Dia desses recebi um e-mail dando conta que ele (o remetente anônimo) tinha encaminhado alguns textos do meu blog aos órgãos de segurança, Planalto, deputados federais e senadores da base do governo. E estava falando a verdade, porque vi os endereços no CC (com cópia) do e-mail do "corajoso" anônimo.
Não me importei com o fato, pois meu blog é aberto, não é censurado a ninguém, não uso pseudônimos, tem minha foto, meu endereço, meu e-mail. Aprendi com minha falecida vó Olina que aquilo que escrevo e falo pode tanto ser lido como ouvido por qualquer pessoa, às claras.
Se já existem esses dedo-duros anônimos até na internet, que vistoriam blogs de pessoas para tentar constrangê-las ou amedontrá-las no sentido de que não façam críticas às monumentais incompetências situacionistas, imaginem o que não fazem contra os políticos oposicionistas.
Neste sentido,os métodos totalitários da ABI - Agência Brasileira de Inteligência devem ser imediatamente revistos. E o presidente Dilma tem a obrigação de vir à TV explicar claramente que as escutas telefônicas, telefones grampeados e outras coisas mais não se repetirão contra figuras ilustres como os juízes do Supremo Tribunal Federal. Isto é aberrante numa regime democrático, pois representa a invasão do executivo no judiciário, que deve pairar soberano sobre tudo. É uma nítida invasão com choque dos poderes que sustentam uma democracia.
Eu era estudante universitário em 1964 e em 1967 já era professor universitário. Convivi com a ditadura enquanto estudante e como profissional. Sei dos traumatismos, dos medos, dos alunos dedo-duros da época que viam críticas aos militares em qualquer frase da gente na aula, dos serviços de segurança internos da universidade. Sei o quanto isso custou à minha geração.
E hoje estou sentindo o mesmo receio, pois a privacidade de todos nós está sendo invadida no limite do insuportável.
Se a OAB, a CNBB,os sindicatos, as centrais de trabalhadores, os grêmios e centros acadêmicos, as igrejas, os profissionais liberais, os funcionários de qualquer nível, os escritores, poetas, jornalistas não protestarem a plenos pulmões, podem escrever : estamos caminhando em marcha batida rumo a um sistema ditadorial.
Foi assim antes. Será assim agora.
Lamento pelos meus filhos e netos.
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