segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ALGUMAS JOVENS VETERINÁRIAS MAL EDUCADAS E SEUS PINGUINS MARAVILHOSOS - James Pizarro


Jamais pensei ver tantas aves mortas. Na região de todo o litoral da ilha de Florianópolis e em outras praias de SC, cerca de 2000 pinguins já morreram até hoje, segundo a mídia. Como caminho todos os dias na praia de Canasvieiras durante duas horas, encontrei vários pinguins mortos e com seus corpos sendo devorados pelos corvos.
Os pinguins que foram resgatados vivos em todo o litoral da ilha são enviados para tratamento no CETAS - Centro de Triagem dos Animais Selvagens, situado no Rio Vermelho.
O petróleo provém provavelmente de um navio que se encontrava no alto mar mas a Marinha, que efetuou vários sobrevoos da região, ainda não localizou a mancha de petróleo. Quando a ave está coberta de petróleo, perde a impermeabilidade natural das penas. A água gelada entre em contato direto com o corpo e ela morre de hipotermia.
Os pinguins precisam ser alimentados com papa de peixe, água mineral e carvão ativado para facilitar a desintoxicação. Depois irão ao banho para lavagem e retirada do óleo.
Muitos dos que estão sendo tratados morrerão, mas a maioria sobreviverá, sendo devolvidos ao mar.
A população atendeu ao pedido das autoridades e já existem voluntários, entre profissionais biólogos e veterinários (além de estudantes e populares) trabalhando para a salvação dos pinguins. Uma equipe da conceituada FURG - Fundação Universidade de Rio Grande, RS, está prestando auxílio na recuperação dos pinguins, dando infra-estrutura material e científica à ONG R-3 (catarinense) que trabalha no local também. Pelo que pude perceber, sob todos os aspectos, meus conterrâneos da FURG vão passar trabalho...
Atendendo gentil convite do médico-veterinário Marcelo Frick (voluntário no tratamento com os pinguins), meu ex-aluno da UFSM e amigo de longa data, estive visitando o CETAS hoje pela manhã (4 de setembro de 2008). Marcelo me apresentou à veterinária responsável pela ONG e foi tratar da hidratação dos pinguins. Desta hora em diante, vendo que eu carregava uma máquina fotográfica, ouvi o seguinte da veterinária ongueira :
" - Fotos aqui acho um desrespeito, é uma área militar... porque já estiveram aqui membros de outra ONG que tiraram fotos e usaram as mesmas em benefício próprio, puxando a sardinha pro braseiro deles..."
Tratei de apresentar meu cartão de visitas, onde está escrito que sou professor da UFSM. Mas a má vontade visível continuou porque ela me deixou falando sozinho e foi tratar de uma reunião. Imediatamente guardei a máquina no bolso e me senti compelido a não tirar as fotos que pretendia para ilustrar este blog, fazer um relatório e mandar para as autoridades, jornais, rádio e TV...enfim, fazer uso das minhas relações em benefício do CETAS, da ONG e da campanha pela salvação dos pinguins. Iria filmar o trabalho para enviar à TV Educativa, TV Campus (UFSM) e Canal 16 - TV CÂMARA, onde tive programa por 3 anos, no RS. A bem da verdade, não tratei com ninguém do CETAS e deles queixa alguma tenho, portanto. Nem tão pouco dos técnicos da FURG.
Durante quase 3 horas fiquei passeando sozinho pelo local, até que uma das oceanólogas de Rio Grande,gentilmente, disse que poderíamos conversar na hora em que ela estivesse coletando sangue dos pinguins. Quando pretendi ir ao local da coleta, uma veterinária (ou bióloga ?) paulista de feições nipônicas, de nome Cris, disse : "É melhor não ir porque lá terá um biólogo e ele não vai gostar de zorra e chacrinha lá", como se o referido biólogo fosse um ser messiânico ou uma reencarnação do Charles Darwin... ou como se eu pretendesse fazer anarquia, qual um moleque.Ponderei apenas com uma frase : "Eu não vim aqui com esta intenção".
Narrei tudo ao Marcelo Frick na hora do retorno, que ficou constrangido diante da grosseria com que fui tratado. Só aí fiquei sabendo que elas me confundiram como membro da ONG rival. Dessa$ ONG$ $obre as quai$ a impren$a tanto têm $e ocupado...
Vindo esse comportamento de pessoas formadas, algumas com mestrado, que decepção !
Quanta vulgaridade e preconceito ! Quanta deseducação para comigo, que fazia campanha e militância ecologista no RS junto com o José Lutzemberger, quando estas meninas nem imaginavam em nascer ! Quanta grosseria para comigo, que exercendo a presidência da FZB - Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, abri as portas da fundação para os biólogos, veterinários e agrônomos do RS, pois fui co-fundador dos cursos de Engenharia Florestal e Ciências Biológicas da UFSM e lá dei aulas durante 40 anos, onde ensinei não apenas Ecologia mas respeito e ética profissionais.
Como estava vestido modestamente, de bermudas, camiseta e tênis passei por um marginal certamente, por um intruso que queria roubar fotos e se aproveitar do trabalho alheio. Se eu tivesse me apresentado de terno e gravata, num carro oficial, teriam me tratado diferente.
Não me deixaram nem explicar a razão da minha visita, o que pretendia fazer para ajudá-las, pois até na compra de detergentes eu tinha pensado, doação de medicamentos, mangotes apropriados para a hidratação,visitas a órgãos governamentais, correspondência para amigos de Brasília, que trabalham nas áreas governamentais de meio ambiente e que me conhecem há longa data. Pretendia mandar filmes para o Tarso Genro e Nelson Jobim, meus conterrâneos de Santa Maria e amigos há décadas, muito embora eu não comungue de suas idéias político-partidárias. Pretendia dar idéias para confecção de projetos citando as possíveis fontes de obtenção de recursos.
Pensei que rivalidades, brilhatura pessoal, jogo de cena e de vaidades só existissem entre as velhas raposas deste país. Vejo que isto, infelizmente, contaminou também alguns jovens profissionais. Terão de dar muita cabeçada para aprender que nem tudo se resolve com "me diplomei na USP", "fiz mestrado na Conchinchina", "doutorado na Bossoroca". Muitos sobreviverão temporariamente com pedidos de bolsas ao CNPq ou à CAPES, num coitadismo universitário, simplesmente porque seus trabalhos profissionais não são requisitados aqui fora, no mundo prático, onde se vive a vida real. Terão de cortar na própria carne para quebrar sua onipotência.
É patético respeitar a vida dos pinguins, quando ao mesmo tempo não se respeita humanos.
Os pinguins estão contaminados por óleo. Mas ficarão livres dele com um bom detergente.
Mas e a deseducação, a falta de gentileza, a pressa no julgar, o preconceito ?
Que detergente usar para limpar essas manchas de carater ?...
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OBS - Deixo de ilustrar esta postagem com imagens de pinguins porque não pude fazer registros fotográficos, embora a Constituição Brasileira tenha abolido a censura a qualquer pretexto.

Um comentário:

mignez disse...

James Pizarro isto é um horror!!!!
falta de respeito... e depois ficam escrevendo aos quatro ventos que nao podemos nao devemos discriminar ninguem a pretexto algum. Neste caso caberia uma bela representação judicial abraços