terça-feira, 24 de agosto de 2010

EDITH GRAU SOUZA, MINHA SOGRA

Dona Edith Grau Souza, minha sogra, era filha de Elvira Cassel e Oscar Grau. Cassel e Grau ("cinza", em alemão) são tradicionais famílias de origem alemã de Santa Maria. Oscar Grau, falecido em 1928, é hoje nome duma escola municipal situada na Vila Schirmer. Foi professor de música e músico muito conhecido na cidade, eis que tocava violoncelo com rara sensibilidade. No local onde existe hoje o bar "Ponto de Cinema", existiu o Cinema Glória e, antes deste, o famoso Cinema Coliseu. Os filmes vinham em rolos enormes e, como o cinema só possuía uma máquina, quando terminava um rolo havia intervalo para a colocação do rolo seguinte. Nestes intervalos entrava em cena uma orquestra, onde brilhava Oscar Grau como violoncelista. Ele morreu precocemente, antes dos cinqüenta anos.
Dona Edith, como se vê, tinha a música no sangue e no meio onde vivia. Depois de passar alguns anos num internato alemão na cidade de São Leopoldo, veio para Santa Maria onde logo conheceu Bráulio Araujo Souza, com quem se casou. Seu Bráulio era nascido no Uruguai, mas registrado e criado no Brasil. Da união de ambos nasceram três filhos : Carmem (advogada, aposentada pela UFSM e residindo atualmente em Porto Alegre), Nelson (médico veterinário, morando em Rio do Sul, SC) e Vera Maria (formada no Magistério e no Curso Superior de Educação Física, casada comigo desde 14 de julho de 1966).
Durante meu período de namoro e noivado, eu almoçava e jantava diariamente na casa da Dona Edith, sem que ela nunca tivesse reclamado um só dia da minha insistência...rsss Pelo contrário, gostava demais de mim, sempre incentivou e fez bom gosto no meu namoro com sua filha, fazia pratos de comida que ela sabia que eu gostava. Eu era um estudante universitário polêmico, tinha atividade na imprensa e, aos 18 anos, já estava sendo processado por crime contra a "Lei da Imprensa" (aliás, fui absolvido). E Dona Edith jamais admitiu que alguém falasse de mim com desdém ou me criticasse. Ela sempre dizia : "O James é muito trabalhador e trata muito bem a minha filha". De sorte que sempre a tratei carinhosamente e tivemos uma relação muito harmônica, o que já não ocorria por exemplo com meu sogro...
Dona Edith educou os filhos de maneira exemplar e ajudou financeiramente na casa porque sempre deu aulas de piano, primeiramente no Conservatório Pogetti, na rua do Acampamento (dirigido pelo maestro Garibaldi Pogetti ) e, depois, aulas particulares em casa. Tinha um belo piano Pleyel, dado de presente, ainda em vida, para minha neta Amanda.
Tocava muito bem. sobretudo todo o repertório de Chopin, seu compositor predileto.
As filhas ainda possuem as fitas gravadas de muitas músicas executadas por ela.
Também foi de uma dedicação fantástica como avó, deixando marca indelével na sensibilidade dos netos.Com a morte do marido, diabética e com doença de Parkinson, veio a falecer em 30 de março de 2007.
Quando ouço ou leio piadas ou comentários desairosos a respeito de sogras,eu sempre faço uma ressalva :
- Minha sogra era uma notável exceção, pois foi uma extraordinária mulher, esposa, avó, bisavó e sogra !!!

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AUTOR : James Pizarro

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