quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Moby Dick

James Pizarro
por James Pizarro em 30/07/2015
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Quase na esquina da Avenida Rio Branco com a Andradas, onde hoje está a Galeria Seibel, funcionou nos anos 60/70 o mais famoso bar dessa cidade : “Bar Moby Dick”. Era um bar pequeno, com cerca de 12 mesas, inicialmente de propriedade de dois queridos amigos : Claudio e Olmiro Vargas. Desfeita a sociedade, o bar ficou administrado anos a fio apenas pelo Claudio.
A mais assídua turma de frequentadores, que acompanhou o bar desde a inauguração até a última noite de funcionamento, foi a nossa, batizada de “Geração Moby Dick” por um dos integrantes do grupo, de nome Zuil Pujol.
Nossa turma era constituída pelos seguintes membros titulares, todos estudantes na época (frequentadores diários) : Freire Junior (teatrólogo e advogado), Zuil Pujol (médico em Livramento), Tasso Trevisan (médico em Porto Alegre), Tarso Genro (advogado em Porto Alegre), João Nascimento da Silva (advogado em Porto Alegre), Carlos Alberto Robinson (advogado em Porto Alegre), Luiz Alberto Silva (advogado em Porto Alegre), Adalberto Villareal (advogado em Florianópolis), Eliezer Pacheco (historiador e político), Dartagnan Agostini (engenheiro em Santa Maria), Luiz Entges (advogado) e James Pizarro (agrônomo e professor da UFSM). Outros apareciam esporadicamente, eram errantes, nômades, pulavam de mesa em mesa...
Todos os citados eram frequentadores diários, de varar madrugada, de jantar duas vezes.
Nossa turma era servida por um garçom amigo de todos, cara fechada, aspecto truculento, mas coração mole, de apelido “Mato Grosso”.
O garçom tinha uma amante e, certa madrugada, para surpresa de todos nós, ele veio a falecer na casa da mesma. A esposa verdadeira (que não sabia da existência da amante) provocou enorme confusão porque queria fazer o enterro do marido e a amante não queria entregar o corpo querendo ela o privilégio de enterrar o “Mato Grosso”.
Confesso que – por mais cretino que isso possa parecer – nossa turma ficou orgulhosa e repleta de admiração pelo nosso garçom amigo. Um dos membros do grupo, que foi importante autoridade anos depois, disse : “O Mato Grosso morreu no cumprimento do seu dever de macho. E nenhum de nós, metido a intelectual e a besta um dia vai ter seu cadáver reclamado por duas mulheres. Isto é a glória”.
Mas o grupo não vivia só de festas. Editou revistas culturais. Editou mais de 10 livros. Produziu peças teatrais. Recitais de poesias. Enfim, fomos um grupo de universitários que marcamos época na históri da cidade.
James Pizarro

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