sábado, 21 de fevereiro de 2009
Os 180 anos da chegada dos alemães em Santa Catarina
FOTO : Competição reúne descendentes para lembrar os costumes na Stammtisch, marcada para o dia 19 de abril de 2009 (Arquivo do DC,Florianópolis)
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Europeus fundaram colônia na mata de São Pedro de Alcântara
O Major de Milícias Silvestre José dos Passos, por determinação do Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco de Albuquerque Mello, funda, em 1º de março de 1829, em plena mata virgem e hábitat indígena, a Colônia dos Alemães, depois denominada São Pedro de Alcântara, em homenagem à família imperial reinante.
Sua fundação ocorreu às margens do caminho-de-tropas (estrada que se abria para Lages), com aproximadamente 60 imigrantes.
No próximo domingo, dia 1º de março, a cidade de São Pedro de Alcântara faz festa para celebrar a chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Estado, há exatos 180 anos.
Apesar da proximidade com a Capital – a apenas 32 quilômetros – e das 18 décadas de história, São Pedro de Alcântara mantém atrativos turísticos ligados à natureza, além dos produtos artesanais, como a saborosa aguardente elaborada em centenários engenhos movidos a água. A população é de aproximadamente 4 mil habitantes, e a economia do município baseia-se no turismo rural, histórico e cultural, o ecoturismo, a produção de hortigranjeiros e derivados de cana.
A principal atração de São Pedro de Alcântara é a Igreja Matriz, construída em 1929, no primeiro centenário da imigração alemã. Obra de grande beleza, com altar esculpido em madeira oriunda da Alemanha, abriga várias imagens sacras e sua cúpula lembra a da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
A cidadezinha convida a retomar antigos hábitos. A melhor forma de entrar no clima do passeio é abandonar o carro e sair a pé, sem pressa ou preocupação com a violência, que ainda não chegou por lá.
Comunidades se espalharam pelas regiões do Estado
Somente duas décadas depois da chegada dos primeiros imigrantes é que começou o grande fluxo de alemães para o Estado, com a colonização do Vale do Itajaí e das terras a noroeste do Estado, próximas ao porto de São Francisco do Sul. Da iniciativa privada de Hermann Blumenau, surgiu a Colônia Blumenau, no médio Itajaí-Açu (1850); em seguida, foram fundadas as Colônias de Dona Francisca (atual Joinville, em 1851), Itajaí-Brusque (1860) e Ibirama (1899).
O cientista político e pesquisador Adalberto Day explica que os imigrantes alemães ficaram separados dos luso-brasileiros, e suas atividades não afetaram em nada as áreas latifundiárias.
– As regiões colonizadas por alemães caracterizaram-se principalmente pelo regime de pequenas propriedades policultoras e pelo fato de permanecerem relativamente isoladas, gozando de uma certa autonomia e realizando um comércio em pequena escala – acrescenta.
Rico legado deixado pelos colonizadores
A adaptação dos imigrantes alemães ao Brasil foi acelerada pela nacionalização. A partir de 1937, o presidente Getúlio Vargas proibiu qualquer língua que não fosse o português. O “abrasileiramento” forçado, porém, não impediu que a cultura brasileira fosse enriquecida por uma valiosa herança germânica, cujos resquícios ainda estão presentes no dia-a-dia dos brasileiros e visíveis em qualquer cidade de origem alemã.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alemães tiveram papel importante no Brasil no processo de diversificação da agricultura, na urbanização e industrialização, tendo influenciado, em grande parte, a arquitetura das cidades e a paisagem brasileiras.
Um exemplo são as casas no estilo enxaimel – uma das principais atrações em qualquer região de colonização alemã. Quando os primeiros chegaram ao Brasil, essa arquitetura já estava fora de moda na Alemanha.
O imigrante alemão trouxe, ainda, a religião protestante, bem como introduziu no país o cultivo do trigo e a criação de suínos. Os primeiros colonos eram também artesãos e ajudaram a lançar as bases das indústrias têxtil, metalúrgica e calçadista.
Cultura permanece viva entre os descendentes
A vida cultural dos imigrantes também teve um papel importante na formação da cultura brasileira, especialmente no que diz respeito a certos hábitos alimentares, encenações teatrais típicas, corais de igrejas, bandas de música. Um exemplo é a Oktoberfest que surgiu como uma forma de manifestação contra a “política de nacionalização” do Estado Novo. A mais conhecida no Brasil é a Oktoberfest, de Blumenau, que só perde em público para a festa de Munique, na Alemanha.
Nas festas populares se vê a maior concentração de ingredientes alemães no cardápio sulista, como o assado de porco, a salsicha bock e a cuca – tudo regado a muito chope.
Em homenagem aos 180 anos da imigração alemã no Estado, os jornais do Grupo RBS – Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina – preparam um caderno especial para mostrar as influências dos imigrantes no desenvolvimento do Estado.
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FONTE : DC - 22 de fevereiro de 2009, edição N° 8354
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Um comentário:
James
Fico muito feliz que tenhas feito a citação de meu nome seu belo trabalho, sobre os 180 anos da chegada do alemães a Santa Catarina. Convido-te a visitar meu blog – www.adalbertoday@hotmail.com
Parabéns pelo belo trabalho
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau
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