tudo mentira.
O mundo das crianças de hoje serão também povoados por estes medos ?
Acho que não.
É uma pena.
O que eles terão para rememorar futuramente ?


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