Luiz Gonzaga Binato de Almeida, meu colega de magistério universitário e meu amigo pessoal, uma das figuras que mais prezo em Santa Maria,por várias razões. Mas principalmente por seu notável valor intelectual/artístico/profissional e pela humildade pessoal, muito diferente de outras figuras esnobes e metidas a besta que não servem para lhe lavar os pés. Parabéns, amigo Binato ! (foto: arquivo do "Diário de Santa Maria")
*********************************************************************************
"Poucos minutos em companhia de Luiz Gonzaga Binato de Almeida bastam para concluir: ele é um erudito. O arquiteto, nascido em Carazinho, demonstra prazer em falar das coisas que viu, ouviu e leu em 60 anos de vida. O gosto em dividir o que sabe vem de seu amor pelo saber, e pela crença de que ele deva ser democraticamente distribuído a todos para que o país avance.
- O Brasil, como nação, só despertará quando houver uma educação e uma cultura massiva, generalizada. Até por isso escolhi ser professor, apesar de ser uma carreira difícil e não prioritária - afirma ele, que ensinou História da Arte e da Arquitetura na Unisinos e na UFSM, e hoje dá aulas na Ulbra Santa Maria.
Essa filosofia deve ter influído na escolha de Almeida como novo imortal da Academia Santa-Mariense de Letras (ASL). O acadêmico tomará posse hoje, às 20h, em uma solenidade a ser realizada no Itaimbé Palace Hotel, e ocupará a cadeira número 17, cujo patrono é o escritor e jornalista Roque Callage.
- Ele se dedicou à literatura regional, inspirada nos temas do Rio Grande. Usava o linguajar gaúcho, mas lhe dava uma roupagem erudita, de "salão". Essa linguagem é tão tradicional, que chega a ser um patrimônio cultural. Precisamos conhecer e preservar esse linguajar. Precisamos conhecer Roque Callage - diz Almeida, prometendo divulgar o trabalho do escritor, que também é patrono da cadeira 35 da Academia Riograndense de Letras.
O gosto pelo patrimônio cultural e histórico tem raízes em sua infância, passada em Porto Alegre. Aos 9 anos, começou a aprender piano, tomando conhecimento dos clássicos e sua história. Mais tarde, freqüentaria o curso de Música - Piano, além da escola de Arquitetura da UFRGS, que fermentariam seu interesse intelectual das obras que desafiam o tempo. Em 1976, recebeu o convite para lecionar Urbanismo no curso de Engenharia da UFSM e por aqui ficou.
- Vim por questões profissionais e amei a cidade. Minha intenção é servir - diz.
Novato na arte de escrever - E ele serviu: além de lecionar, assinou o projeto arquitetônico do Calçadão original, de 1979, e do Memorial Mallet (1995). Há 10 anos, passou a atuar como produtor artístico do Projeto Cultural Escala Treze e da Orquestra Sinfônica de Santa Maria. Como se não bastasse, decidiu se aventurar pelo mundo das letras. Ele é co-autor de L. F de Assis Brasil - Interpretações, com Arthemiza Weinnann Rocha e José Newton Cardoso Marchiori. E, em março deste ano, lançou Retratos e Memórias - livro que conta um pouco da história da cidade, tendo como pano de fundo a criação das lojas Eny. A obra foi inspirada no processo de restauração da fachada do Cine Imperial, onde hoje funciona a loja Eny Infanto-juvenil.
- A literatura é uma coisa recente para mim. Foi surpreendente conseguir uma vaga para a academia. Por isso, com muita humildade, declaro que serei um aprendiz de literatura. Tenho a consciência de que essa é uma arte para a qual não tive preparação formal, mas, de qualquer maneira, a partir de agora, tenho o compromisso de escrever um pouco melhor - promete o novo imortal."
Dados returados do jornal "Diário de Santa Maria" de uma reportagem de Tatiana Py Dutra, edição de 20/11/2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário